

Aceitar que alguém nos dê dicas de como melhorar a nossa dinâmica familiar e de como devemos educar os nossos filhos, é algo que a maioria das pessoas não aceita com leveza. E por isso é que Carolina Vale Quaresma, terapeuta familiar e com mais de 15 anos de experiência com crianças e famílias, revela que quando os pais procuram a sua ajuda já se encontram num ponto muito grave e para lá dos limites.
“É rara a família que vem, por exemplo, para prevenir problemas de sono, problemas de comportamento. Essas são uma pequeníssima minoria. O que acontece é que muitas vezes as famílias quando vêm estão já num ponto de rutura muito grande. Enquanto família, não só a relação do casal já estar bastante afetada, mas também a relação com os próprios filhos. Ainda não temos a política de vir para prevenir.”, conta a terapeuta.
Com a missão de tornar as famílias mais felizes e com laços fortes de respeito através do equilíbrio entre amor e os limites. Carolina conta-nos como é que funciona a terapia que faz junto dos pais. Sim, dos pais e não dos filhos.
“Os pais são a base e os comportamentos das crianças acaba por ser a consequência dos comportamentos dos pais.”, afirma a terapeuta. Por isso é que a terapia é feita com os pais e não com os filhos. Normalmente, com a mãe e o pai ou só com um dos dois. Carolina diz que pode ainda fazer com uma avó, caso a mesma esteja mais integrada na família. “De qualquer forma são sempre os adultos que lidam com a criança. E é nisso que eu acredito e é isso que as famílias me têm mostrado cada vez mais.”
Existem dois tipos de acompanhamento, um de 5 semanas e outro de 6 meses. “Então, normalmente, não depende de família para família. Embora haja famílias que vêm para 5 semanas e depois querem aprender e saber mais e então acabam por ficar os próximos 6 meses”, diz-nos Carolina. De qualquer das formas, nas 5 semanas, a terapeuta já consegue garantir que a família resolve não só os problemas de sono, como também os problemas de comportamento. E se não resolver na totalidade, já absorve uma série de ferramentas para poder lidar com os desafios que lhes esperam. Para além disso, Carolina, disponibiliza ainda vídeos e acesso aos seus conteúdos durante mais tempo.
Quando a LuxWoman conversou com a terapeuta familiar pediu-lhe algumas dicas para lidar com as birras à hora da refeição e para criar uma rotina de sono eficaz.
Como evitar as birras à hora da refeição:
A refeição é talvez dos momentos mais problemáticos na dinâmica familiar, principalmente quando se tem crianças pequenas. Mas Carolina dá-lhe 5 dicas simples para conseguir tornar este momento mais harmonioso:
- Coma junto ao seu filho: Para além de lhe conseguir transmitir uma série de coisas, como é que as coisas se fazem ou são, também não concentra o seu olhar só na criança. Havendo assim conversas entre todos e não existindo a necessidade de a criança “fazer todos os disparates e mais alguns para chamar à atenção.”
- Evite o excesso de atenção: diretamente ligada com a primeira dica, esta é uma das coisas que Carolina mais chama a atenção dos pais. “O excesso de atenção é, normalmente, o que leva a que as crianças não consigam lidar com o facto de não terem o pai, a mãe ou os irmãos, a olhar para elas, a falar com elas.” Por isso, é que as crianças fazem mais birras.
- Crie um conjunto de regras à mesa: É muito importante a família ter uma regra ou um conjunto de regras à mesa. Por exemplo, normalmente as crianças tendem a fazer birra para não comer a sopa. Mas imaginemos que na creche come sem qualquer problema, neste caso Carolina aconselha a família a considerar a regra “de que primeira há sopa e se comer a sopa, muito bem, para comer o resto. Então esta é uma regra que tem de ser anunciada e deve ser levada a sério, que é para não haver jogos de poder”.
- Não obrigue o seu filho a comer: Quanto mais obrigamos as crianças a comer, menos elas têm vontade de o fazer. A dica da terapeuta nesta situação é que os pais ofereçam os alimentos diariamente, mas sem obrigar ou estar a insistir muito nisso.
- Nada de tecnologias ou outros artifícios: É muito comum vermos os pais a tentarem encerrar birras com tablets ou telemóveis, mas Carolina afirma com certeza de que esse não é o caminho mais correto. “Para além das desvantagens todas que tem, a nível alimentar não é nada positivo porque a criança acaba por comer muito mais e têm tendência a comer muito mais rápido, sem saborear. Nem percebem aquilo que estão a fazer.”
Como criar uma rotina de sono eficaz:
Formada nos Estados Unidos da América, em Sleep Consultant (Consultora no Sono), esta é também uma das áreas do domínio da terapeuta. Por isso, pedimos-lhe algumas dicas para criar uma rotina de sono mais eficaz:
- A criança tem de adormecer sozinha: A dica mais importante é esta. A criança conseguir dormir sozinha sem precisar da ajuda da mãe, do pai, do embalo, ou de outro artificio. “Uma criança que precisa de ajudas externar para adormecer, é uma criança que habitualmente faz birras de sono muito maiores, demora muito mais tempo a adormecer e dorme muito menos horas”, alerta Carolina. E isso só piora o estado da criança e o estado dos pais, porque tem de acordar sempre que o seu filho acordar para o ir adormecer.
- Os 5 passos: 5 a 10 minutos é o tempo de uma rotina de sono que Carolina considera limpa e impecável. Aqui a criança tem a noção de que sai do ambiente de brincadeira, por exemplo, e que vai para o quarto onde é hora de dormir. E aí começam os 5 passos:
- Baixar as luzes;
- Mudar a fralda ou vestir o pijama;
- Ler uma história ou cantar uma canção;
- Desligar as luzes definitivamente;
- Sair do quarto.
É de notar que não deve sair do quarto antes de desligar as luzes definitivamente. A ideia é que a criança não tenha noção de que está a ver a mãe a desaparecer do quarto.
Lembre-se que na hora de lidar com os seus filhos o caminho mais fácil a longo prazo se torna mais difícil. Por isso, menos é mais.
Para saber mais sobre a Carolina Vale Quaresma e o seu trabalho enquanto terapeuta familiar, consulte o seu site e as suas redes sociais (Instagram e Facebook). Pode ainda enviar um email para carolina@carolinavalequaresma.com