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Amamentar diminui o risco de desenvolver cancro da mama. Falámos com o pediatra Hugo Rodrigues

Com o objetivo de mobilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama, nasceu nos Estados Unidos da América, na década de 90, o “outubro rosa”. Outubro já passou, mas a LuxWoman acredita que este tema deve ser relembrado o ano inteiro. Comprovado cientificamente de que a amamentação diminui os riscos de cancro da mama, estivemos à conversa com o pediatra Hugo Rodrigues. 

É na rede social Tik Tok que Hugo Rodrigues, conhecido pela comunidade digital como @pediatria.para.todos, descomplica a pediatria. Com uma linguagem simples, o objetivo do pediatra é ajudar os pais e aconselhá-los nos mais diversos temas relacionados com os seus filhos, desde “O meu filho tem febre: devo ir à urgência?” a “Nuggets Saudáveis com Arroz de Tomate”. Defensor do bem-estar da mãe e da mulher, e porque acredita que as famílias devem passar mais tempo juntas, recentemente promoveu um abaixo-assinado para que o horário reduzido das mães aumente para 2 anos, estejam estas a amamentar ou não.

Hugo Rodrigues, pediatra

Hugo Rodrigues, pediatra

Numa conversa com a LuxWoman, o pediatra explorou mais sobre os benefícios da amamentação, o cancro da mama e o abaixo-assinado que promoveu recentemente.

Está comprovado cientificamente de que a amamentação diminui os riscos de cancro da mama. De que forma?

Sim, a amamentação parece reduzir o risco de cancro da mama através de diversas formas. A primeira, prende-se com a redução de alguma exposição hormonal, o que ajuda a diminuir os efeitos nocivos que podem surgir dessa exposição. Por outro lado, estimula também uma maior diferenciação das células do tecido mamário, reduzindo os riscos de uma diferenciação maligna. Para além disso, durante a amamentação há uma maior renovação celular, diminuindo a probabilidade de surgirem células com alterações cancerígenas.

Que outros benefícios tem para as mães?

Sim, os benefícios da amamentação são diversos. Alguns dos principais são os seguintes: reduz também o risco de cancro do ovário, facilita a recuperação no pós-parto, diminuindo o risco de hemorragia; ajuda a recuperar o peso no pós-parto, promove uma maior vinculação com o bebé, promove bem-estar e é mais prático e económico.

Durante quanto tempo devem os bebés ser alimentados com leite materno?

Não existe nenhuma idade “máxima” ou “limite” para a amamentação. Os principais marcos são os seguintes:

  • até aos 6 meses deve-se manter, sempre que possível, uma amamentação exclusiva;
  • até ao ano de idade os bebés introduzem muitos alimentos na sua alimentação e têm grandes aquisições em termos de desenvolvimento, pelo que é aconselhado manter também o aleitamento materno;
  • a partir do ano de idade continuam a haver benefícios com o aleitamento materno, pelo que este deve ser mantido enquanto for essa a vontade da mãe, da criança e da família (as recomendações atuais falam em tentar, se possível, manter até aos 2-3 anos).

Que outras medidas podem ser preventivas do cancro da mama?

Há algumas medidas importantes, como o autoexame mamário e o cumprimento dos programas de rastreio, sempre adequados à história familiar. Para além disso, os estilos de vida saudáveis, com cuidados na alimentação, prática regular de exercício físico e a evicção do consumo de substâncias nocivas (álcool e tabaco, por exemplo), são sempre importantes como medidas preventivas de qualquer tipo de cancro.

Como deve ser a abordagem sobre o cancro com os mais pequenos? Como se explica que a mãe ou o pai têm esta doença?

O primeiro conselho é ser honesto. Claro que se deve transmitir segurança, que é o aspeto mais importante para todas as crianças e o discurso deve ser adaptado ao nível de desenvolvimento da criança, mas a honestidade deve estar sempre presente.

O segundo tem a ver com a carga emocional. É lógico que só a palavra “cancro” tem um peso emocional muito grande, mas há interpretações que são mais dos adultos do que das crianças e deve ter-se o cuidado de não deixar passar para elas as preocupações e os receios dos adultos.

Por fim, deve dar-se sempre espaço para dúvidas. Deixar as crianças colocarem questões é uma forma de as respeitar e incluir, mesmo em processos dolorosos e é algo a que elas devem ter direito.

Promoveu, recentemente, um abaixo-assinado para que o horário reduzido das mães aumente para 2 anos. Porquê? 

A atual lei tem como objetivo ajudar a promover o aleitamento materno e, nesse sentido, estipula a medida da redução de 2 horas por dia na carga horária semanal para todas as mães que amamentem e enquanto durar a amamentação. No entanto, a verdade é que todas as crianças necessitam de passar mais tempo com os pais, particularmente nos primeiros tempos de vida.

Os primeiros 1000 dias de vida dizem respeito à gravidez e aos primeiros dois anos e são uma altura-chave em termos de oportunidades para o desenvolvimento de todas as crianças. Por esse motivo, a presença assídua e genuína dos pais durante esse período reveste-se de particular importância em toda a saúde presente, mas também na programação da saúde (física, emocional, mental e social) futura dos seus filhos.

Nesse sentido, criei a petição “Mais tempo para todas as famílias”, de forma a poder dar resposta a essa necessidade e ir ao encontro de algo fundamental para todas as famílias: poderem passar mais tempo juntos.

@pediatria.para.todos PETIÇÃO PÚBLICA: MAIS TEMPO PARA TODAS AS FAMÍLIAS Todas as crianças precisam de passar tempo com os seus pais e isso é particularmente importante nos primeiros anos de vida. Assim, decidi criar este petição pública para rever o decreto que visa a proteção da maternidade e paternidade e que inclui, entre outros aspetos, a redução de duas horas por dia no horário das mães que amamentam enquanto durar a amamentação. O objetivo é reforçar a necessidade que TODAS as crianças necessitam de estar mais tempo com os seus pais, independentemente do facto de a mãe estar ou não a amamentar, pelo que a redução deveria ser para todas as crianças até aos 2 anos (1 cuidador por criança) e, depois dessa idade, manter-se-ia o que esta definido atualmente apenas para as mães que amamentam. Defendamos o superior interesse da criança e demos a todas o que elas mais necessitam: TEMPO COM OS PAIS! Assine, partilhe e ajude-nos a chegar à Assembleia da República! O link para assinar a petição esta nas stories e é o seguinte: https://peticaopublica.com/psign.aspx?pi=PT122234 #pediatriaparatodos #pediatria #pediatra #hugorodrigues #tempoemfamilia #peticao #assembleiadarepublica ♬ som original – Hugo Rodrigues

É isso que pretende, também, com a sua página @pediatria.para.todos?

Esta mensagem é fundamental e tenho utilizado as minhas redes sociais, como o TikTok, para a tentar potenciar, porque diz respeito a todas as famílias, e os canais digitais são, sem sombra de dúvida, a melhor forma de mobilizar a população de uma forma eficaz. Até porque só com uma adesão em massa se consegue implementar este tipo de mudanças que, em última análise, acaba por beneficiar a sociedade como um todo.

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