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Há uma (c)obra de arte na Pensão Amor

Durante um ano, a fachada do edifício terá um novo inquilino artístico.

A partir de agora, quando passar na Rua Nova do Carvalho, a famosa rua cor-de-rosa do Cais do Sodré, em Lisboa, irá deparar-se com um réptil a serpentear por lá. Chama-se Mamba-de-Jameson e trata-se de uma instalação artística que habitará, durante um ano, as fachadas da Pensão Amor.

Da autoria de quatro artistas femininas – Ana Velez, Joana Gomes, Xana Sousa e Maria Sassetti Costa, fundadoras do Atelier Contencioso, esta é uma (c)obra inspirada no lema ‘Sine Metu’ (“sem medo”, em latim) do whisky Jameson, que se baseia na procura por novas experiências e aventuras.

A Pensão Amor, promotora do projeto, é uma recriação dos antigos bordéis lisboetas e representa o espírito jovem contemporâneo e o revivalismo histórico do Cais do Sodré, entre o burlesco e o decadente.

Reza a lenda da Mamba-de-Jameson que, nos tempos em que o Tejo chegava até ao largo de São Paulo, era famoso em Lisboa um marinheiro irlandês, de seu nome Thomas, graças a uma bebida que trazia consigo e que todos diziam ter a magia da felicidade.

Com receio de que a bebida acabasse, os homens apressaram-se a espalhar o mito de que se alguma mulher tomasse um só trago, choraria o resto da vida. A meretriz Destemida não acreditou na história e, mal se cruzou com irlandês, exigiu a sua parte. Dali nasceu uma cega paixão. Durante semanas ninguém viu nenhum dos dois até ao dia em que Destemida, ao acordar, encontra vazia a metade da cama. Enlouqueceu. No desespero, Destemida transforma-se em escamas e penas e vai por mar e ar em busca do seu marinheiro.

Andou 140 luas pelo mundo numa procura vã e, quando desistiu, as escamas e as penas reuniram-se no Tejo formando uma cobra Mamba-de-Jameson que deslizou pelas árvores do cais até se enrolar ao quarto da pensão onde se amaram.

A obra será inaugurada esta quarta-feira, dia 14 de setembro, pelas 19h30, e contará com a presença das próprias artistas.

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