Se foi ao Centro Comercial Colombo nos últimos dias não lhe devem ter passado despercebidos os 126 caracóis de variados tamanhos espalhados pela Praça Central. Inaugurada nesta segunda-feira, no Dia Mundial do Ambiente, a “REGENER’ART” – inserida no programa “A Arte Chegou ao Colombo” e com a curadoria e produção executiva da State of the Art (SOTA) – é uma inusitada exposição de caracóis gigantes, que pretende estimular o debate sobre a importância e o impacto ambiental da regeneração do plástico. Esta é a primeira vez que o coletivo artístico Cracking Art exibe em Portugal e a LuxWoman teve a oportunidade de falar com um dos membros, o Kicco, que marcou presença na inauguração.
Com mais de 500 das suas instalações de arte um pouco por todo o mundo, como a Bienal de Arte de Veneza, o HangangArtPark, na Coreia de Sul, ou o Festival Hecho en Casa, em Santiago de Chile. O que significa para o Cracking Art estar em Portugal?
Portugal é um sítio artístico, com muita alma e amor, e, para nós, este tipo de vibração é muito importante. Além disso, enquanto artistas, quando vamos a outro país é importante aprender algo novo que poderá ser útil para o futuro.
No geral, estamos habituadas a ver este tipo de exposições em locais tipicamente associados à cultura, como Museus. Porquê um Centro Comercial?
A escolha do Centro Comercial prendeu-se pelo facto de muita gente vir aqui e, normalmente, com um mood feliz. A nossa mensagem é universal, é para toda a gente. Por isso, este foi o sítio ideal para colocar a instalação. É importante passar mensagens importantes nestes locais e não só em museus.

O caracol surge como símbolo do renascimento, da regeneração e da melhoria da vida, sendo um dos animais mais significativos para o coletivo. Qual a relação deste animal com Portugal?
Os caracóis têm uma forte conexão com a terra, mas, estão sempre a subir e a olhar para o céu. Aqui, em Portugal, acontece o mesmo. Vocês têm uma grande conexão com a terra, mas olham para o mar e para algo que não conhecem. Estamos conectados com a terra, mas sonhamos voltados para o céu ou para o mar.
Para a mostra, são usados 80 caracóis pequenos, 40 médios e 6 grandes, com cores que vão do fúscia ao amarelo, numa instalação de arte imersiva que inclui as suas 16 colunas, criando um efeito 360° único. O que acontece a estas esculturas quando a exposição acaba?
Usamos para várias instalações, mais ou menos 78. Quando estas ficam “cansadas”, nós fazemos uma festa (risos), destruímos as esculturas e reciclamos o plástico para outras obras de arte.

Fundado em 1993, com a intenção de mudar radicalmente a história da arte através de um forte compromisso social e ambiental, o coletivo artístico Cracking Art celebra este ano o seu 30.º aniversário. O que representa este marco?
Primeiro de tudo, estamos muito felizes em estarmos vivos (risos). São muitos anos e, como somos um coletivo, com pessoas diferentes a trabalhar juntas, nem sempre é fácil. Mas quando se tem o mesmo projeto e as mesmas ideias, consegue-se trabalhar em conjunto. Por isso, trabalha em conjunto e não sozinho!
A sua mensagem para o mundo é?
Sonhar e Amar! É o mesmo projeto que nos anos 60, com os hippies, mas temos de o fazer de uma maneira diferente. Claro que temos de cuidar das plantas e dos animais, mas primeiro temos de cuidar de nós. Temos de perceber que temos de estar em paz connosco mesmo para depois partilhar positividade com os outros. Salva o Planeta, ao salvares-te a ti!

A mostra de 126 caracóis de variados tamanhos espalhados pela Praça Central do Colombo, bem como nas estações ferroviárias do Rossio e de Roma-Areeiro, está disponível até 3 de setembro e é de entrada gratuita, assinalando a 13.ª edição do projeto pioneiro do Colombo que contribui para a democratização da cultura.