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Na linha da frente da educação global

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A AID Global é uma associação em que a formação e a capacitação das pessoas é o ponto de partida para traçar o caminho para o desenvolvimento e a inclusão. A presidente e fundadora, Susana Damasceno, 41 anos, recusa a ideia de praticar o bem, diz que faz bem aquilo que faz.

“Sempre foi um fio condutor em tudo o que fiz. Enquanto professora, tentei sempre ser a melhor professora, porque era uma missão muito importante.”

Filha de delegados sindicais na época do PREC, diz ter herdado dos pais a motivação para fazer algo em prol de todos. “E, ao mesmo tempo, sou muito otimista e muito grata. Como cresci num sítio onde normalmente eu e a minha irmã tínhamos mais do que os outros – afetos, disponibilidade dos pais, comunicação, condições básicas preenchidas, como água e luz –, isso fez com que, sempre que olhava à minha volta, me sentisse uma privilegiada.”

O sítio era Camarate, nos arredores de Lisboa, “o único bairro que não era clandestino. Eu ia para a escola e via aquelas pessoas que vieram de África a viver em condições miseráveis.”

Consciência social desperta, Susana reconhece também nesta época que estudar é a chave para uma vida melhor. “A educação era fundamental no discurso lá em casa. A educação é a forma que nós temos de mudar o mundo. Essa frase foi muito presente na minha infância e na minha adolescência.”

Salto no tempo: Susana Damasceno torna-se professora e leva os alunos à ópera, ao teatro, a exposições, leva escritores para dentro da sala de aula.

Faz sair as crianças do Colégio de Santa Clara, da Casa Pia, do seu contexto. E pelo meio, conta-lhes as histórias das suas viagens “de turista de pé descalço” por países como Madagáscar, Quénia, São Tomé e Príncipe, Sri Lanka…

“Viajei por muitos lugares, mas nunca vi pobreza tão grande como em Moçambique. Eu também tinha o sonho exótico de ir para África ajudar. E fui para Chokwe, 20 dias para o Orfanato das Irmãs da Divina Providência de Conhane. Tínhamos uma faca e uma colher de pau, para as crianças todas.”

No último dia da sua missão, Susana encontrou uma freira a chorar na cama enquanto lia a história da Cinderela. Diz que foi nesse dia que sentiu uma espécie de balão dentro do peito que a fez telefonar para casa a agradecer aos pais a sua existência. “A responsabilidade de quem tem a informação que nós temos é de fazer alguma coisa. Não posso ter vivido o que vivi e não fazer nada com esse conhecimento.”

No regresso a Lisboa, fundou a AID Global, com o intuito de trabalhar no acesso à educação.

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