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Berros nunca mais

Como não passar os dias a ralhar com os filhos ou constantemente a aplicar castigos.

Se lhe propusessem um desafio no fim do qual a sua relação com os seus filhos melhoraria muitíssimo, e que acabaria com o mal-estar que por vezes se sente em sua casa quando se vê obrigada a gritar para que lhe obedeçam, aderiria?

E se lhe dissessem que esta meta, que parece idílica, pode ser alcançada em menos de um mês, mais precisamente em 21 dias? Ficção científica? Milagre? Não. É mesmo possível.

O método é da autoria de Magda Gomes Dias, formadora nas áreas comportamentais e comunicacionais, com mais de 12 anos de experiência, e que possui certificação internacional em inteligência emocional, educação positiva e coaching, autora do blog ‘Mum’s the Boss’ e do site ParentalidadePositiva.com.

A coach, que além de tudo isto é mãe de duas crianças, quer entusiasmar os pais para estas temáticas e motivá-los a educar com base no respeito mútuo, desenvolvendo relações felizes e profundas. Acredita que devemos educar da cabeça para o coração e que a procura da felicidade deve ser o que nos move. No seu último livro, ‘Berra-me Baixo’, que sucede a ‘Crianças Felizes’, explica-lhe como deixar de gritar com o seu filho.

Comecemos pelo princípio. Terá de começar por ir à origem do problema e tentar identificar o que é que a leva a explodir. Em seguida, vai ser preciso analisar a vossa relação e munir-se de três ingredientes: firmeza, mimo e paciência. Partirá, então, para uma fase em que entrará ‘em estágio’ relativamente a todas as situações que a deixam fora de controlo, durante a qual terá de aprender a lidar com elas de uma forma mais madura e ponderada. Ao fim de quatro semanas, perceberá que, afinal, não foi assim tão complicado mudar, e o seu dia a dia passará a ser pautado por tranquilidade, podendo desenvolver com o(s) seu(s) filho(s) uma relação muito mais construtiva.

21 dias que vão mudar tudo

‘Berra-me Baixo’ está escrito num tom descontraído, no qual até a tratam por tu, tal e qual como se estivesse à conversa com uma amiga. Os conselhos que fornece são claros e os exercícios sugeridos, bastante práticos.

É essencial que a criança a quem queremos aplicar o desafio sinta que está a ser educada por um adulto, capaz de gerir as suas próprias emoções, e não por alguém que tem reações tão ou mais infantis do que as suas, que age por impulsos e desata aos berros, descontrolado.

A autorregulação que se espera que os pais consigam alcançar deve começar por uma autoanálise que permita identificar que comportamento devem adotar em cada situação. Em que devemos então pensar antes de gritar com uma criança? Porque é que vamos fazê-lo e em que circunstâncias é que isso costuma ocorrer. “Quando alguém grita connosco, o mais provável é termos uma de duas reações, ou atacamos ou defendemo-nos. Quando colocamos a criança a defender-se ou a agredir, ela não está a pensar, está, antes, a reagir. A empatia, ao nível da inteligência emocional, é das coisas mais importantes e implica adaptarmo-nos à linguagem do outro. Permite ainda que as crianças se sintam mais próximas dos pais”, explica Magda Gomes Dias.

Isto não quer dizer que não se possa ralhar. “A nossa missão enquanto pais também passa por ralhar, o que significa corrigir, reencaminhar e orientar a criança. É nesse sentido que se explica que é possível ralhar sem humilhar os mais novos, isto é, que é possível, e até necessário, ralhar sem gritar. As coisas confundem-se porque a maior parte das pessoas ralha a gritar. Se por ralhar entendes chamar à atenção, lembrar, mostrares-te desapontada com uma situação e a seguir orientares e indicares o comportamento do teu filho, então, por favor, continua a ralhar. Fica a saber, no entanto, que não tens de o fazer a gritar ou agressivamente, mas também não tens de o fazer num tom de voz que nada tenha que ver com a situação”, esclarece.

Calma acima de tudo

As crianças só tirarão benefícios de ter pais capazes de gerir as suas ações e de acalmar os seus nervos. Ao falar calmamente com o seu filho, estará a dar-lhe a possibilidade de pensar na asneira que fez, mas também de se sentir disposto a colaborar consigo, porque se sente mais próximo e mais tranquilo.

Não garantindo que nunca mais vai dar dois berros num momento de stress ou tensão, este método promete melhorar o ambiente geral em sua casa, não só com as crianças mas até com o seu marido, porque um ambiente barulhento e tenso acaba por influenciar toda a família.

Baixemos então o volume da voz, o que até vai poupar-nos a garganta, mas isso não basta. De nada adianta estar com uma voz sereníssima se o nosso tom ou a expressão facial são de ameaça. O que não implica que não possa mostrar que não está satisfeita. “Os pais têm de se mostrar zangados quando estão zangados. A nossa função não é a de convencer os miúdos a pararem de fazer asneiras, mas sim explicar as regras. É preciso enunciar e explicar as regras e só depois introduzir a consequência.

Quando acionas o ‘comando da voz calma’, ajudas as crianças a acalmarem-se. Sentem que têm um adulto sereno e consciente junto delas. E que não faz birras. Os pais e os educadores são os modelos mais importantes que as crianças podem ter, pelo que a voz calma dar-lhes-á esse mote”, desenvolve a coach.

E que consequência é essa? É a mesma coisa que um castigo? Não, porque os castigos normalmente nada têm a ver com a situação em si. Têm apenas o objetivo de fazer com que a criança sofra e se sinta mal com determinada escolha, porque muitos pais acreditam que recorrendo a esse sentimento de mal-estar vão dissuadir o filho de querer repetir a ‘gracinha’, o que nem sempre acontece.

Ao invés, atribuir uma consequência responsabiliza a criança e tem o objetivo de a fazer perceber o impacto do que fez e querer reparar a situação. Fazê-la sofrer não é, de todo, necessário. “Quando os pais têm um vínculo forte com os filhos, estes estão mais dispostos a cooperar com eles. Os filhos obedientes são aqueles que não têm vontade própria, que não pensam sobre as coisas, já os cooperantes escolhem cooperar em consideração pelos pais”, garante a especialista.

Qual deverá, então, ser o seu objetivo? Criar filhos que se sintam mais próximos de si, apoiados, que não tenham medo de ir falar consigo. Em suma, emocionalmente mais seguros, com uma maior autoestima e, em consequência disso, mais felizes. E o que é que nos faz mais felizes do que a felicidade dos nossos filhos? Nada. Aceita o desafio?

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