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Amo-te e Odeio-te!

“Amo-te”; “Não te quero”; “Quero mais tempo juntos” ; “Preciso de espaço”. Quantas vezes já dissemos e ouvimos estas frases dentro de um relacionamento?

Bem-vindos à “Ambivalência Relacional” – a experiência de pensamentos e sentimentos contraditórios – de amor e ódio, atração e nojo, excitação e medo, desprezo e inveja – em relação a alguém …

Quando falamos da relação com os nossos pais ou irmãos, sentimos a tensão entre as partes de nós que estão para sempre entrelaçadas com eles e as partes de nós que se querem separar. Já em relação aos filhos, aprendemos um Amor que nunca antes conhecemos e uma frustração sem igual que pode incitar pensamentos nocivos. 

Quanto aos amigos, sentimos muitas vezes que não os queremos ver, mas acabamos por nos sentir na obrigação de os convidar para o nosso casamento. Já o nosso parceiro ou parceira, diante de uma série de experiências, da toxicidade ao tédio, podemos ser atormentados pela pergunta “devo ficar ou devo ir?”. Queremos uma experiência de amor, apoio e segurança mútuos, mas não se isso tirar a nossa liberdade. Sentimo-nos presos no relacionamento, mas não queremos perder o que construímos juntos – um lar, família, um pequeno universo que às vezes parece o paraíso e, outras vezes, o inferno.

A ambivalência existe em todas as Relações, ainda que o nosso foco e tensão seja em relação ao amor romântico. Somos ensinados que o amor é incondicional, e que encontrar “o tal” deve tirar-nos todas as dúvidas. Mas os relacionamentos nunca são preto e branco. Aprendemos que o amor romântico deve inundar-nos de certeza e, portanto, não há espaço para ambivalência. Mas a ambivalência é tão intrínseca aos relacionamentos quanto o próprio amor.

O que acontece quando cometemos erros ou quando a pessoa que amamos se comporta de uma forma que não podemos tolerar? E quando o relacionamento fica manchado com mentiras, traição? De repente, recordamos que o amor pode doer profundamente. 

A ambivalência é desconfortável. Contradições que nos fazem duvidar dos nossos sentimentos e escolhas. Pode levar a pensar que falhamos. Um desconforto que nos faz almejar por certezas e forçar escolhas.

Que tipo de escolhas estamos perante?

  • Opção 1: Terminar o Relacionamento (qualquer tipo de Relação):

Esta é uma escolha em direção a um futuro igual e oposto à nossa realidade atual. Por exemplo, dizemos aos pais narcisistas que eles não estarão na vida dos seus netos ou ao irmão em dificuldades que não vamos mais apoiar os seus maus hábitos.

  • Opção 2: Ficar, mesmo que não nos pareça certo:

Seja porque sentimos que não merecemos mais, porque temos medo de ficar sozinhos ou porque sentimos que não temos escolha. Todos esses sentimentos dolorosos e complicados às vezes escondem-se sob a bandeira do “amor incondicional”.

É lindo dizer  “se me amasses, aceitarias-me totalmente”. Para mim amar é aceitar, só que aceitar não significa ficar sob coerção, manipulação, medo… Posso aceitar a minha família e parceiro e escolher que não quero mais ficar por perto.

E, pode também o Amor Incondicional ser um escape à falta de Amor Próprio.

  • Opção 3: Vivenciar a Ambivalência:

A ambivalência existe em todos os relacionamentos, só depende de quanto. Muitas vezes pensamos que precisamos resolver a tensão e chegar a uma resolução. Às vezes, sim (por exemplo, em casos de relacionamentos abusivos). Esta opção pede-nos para sentar com o sentimento de ambivalência. Parar de tentar justificar, parar de negociar e apenas vivenciar.

Podemos aceitar que podemos amar uma pessoa sem ter que amar cada parte dela? Esta é uma expectativa muito mais realista de amor e relacionamento romântico.

Talvez seja saudável, às vezes, não nos permitirmos gostar da pessoa que amamos. Talvez seja uma necessidade. Talvez a forma mais elevada de amor seja ter a capacidade de nos vermos a nós e aos outros, como imperfeitos e ainda assim nos termos em alta conta.

Será que somos capazes?

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Pode contactar a Sílvia através dos seguintes contactos:

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