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“Há muito que sonhava fazer a mítica Route 66”

Se partilha do mesmo sonho que a jornalista Helena Coelho, leia este testemunho e faça-se à estrada.

Helena Coelho, jornalista, sonhava fazer a mítica estrada americana. O sonho foi-se alimentando de poderosas reportagens que via em revistas como a Visão. “O desejo tornou-se muito claro quando trabalhava na Visão e o então diretor da revista, Cáceres Monteiro, fez uma série de grandes reportagens dessa longa travessia americana”.

Em junho de 2016 foi a altura ideal para Helena pegar em três amigos e fazer-se à estrada.

Se também tem o sonho de explorar a Route 66, que tem início em Chicago (estado de Illinois) e estende-se até Los Angeles (estado da Califórnia), leia este testemunho, confira as paragens obrigatórias que lhe deixamos na LuxWOMAN de janeiro, agora nas bancas, e inspire-se!

Como surgiu a ideia de fazer esta estrada? Era um desejo antigo?

Sim, há muito que sonhava fazer uma viagem pela mítica Route 66. O desejo tornou-se muito claro quando trabalhava na Visão e o então diretor da revista, Cáceres Monteiro, fez uma série de grandes reportagens dessa longa travessia americana. Os textos e fotos fabulosas que ele publicou nessa altura, nos anos 90, despertaram a minha curiosidade e, desde então, fui sempre alimentando a vontade de me fazer à estrada e acompanhando os relatos de quem a percorria. A oportunidade surgiu em 2016. Estava de saída de um projeto profissional e sabia que, na fase de transição, teria tempo para uma viagem mais longa. Juntei-me então a três amigos que tinham o mesmo sonho de fazer a ‘mother road’ da América e, a 3 de Junho, estávamos a voar para Chicago, onde começou a nossa aventura de quase um mês.

A Route 66 é a ‘road trip’ de uma vida, uma aventura.

O que sentiu ao percorrer a estrada? Foi como estar num filme de Hollywood?

A estrada é longa, velha e tem já perto de 20% dos troços desativados. Atravessámos cerca de quatro mil quilómetros, três fusos horários e oito estados, sendo que só fizemos os primeiros sete (Illinois, Missouri, Kansas, Oklahoma, Texas, Novo México e Arizona) pela Route 66 – em vez de terminar nas praias da Califórnia, fizemos um desvio pelo estado do Nevada, para acabar em Las Vegas. O mais surpreendente à medida que avançámos pelo país foi perceber a diversidade e os contrastes na paisagem, cultura, pessoas, sotaques, regras, tudo! E, sim, é inevitável aquela sensação de que estamos a viver um filme de Hollywood, com todos os perigos e surpresas. Encontramos tudo o que faz parte do nosso imaginário norte-americano.

Foi de carro ou de mota?

De carro. Infelizmente não foi um Mustang ou outro clássico… Mas encontram-se muitos na estrada, bem como motas. Até porque os americanos estão a voltar às ‘road trips’.

Quais foram os principais desafios?

Primeiro, garantir que não nos perdíamos. A Route 66 já não faz parte da rede oficial de estradas dos EUA e, por isso, também não surge no GPS. O melhor guia para esta estrada é o ‘EZ66 Guide for Travelers’, um caderno de argolas muito detalhado que se compra nos museus ou lojas de estrada por 20 dólares. Outro desafio: resistir ao calor, sobretudo a partir do Texas. Naquela altura do ano, as temperaturas superam largamente os 40 graus… à sombra. Pior é conseguir beber uma cerveja fresca em alguns estados onde o álcool tem fortes restrições de venda ou resistir às doses XXL de comida e bebida.

Do que é que gostou mais?

“Além da emoção da própria estrada, e dos sítios e pessoas únicas que fomos conhecendo em cada paragem, houve locais que me marcaram bastante. Foi o caso dos parques nacionais, como os do Grand Canyon, do Painted Desert e da Petrified Forrest, que são de tirar o fôlego. Mas também todos os motéis históricos onde ficámos, os capitólios de alguns estados, as vibrantes cidades de Chicago, Oklahoma ou Santa Fé, ou mesmo o ‘kitsch’ que se encontra em muitos ‘diners’, lojas ou museus que são uma espécie de máquina do tempo. Deu para sentir o ‘american way of life’.

E menos?

Foi complicado andar quase um mês sem conseguir comer peixe, sobretudo no interior do país. Felizmente, não falta carne e de boa qualidade. Pior foi não ter tido mais tempo para me demorar em mais sítios ou em fazer alguns desvios maiores em alguns estados.

Quais são, na sua opinião, os verdadeiros incontornáveis?

É difícil fazer uma seleção entre tantos pontos de visita obrigatória. Mas ninguém pode perder a hipótese de comer num ‘diner’, de dormir nos históricos motéis de estrada (Elvis esteve mesmo em alguns!) ou de visitar antigos postos de abastecimento abandonados. Há depois pontos icónicos que valem a paragem: tomar o pequeno-almoço no Lou Mitchells’s, em Chicago; visitar a fábrica de ‘maple syrup’, em Funks Grove; atravessar o Mississipi a pé pela ponte de ferro Chain of Rocks; passar pelo velho tribunal de Sant Louis e revisitar memórias da escravatura; visitar o Capitólio de Oklahoma e o memorial das vítimas do atentado na cidade; tentar comer um bife de dois quilos no Big Texan; visitar o Cadillac Ranch, em Amarillo; parar no MidPoint, que marca o meio da Route 66; dormir em ‘tee pees’ no Arizona; e descobrir gigantes à beira da estrada, como os homens ‘muffler’, a cadeira de baloiço que entrou no Guiness ou desproporcionadas garrafas de leite e de Coca-Cola. E, claro, os grandes parques nacionais.”

Quanto tempo aconselha, para se desfrutar verdadeiramente do percurso?

Diria que três semanas é o mínimo aconselhável. Menos que isso, obriga a prescindir de muitas paragens.

Quer voltar?

Claro! A Route 66 é a ‘road trip’ de uma vida, uma aventura. E deixou-me com vontade de voltar ao país para fazer outras estradas, conhecer outros estados. Uma delas, por exemplo, é a Pacific Highway, que faz toda a costa da Califórnia.

Ficou alguma coisa por ver?

Muitas… mas é sempre uma boa razão para voltar.

Uma banda sonora para acompanhar a viagem?

‘Get your kicks on Route 66’, de Nat King Cole, é um bom ponto de partida para uma ‘playlist’ onde não podem faltar rock, jazz ou blues. Mas depende do gosto e do estado de espírito de cada viajante. E, quando se vai de carro, também vale a pena sintonizar algumas estações de rádio locais.

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