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Legislativas no feminino: Teresa Caeiro

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É já este domingo que Portugal vai às urnas em mais umas eleições legislativas.

A LuxWOMAN enviou um questionário com as mesmas 25 perguntas a cinco candidatas a deputadas e ao longo desta semana deu-lhe a conhecer as suas respostas.

Se já leu as de Catarina Martins (BE), Isabel Moreira (PS), Maria Luís Albuquerque (PSD) e Rita Rato (PCP), hoje é dia de ficar a conhecer a posição de Teresa Caeiro, do CDS-PP.

1. O que é a política para si?

É ouvir, ver, perceber e tentar antecipar as necessidades de uma população. E, no contexto existente, com os recursos disponíveis e antevendo os impactos futuros, pensar em soluções e apresentar propostas para proporcionar o melhor bem-estar ao maior número de pessoas possível. É tudo isto, tendo em conta que fazer política exige fazer escolhas. E que, na maior parte das vezes, só podemos alcançar o possível e não o ideal. É um grande exercício de humildade e de persistência, considerando o que se exige dos políticos e o que eles, de facto, podem dar.

2. Como é que chegou à carreira política?

Cheguei quase por acaso. Fiz o estágio de advocacia na sociedade de advogados de Pedro Rebelo de Sousa e Luís Nobre Guedes, que tinha a avença com O Independente. Durante quase dois anos, ocupei-me quase exclusivamente da defesa jurídica nos processos de liberdade de imprensa que eram interpostos contra o jornal. Foi nessa altura (1993) que conheci Paulo Portas, então diretor. Quando, nas legislativas de 1995, o CDS cresce de quatro para 15 deputados, entre os quais o próprio Paulo Portas, sou convidada para assessora jurídica do Grupo Parlamentar. A partir daí, cresceu o meu interesse pela política e começou o envolvimento partidário ativo.

3. Quer ser deputada para…

Para ser os olhos e os ouvidos das preocupações da população e a sua voz no órgão de soberania que as representa: o Parlamento. Considero que é uma extraordinária honra e simultaneamente uma imensa responsabilidade representar os cidadãos na casa da democracia e tenho consciência disso rigorosamente todos os dias. Contribuir para a preservação do sistema democrático que, apesar das suas falhas, é o mais próximo do ideal para qualquer sociedade é extremamente gratificante.

Respondendo à sua pergunta: muito dificilmente conseguiria viver com o SMN

4. Está neste partido porque…

Porque o CDS é, neste momento, e sem qualquer sombra de dúvida, o partido com o qual me identifico: um partido de centro-direita, que acolhe e aceita naturalmente várias correntes (umas mais democratas cristãs, outras mais conservadoras, outras mais liberais), mas que tem um núcleo de valores identitários nos quais todos nos revemos. Nomeadamente, uma defesa intransigente das liberdades individuais, da igualdade de oportunidades, de uma opção preferencial pelos mais vulneráveis, de uma preocupação com o legado que vamos deixar às próximas gerações e na valorização do mérito, do esforço, da integridade e do trabalho. Porque é um partido que acredita no chamado “elevador social” e se empenha na mobilidade social: o Estado tem a obrigação de garantir que haja justiça e equidade na “casa de partida” para que ninguém fique objetivamente prejudicado na sua realização pessoal, na medida das suas capacidades.

(…) não acredito no coletivismo e na inerente falta de confiança no indivíduo; não acredito no preconceito de base em relação à iniciativa privada e à prosperidade; não acredito na negação perante a realidade, nem no revisionismo utópico.

5. Como é que vê as iniciativas dos cidadãos independentes e os novos partidos que apareceram nos últimos tempos?

Vejo com toda a naturalidade e considero bem-vindos todos os contributos para o desenvolvimento e a maturidade da política, independentemente da sua orientação ideológica. Desde que respeitem os valores estruturantes da Democracia e contribuam para combater qualquer tipo de radicalismo.

6. Ser de esquerda é…?

Há várias esquerdas e as mais radicais só trouxeram miséria, retrocesso e repressão. Sei que nunca serei de esquerda porque – não pondo em causa a boa-fé ou a convicção de quem defende políticas de esquerda – não acredito no igualitarismo; não acredito no excesso de Estado; não acredito no coletivismo e na inerente falta de confiança no indivíduo; não acredito no preconceito de base em relação à iniciativa privada e à prosperidade; não acredito na negação perante a realidade, nem no revisionismo utópico.

7. Ser de direita é…?

Mais uma vez, há várias direitas. Repudio com todas as minhas forças a direita radical – como, aliás, repudio qualquer radicalismo. Também não me revejo nas direitas “neoliberais”, nem no capitalismo desregulado ou nas direitas reacionárias. A direita em que acredito, muito em particular a democrata cristã, foi aquela que gerou desenvolvimento e prosperidade sem precedentes, nomeadamente na Europa do século XX. Precisaria de muito mais espaço, mas para sintetizar aquilo em que acredito: que a cada direito corresponde um dever; a cada oportunidade corresponde uma obrigação e a cada liberdade, uma responsabilidade acrescida. Acredito no valor insubstituível das liberdades individuais e no papel do Estado para garantir a igualdade de oportunidades. Acredito na ética, na honradez, no mérito, no esforço e no trabalho. Acredito que só gerando riqueza é que se pode distribuir a riqueza, mas que a criação de riqueza tem de ser regulada. Acredito que fugir à realidade não é solução e que decisões irresponsáveis se pagam muito caro. E sei que o pior inimigo da proteção social é um Estado falido.

8. Ainda fazem sentido estas distinções?

Fazem. Às vezes parece que não, mas fazem!

9. Conseguiria viver só com o salário mínimo português? Como é que faria?

O salário mínimo em Portugal é baixo. Assim como são muitos ordenados, infelizmente. Mas aqui está uma questão em que o Estado intervém – e bem – para atenuar as disparidades: 55% dos agregados familiares estão isentos de pagar IRS. Por outro lado, e apesar do contexto tão difícil por que passamos, este Governo conseguiu negociar o aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN) de 485 para 505 euros. Convém lembrar que é o setor privado que paga estes salários, fazendo com que haja capacidade por parte dos empresários para o fazerem… quando estes atravessaram a crise que todos conhecemos. Volto a dizer: só criando riqueza é que se pode distribuir riqueza e finalmente estamos num rumo de crescimento económico. Respondendo à sua pergunta: muito dificilmente conseguiria viver com o SMN.

10. Conseguiria viver com um salário de mil euros? Como é que faria?

Acredite que vivi com mil euros até há poucos anos. Mas não tinha um filho, é certo. E isso faz muita diferença. Teria de me adaptar a viver com menos de metade do que ganho hoje em dia.

11. Como é que vê os estágios não remunerados?

Os estágios profissionais com mais de três meses são obrigatoriamente remunerados desde 2011. E bem. Lembro-me de ter feito o meu estágio de advocacia durante um ano e meio a ganhar 30 contos por mês (cerca de 120 euros)… e a trabalhar 12, 14 ou mais horas por dia. E fins de semana!

12. É preciso legislar a proteção dos recibos verdes?

Claro que é preciso regular os recibos verdes e, sobretudo, fiscalizar os “falsos recibos verdes”. O que é trabalho por conta de outrem tem de ser tratado como tal. Mas foram feitos progressos: foi criada a prestação social (“subsídio de desemprego”) para trabalhadores independentes e há maior agilização do escalão para o qual os trabalhadores independentes descontam.

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