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Cancro da Próstata: vamos acabar com este tabu?

De acordo com dados da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, partilhados no início de 2022, o Cancro da Próstata é o tumor mais frequente nos homens e a terceira principal causa de morte. Esta doença silenciosa é, ainda, um tema tabu para a população masculina. Uma doença que faz parte da história da marca portuguesa Couto e da vida de Alexandra Matos Gomes da Silva, administradora da marca, que viu o marido Alberto Gomes da Silva – proprietário da marca- falecer em maio deste ano.

Assim, a Couto decidiu unir-se à Associação Portuguesa de Doentes da Próstata e criar a “Próstata Sem Tabus”, uma campanha de sensibilização que tem como objetivo trabalhar na prevenção desta doença através da consciencialização do grande público para a importância do diagnóstico atempado, uma vez que a deteção precoce pode fazer toda a diferença no curso da doença e no sucesso do tratamento.

 Coffret Próstata Sem Tabus

Coffret Próstata Sem Tabus. Este é composto pelo Couto after shave, o Couto creme de barbear, o creme desodorizante Couto e a icónica pasta dentífrica Couto (€24,74)

Para assinalar esta campanha foi, ainda, criado o coffret Próstata Sem Tabus, um produto de edição limitada que estará disponível até dia 30 de novembro, nas lojas física e online da Couto, S.A. No final do mês, a Couto doará 10% das vendas do coffret e dos produtos para a barba à APDP.

A LuxWoman falou com Alexandra Matos Gomes da Silva, Administradora da Couto S.A, e José Graça, vice-presidente da Associação Portuguesa de Doentes da Próstata, para perceber melhor esta doença, o que pode ser feito para deixar de a tratar com um tabu e que papel têm as companheiras/os. 

Alexandra Matos Gomes Da Silva, Administradora Couto S.A.

Visita à fábrica Couto 003

Como foi lidar com esta doença de tão perto?

Foi, obviamente, muito duro. As doenças da próstata são silenciosas e, potencialmente, muito perigosas. O complexo e o tabu fazem com que muitos homens recusem ou adiem o diagnóstico, muitas vezes até ser tarde demais e o meu marido não foi, infelizmente, exceção. Mas, o apelo que faço aos homens, é que não se esqueçam de quem fica e do quão duro é acompanhar o sofrimento e a partida de alguém que amamos. Se não for por si e pela sua saúde, que seja por aqueles que amam e que os amam a eles.

Partindo da sua experiência pessoal, que papel devem as companheiras/os assumir durante este processo?

Não há uma resposta perfeita, porque só ao lidar é que nos apercebemos do que nós próprias devemos fazer ou sentir. Cada caso é um caso e cada mulher/homem lida com ele da melhor forma que pode. Como tal, o melhor conselho que posso dar é: o mais importante é estar informado e sempre um passo à frente! O papel passa por conversar com os maridos ou parceiros, pais, irmãos, amigos sobre a importância do rastreio atempado, e sobre como a primeira linha de diagnóstico passa por um exame ao sangue, que não difere muito de fazer análises ao colesterol, por exemplo. Este é, para mim, o papel mais importante durante todo o processo, uma vez que se os homens tiverem uma atitude preventiva com a saúde, pode fazer toda a diferença nas suas vidas.

Qual o grande objetivo da campanha ‘Próstata Sem Tabus’?

As doenças da próstata são ainda um tabu em Portugal, não por causa da doença em si, mas por causa do exame. Os homens têm vergonha do exame. Como tal, quisemos desmistificar isso e sensibilizar as pessoas para o rastreio atempado, que é essencial para salvar vidas, de modo que não deixem que um tabu ou a vergonha se torne numa tragédia.

José Graça, vice-presidente da Associação Portuguesa de Doentes da Próstata

Dr. José Graça

Como se manifesta o cancro da próstata e quais as suas implicações?

O cancro da próstata é normalmente assintomático na fase inicial, o que leva muitas vezes a um diagnóstico tardio da doença, o que não só dificulta o tratamento, mas também contribui para a elevada taxa de mortalidade da doença. Os sintomas mais frequentes incluem dificuldade em urinar, micções dolorosas, urgência em urinar, necessidade de urinar frequente, inclusivamente durante o sono, dor ou desconforto na região pélvica e, em alguns casos, disfunção eréctil. O tipo e intensidade das queixas, contudo, dependem do estádio da doença. Nos casos em que há metástases, isto é, quando o tumor se espalhou para outros órgãos, podem existir sintomas completamente diferentes e não relacionados com o aparelho urinário, como dores nos ossos, fadiga e cansaço.

A que sinais devem estar os homens atentos? 

Alguns sinais incluem problemas urinários, nomeadamente a necessidade súbita de urinar, aumento da necessidade de micções durante a noite, demorar a começar a urinar, demorar muito tempo a urinar, dor ao urinar, ficar a pingar urina no final da micção, presença de sangue na urina ou sêmen, e, numa fase avançada da doença, dores nas áreas pélvica e ósseas que poderão ser indício de metástases. No entanto, é importante notar que esses sintomas podem ser causados por várias condições, e apenas exames médicos podem confirmar o diagnóstico.

Porque é um rastreio atempado é tão importante?

O rastreio atempado é crucial porque permite um diagnóstico precoce da doença, uma vez que, na maior parte dos casos o cancro da próstata numa fase inicial é normalmente assintomático e as queixas surgem já em estados avançados da doença. Os exames de diagnóstico permitem identificar a presença do tumor antes do aparecimento dos sintomas, avaliar o grau de progressão da doença e caracterizar o tumor.

Como é feito o primeiro exame?

O primeiro exame consiste normalmente numa análise ao sangue para determinar o nível de PSA (Antigénio Específico da Próstata – utiliza-se internacionalmente a sigla PSA, do inglês Prostate Specific Antigen). Também se recorre com frequência ao toque retal, que consiste na palpação da próstata para verificar o seu tamanho, consistência e eventual presença de nódulos ou áreas irregulares.

Há alguma forma de prevenção do cancro da próstata?

Embora não haja uma forma definitiva de prevenir o cancro da próstata, manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, prática regular de atividade física, não fumar, podem ajudar a reduzir o risco. Além disso, a deteção precoce por meio de exames de rotina é essencial.

Sabemos que este é ainda um tema tabu para os homens. Porquê?

O cancro da próstata no homem é equivalente ao cancro da mama na mulher. Porém, enquanto as mulheres dão facilmente a cara e o assumem publicamente, os homens, não!

Este é ainda considerado um tabu devido, principalmente, a estigmas associados e relacionados com a saúde sexual masculina e com a incontinência urinária, que causam um grande desconforto e dificuldades em discutir e assumir problemas relacionados com a próstata e a uma grande falta de consciencialização. Superar esses tabus é essencial para promover a prevenção e o diagnóstico precoce para ser possível um tratamento adequado.

É verdade que são as mulheres a tomar as rédeas? Porque é que isto acontece?

Em alguns casos, as mulheres desempenham um papel significativo na consciencialização sobre a saúde masculina, incluindo o cancro de próstata, incentivando os homens a realizar exames regulares e a adotar hábitos saudáveis. Isto pode ocorrer devido à comunicação mais aberta que as mulheres muitas vezes têm em relação à saúde.

O que deve ser feito para consciencializar os homens?

Campanhas de sensibilização, educação nas comunidades, divulgação de informações através dos meios de comunicação e iniciativas governamentais podem desempenhar um papel crucial na consciencialização sobre o cancro da próstata. Além disso, é fundamental desmistificar o cancro da próstata e promover ações de sensibilização para que os homens se sintam confortáveis em discutir a sua saúde e os levem a fazer exames regulares.

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