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Cancro do Ovário: oito em cada dez casos são diagnosticados numa fase avançada

Cerca de oito em cada dez casos de cancro do ovário, em Portugal, são diagnosticados numa fase avançada. Além da idade, o fator de risco mais exuberante no cancro do ovário é o genético: 20 a 25% de todos os cancros do ovário estão associados a um fator genético, como a mutação BRCA”.

No dia 8 de maio assinalou-se o Dia Mundial do Cancro do Ovário e foi lançada a campanha “Eu preferia saber…Que a mutação BRCA pode mudar a minha história” pela Secção Portuguesa de Ginecologia Oncológica (SPGO) da Sociedade Portuguesa de Ginecologia. A LuxWoman falou com Sofia Braga e Marina Vitorino, médicas oncologistas no Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra.

Sofia Braga, médica oncologista no Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra.

Sofia Braga, médica oncologista no Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra.

O cancro do ovário…

É a causa mais frequente de morte por tumores ginecológicos e corresponde a um grupo de neoplasias malignas que afetam as células dos ovários. Os carcinomas do ovário são muito diversos e variáveis, mas, a grande maioria destes tumores, cerca de 80 a 90%, têm origem no epitélio, que corresponde à camada de células que reveste os ovários. Mais precisamente, o cancro do ovário mais frequente e mais temido é o carcinoma seroso de alto grau. Raramente, pode haver desenvolvimento tumoral a partir das células estromais, como as células germinativas ou as do cordão sexual.

Perante um tumor nos ovários deve também ser considerada a hipótese de se tratar de metástases de um outro tumor. Os tumores do endométrio, mama, cólon, estômago e colo do útero são os que mais frequentemente metastizam para os ovários.

Oito em cada dez casos de cancro do ovário são diagnosticados numa fase avançada. Porque é que isto acontece?

O cancro do ovário tem uma evolução silenciosa, com sintomas parcos e pouco específicos. Na verdade, a presença de sintomas na fase inicial é rara e quando acontece é geralmente com sintomas ligeiros, como dor ou desconforto abdominal. São sintomas inespecíficos, podendo associar-se a outras doenças benignas ou malignas.

Para além disso, o cancro do ovário não tem um método de rastreio que se tenha demonstrado eficaz, ao contrário de outros cancros mais frequentes, como o cancro da mama ou o cancro colorretal. A avaliação imagiológica e a determinação do marcador tumoral Ca-125 apenas devem ser pedidas aquando da presença de sintomas suspeitos.

Tem sido difícil mudar este panorama, ou seja, diagnosticar carcinoma do ovário em fases precoces. Também é relevante referir que em idade pós-menopáusica, faixa etária onde é mais frequente o diagnóstico de cancro do ovário, a vigilância em consulta de Ginecologia é menos frequente, situação agravada também pela fase pandémica nos últimos anos.

O que deve ser feito para mudar este panorama?

O conhecimento, por parte de todas as mulheres, dos possíveis sintomas de alarme e a procura de ajuda médica precoce são os pilares para um diagnóstico mais célere e com maior probabilidade de cura.

Perante a suspeita de cancro do ovário devem ser pedidos exames de imagem (como ecografia, tomografia computorizada), análises de sangue, incluindo o marcador tumoral Ca-125. A confirmação do diagnóstico de cancro do ovário é apenas possível com a realização de uma biópsia, que pode ser feita de forma dirigida a uma lesão ou durante o ato cirúrgico.

Muitas doentes com carcinoma do ovário não têm o diagnóstico em biópsia antes da cirurgia, o que é bastante diferente da abordagem em praticamente todas as outras doenças oncológicas em que geralmente os doentes quando são operados já sabem que têm um cancro.

Marina Vitorino, médica oncologista no Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra.

Marina Vitorino, médica oncologista no Hospital Fernando da Fonseca- Amadora Sintra.

A que sintomas devem estar as mulheres atentas?

Alguns dos sintomas mais frequentemente associados ao cancro do ovário são: aumento do volume abdominal (“inchaço”), desconforto ou dor na região pélvica, falta de apetite, sensação de enfartamento após as refeições e perda de peso.

Outros sintomas que podem ocorrer são: cansaço permanente, aumento da frequência urinária ou alteração do trânsito intestinal (diarreia ou obstipação).

Quais os fatores de risco?

Os principais fatores de risco associados ao cancro do ovário são a idade superior a 55 anos, a história reprodutiva da mulher, a predisposição genética e a obesidade.

A menstruação precoce, a menopausa tardia e a ausência de gravidezes aumentam o risco de desenvolver cancro do ovário. Também o uso de terapêutica de substituição hormonal com estrogénios após a menopausa, pode associar-se a um maior risco.

A avaliação da história familiar é também importante, sendo que a presença de familiares com cancro do ovário, mama ou colorretal deverá fazer suspeitar de uma possível doença hereditária. A presença de mutações, como BRCA 1 e 2, aumenta o risco de desenvolver cancro do ovário.

Que comportamentos preventivos podem as mulheres adotar?

É fundamental que as mulheres estejam atentas a queixas diferentes do seu padrão habitual e que, na presença destas, recorram ao seu médico assistente para uma avaliação precoce.

Nunca é demais dizer que o mundo moderno se caracteriza por duas coisas que são muito negativas para a questão do cancro do ovário: por um lado, um aumento enorme da longevidade, hoje em dia aparecem doentes nos serviços de oncologia centenárias, e por outro a epidemia da obesidade. Por isso, adotar estilos de vida saudáveis, como a prática de exercício físico, a alimentação racional, a manutenção de peso adequado, a abstenção tabágica e alcoólica e a redução de stress e ansiedade fazem parte dos comportamentos preventivos a privilegiar.

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