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Recuperação pós-parto: Barra e Pilates

Dizer ‘adeus’ ao baby weight numa experiência contada na primeira pessoa.

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A barra e a consciência corporal foram os meus grandes aliados na viagem da recuperação pós-parto. Durante um mês, quis saber o que o ballet fitness e o Pilates clínico poderiam fazer pelo meu corpo e descobri que, combinados, são o caminho perfeito para atingir o grande objetivo: voltar a estar em forma, de maneira saudável.

São 17h50 e já estou à porta do ginásio Vivafit de Linda-a-Velha. Ouço a música da aula de zumba, que ainda não acabou e precede a minha. No pequeno estúdio, a instrutora puxa pelas alunas, todas mulheres (o Vivafit é um ginásio exclusivamente feminino), e a energia espalha-se por toda a sala. Não resisto a bater o pé e fico com a respiração um pouco mais ofegante só de as ver aos pulos. Às 18h em ponto, a professora Maria chama para a aula seguinte: S.barre – Shape It. Seria a primeira vez que iria fazer exercício físico depois de ter sido mãe, há dois meses. Estava ansiosa e nervosa, não só porque nunca me tinha sentido tão em baixo de forma, mas também porque estava prestes a retomar exercícios que fiz durante alguns anos e dos quais, parecia-me, o corpo já se esquecera.

Alguns elementos de contextualização: não me considero uma fanática do exercício físico, mas estou longe de ser desleixada; encontro-me algures no meio. Gosto de estar ativa e de dar ‘trabalho’ aos músculos, para que não fiquem parados. De preferência, a dançar.

Nunca tive o sonho de ser bailarina de dança clássica, mas a vontade de colocar a dança como um dos pilares centrais da minha vida acompanha-me desde sempre. Nos últimos anos, esta paixão levou-me a explorar vários géneros, do Lyrical Jazz ao Hip Hop, passando pela Kizomba ou pela Contemporânea, com o recurso a muita técnica de ballet. Durante a gravidez, mantive algumas aulas até a barriga me obrigar a abrandar o ritmo e, por volta das 30 semanas, a parar. Agora, pronta para recuperar a forma e voltar às coreografias, não consegui ver melhor caminho do que o S.barre para o conseguir. Esta é uma modalidade que combina pilates, yoga e ballet, numa fusão de fitness, e que se insere na grande tendência que é o ballet fitness. E se eu sou fã disto! Se for verificar as fotos nas quais cliquei mais vezes no botão ‘gosto’ do Instagram, com certeza serão as de Mary Helen Bowers, bailarina, mãe de duas meninas e fundadora do Ballet Beautiful, um tipo de exercício que junta o “atleticismo e a graciosidade do ballet clássico”. Sou seguidora fiel, eu e mais 490 mil, que é mais ou menos o número de seguidores que Bowers tem só no Instagram.

De volta ao estúdio do Vivafit, concentro-me no frio na barriga. “De onde é que isto vem?”, penso. É um misto de ansiedade e vergonha de não estar à altura. “Vamos começar?”, pergunta a instrutora Maria. Sim, vamos, mas, antes, tomemos consciência.

Impaciente e, demasiadas vezes, imprudente, é como me defino quando estou perante um desafio desportivo. À medida que o tempo vai passando, ficamos a conhecer os nossos limites, é certo, mas também aprendemos que ultrapassá-los é (quase) sempre mais divertido e compensador. No entanto, na recuperação pós-parto, esta filosofia pode-nos pregar algumas partidas e o caso muda de figura.

Depois do grande dia, aquele em que mudou por completo a minha vida, deixei de confiar no meu corpo. Mesmo quando, em termos clínicos, nos dizem que tudo parece estar bem, o corpo torna-se um desconhecido. É como não conhecer os cantos à casa. Conhece a sensação? Não estou a falar apenas dos quilos a mais (que ainda persistem!). É uma sensação de estranheza, descontrolo e incompreensão corporal que nunca tinha sentido até então. Por mais que nos expliquem que é normal o corpo demorar a “ir ao lugar”, devido à avalanche de alterações que acontecem durante a gravidez, a verdade é que é muito difícil evitar a frustração por sentirmos que habitamos um corpo ‘mal educado’, que parece ter desaprendido todos os esforços que fizemos ao longo dos anos em salas de ginásio ou estúdios de dança. Foi, por isso, com impaciência que esperei os dois meses pela alta médica para poder iniciar o exercício, tempo que varia de acordo com o tipo de parto, normal ou cesariana. Algo me dizia que precisava de avançar com cautela e ouvir o meu corpo, mas como?

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