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Tudo o que precisa de saber sobre contraceção

Desengane-se se acha que já conhece tudo sobre este assunto. Há tendências, novos hábitos e alternativas que a poderão surpreender.

Existem milhares, senão milhões, de artigos e estudos sobre contraceção, gravidez e prevenção. Apesar de serem temas muito abordados, nunca é demais revisitá-los, especialmente porque se trata de uma área onde as metodologias se reinventam à velocidade da luz.

Para assinalar o Dia Mundial da Contraceção, esta segunda-feira, dia 26, convidámos um especialista para nos falar sobre o panorama atual nesta área da saúde e para esclarecer dúvidas que podem ainda persistir.

Sabe qual é o método contracetivo mais adequado para si? Acha que conhece todas as opções que existem em Portugal? Sabia que uma das tendências futuras, nesta área, não está centrada na mulher? Estas são algumas das perguntas que lançámos a Vítor M.M. Gomes, médico obstetra-ginecologista.

A pílula, o preservativo e o D.I.U (dispositivo intrauterino com cobre) estão sempre no ‘top of mind’ no que toca a anticoncecionais e são os métodos mais utilizados pelas portuguesas. Porém, hoje em dia, existem alternativas que ampliam as possibilidades de escolha, como é o caso do miniadesivo transdérmico. Não sabe do que se trata?

O progresso e a inovação estão presentes em qualquer área da saúde e a contraceção não é exceção. Existe, por isso, uma necessidade constante de informar e de estar informada. Tendências, estatísticas, hábitos, métodos de utilização, vantagens e desvantagens são dados cruciais que ajudam as mulheres a decidir, face aos métodos disponíveis, qual o mais adequado para si.

Qual é o método de contraceção mais utilizado pelas mulheres portuguesas?

A frequência da escolha pelos diferentes métodos tem variado ligeiramente ao longo dos anos, sendo a pílula, o preservativo e o DIU os mais utilizados. A eficácia é ótima com qualquer tipo de contraceção hormonal, mas a pílula, pela facilidade e discrição do seu uso, associados a uma baixa dose hormonal e a uma previsível menstruação (regular, mensal), tem sido a opção mais frequente das mulheres, além de que é o método com a maior experiência.

Quais as tendências europeias?

Na Europa, a pílula contracetiva é o método mais popular, com utilização superior em França, cerca de 50%, e menor na Rússia e países Bálticos, que também são os países onde se reportou maior utilização de métodos tradicionais menos eficazes. Os dados Europeus indicam que a ausência de método contracetivo consistente é inferior a 30%. A utilização de métodos de longa duração, como o implante contracetivo, injetáveis, dispositivo intrauterino hormonal e com cobre, é mencionada em cerca de 10% das mulheres Europeias, sobretudo após os 30 anos.

Que métodos estão hoje disponíveis em Portugal?

Atualmente estão disponíveis diversos métodos contracetivos, nomeadamente a pílula (constituída por diferentes combinações hormonais e em diversos regimes), o anel vaginal, o sistema transdérmico, o implante subcutâneo, o método injetável, os dispositivos intrauterinos, com cobre e medicados com hormonas, os preservativos e os métodos de contraceção definitiva.

O foco em contraceção dos próximos anos volta-se para a investigação de métodos para uso pela população masculina

Qual é o mais eficaz? E o menos eficaz?

A eficácia dos métodos de contraceção depende essencialmente da regularidade da respetiva utilização e se estão adaptados ao estilo de vida, espectativas e perfil da mulher. No geral, sabe-se que a pílula, tal como o anel vaginal e o miniadesivo transdérmico, o DIU/SIU e o implante hormonal oferecem uma ótima eficácia (99%).

Qual é o mais inovador?

A inovação faz parte da contraceção, como de qualquer outra área da saúde, pelo que existe uma necessidade constante de informar e ser informado. Hábitos, tendências, estatísticas são dados importantes que ajudam a mulher a decidir face às inovações e a novos métodos contracetivos. Provavelmente, apesar de Portugal ter uma das maiores taxas de cobertura em contraceção, temos algumas dúvidas que as mulheres se encontrem bem informadas sobre as novas alternativas de contraceção hormonal não diária, como seja sobre o mais recente miniadesivo contracetivo transdérmico. Este método apresenta-se com uma tecnologia inovadora com a libertação, em cada 24 horas, duma baixa dose hormonal (equivalente a uma pílula de baixa dosagem). É uma versão transparente, mais pequena, com um diâmetro de 3,74 cm. A sua utilização é bastante prática, pois só exige uma aplicação semanal do miniadesivo durante 3 semanas consecutivas seguidas de uma semana sem adesivo.

Estão na calha outras tendências?

O foco em contraceção dos próximos anos volta-se para a investigação de métodos para uso pela população masculina, bem como a escolha de métodos menos dependentes dos utilizadores, reversíveis, mas de longa duração (http://www.contracecaolongaduracao.pt/).

O que têm as mulheres/os casais de ter em conta na altura de decidir qual o método mais adequado?

A contraceção é um dos temas com maior impacto na vida da mulher e com grandes implicações sociológicas, uma vez que afeta a natalidade, influencia o comportamento sexual dos casais e permite o controlo sobre o planeamento da sua família. Os aspetos a ter em conta serão: a idade, o estado de saúde, a cultura e crenças religiosas; os objetivos em termos de planeamento familiar, o mecanismo de ação dos vários métodos, a sua eficácia contracetiva, os efeitos indesejáveis e os potenciais benefícios não contracetivos oferecidos por alguns tipos de métodos.

70% das adolescentes e 65% das mulheres com idades entre os 20 e 29 anos, tinham tido educação sexual nas escolas portuguesas

A quem se deve recorrer, em primeira instância, em caso de dúvida nestas matérias?

Atualmente está comprovado que as mulheres de faixa etária mais elevada, entre os 30 e os 40 anos, privilegiam a informação veiculada pelo médico de família e pelo ginecologista, enquanto as mais jovens procuram a informação na internet e dada por colegas/amigos. O aconselhamento ou o esclarecimento de dúvidas deverá ser sempre feito junto de profissionais de saúde competentes na informa¬ção prestada sobre a forma correta de utilização, eficácia, vantagens e desvantagens, efeitos secundários, riscos e benefícios não contracetivos dos diferentes métodos.

Atualmente, qual é a percentagem de alunos que tem acesso a educação sexual nas escolas? Considera esta uma medida eficaz na consciencialização da importância e dos vários tipos de contraceção?

Num recente estudo da Sociedade Portuguesa da Contraceção, 70% das adolescentes e 65% das mulheres com idades entre os 20 e 29 anos, tinham tido educação sexual nas escolas portuguesas. A educação sexual em meio escolar é uma oportunidade para a educação. Permite trabalhar, com os alunos, vetores fundamentais como o conhecimento e a informação. O aconselhamento é fundamental para uma escolha adequada e uma boa adesão ao método de contraceção. O cidadão deve ser informado corretamente e de forma clara sobre os métodos de contraceção disponíveis para escolher de acordo com a sua condição de saúde, as suas necessidades e as suas expectativas.

Onde se devem adquirir os contracetivos?

A prescrição e aquisição podem ser feitas, de modo gratuito, nas consultas dos Centros de Saúde, ou com comparticipação, através de receita médica do médico assistente / família ou ginecologista e compra na farmácia.

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