[wlm_register_Passatempos]
Siga-nos
Topo

Cátia Lopo e Sara Almeida: “Uma criança inteligente emocionalmente será sempre mais capaz de enfrentar desafios”

“Torne o seu filho inteligente emocionalmente!” é o novo livro de Cátia Lopo e Sara Almeida, que tem como objetivo ajudar os pais a adquirirem estratégias para “compreender como funciona o mundo emocional das crianças e para facilitar o desenvolvimento da sua inteligência emocional”.

Psicólogas Clínicas, Cátia Lopo e Sara Almeida fundaram a Escola do Sentir com a missão de dar um ’empurrão’ para que as famílias tivessem um maior bem-estar emocional.  Recentemente, após vários anos de experiência clínica e de contacto direto com muitos pais e crianças, perceberam que “faltava um livro que, de forma simples, permitisse aos pais adquirir estratégias para compreender como funciona o mundo emocional das crianças e para facilitar o desenvolvimento da sua inteligência emocional”. Lançaram, então, o livro “Torne o seu filho inteligente emocionalmente!”.

Cátia Lopo e Sara Almeida

Cátia Lopo e Sara Almeida

A LuxWoman conversou com as autoras para descobrir mais sobre inteligência emocional e como podem os pais ensiná-la aos mais pequenos.

Depois de terem fundado a Escola do Sentir, lançaram recentemente o livro “Torne o seu filho inteligente emocionalmente!”. Porquê?

Após vários anos de experiência clínica e de contacto direto com muitos pais e muitas crianças, percebemos que faltava um livro que, de forma simples, permitisse aos pais adquirir estratégias para compreender como funciona o mundo emocional das crianças e para facilitar o desenvolvimento da sua inteligência emocional.

Este livro surge perante esta necessidade e pretende chegar ao coração de todos os pais e de todos aqueles que lidam com crianças. Para que, gradualmente, cada vez mais famílias consigam promover um crescimento emocional saudável a cada vez mais crianças.

Sendo que, o grande objetivo deste livro — repleto de estratégias práticas — , é levar os pais a agir, para que, passo a passo, enquanto o lêem, gerem transformações no seu interior e ganhem as ferramentas necessárias para tornar os seus filhos inteligentes emocionalmente.

Destina-se apenas a quem tem filhos ou os adultos podem tirar partido das dicas que estão presentes no livro?

Este é um livro escrito a pensar essencialmente nos pais e todos aqueles que lidam com crianças, por isso mesmo, as estratégias focam-se na parentalidade e na forma como as crianças lidam com as suas emoções. Ainda assim, é uma leitura que pode ser útil também aos adultos, uma vez que o livro permite viajar pela família, pelas emoções e pelas relações, sendo que nesse percurso criamos espaço para a reflexão e para a compreensão de alguns dos fenómenos que ocorrem com todos nós no nosso dia a dia quando se fala do nosso mundo interior, nomeadamente de as nossas emoções. Neste sentido, será sempre um caminho de crescimento, de autodescoberta, mesmo que não existam crianças por perto.

O que é a inteligência emocional?

A inteligência emocional representa a nossa capacidade de lidarmos com as nossas emoções e de, em paralelo, conseguirmos compreender e lidar com as emoções dos outros. Esta capacidade só existe num contínuo que engloba o autoconhecimento, a empatia e a capacidade de construir relações saudáveis e positivas.

Livro ""

Livro “Torne o seu filho inteligente emocionalmente!”. PVP: €16

Esta é ainda pouco utilizada? Porquê?

Porque tendemos a subestimar tudo aquilo que tem a ver com o nosso mundo emocional. Muitos de nós, ainda acreditamos que conseguir lidar com as emoções é uma competência que se vai adquirindo ao longo do desenvolvimento sem que ninguém precise de nos ensinar. E, por isso mesmo, existe a tendência a desvalorizar e deixar para segundo plano uma das aprendizagens mais importantes para nós próprios e que podemos dar às nossas crianças: a capacidade de olhar para as nossas emoções, de as compreender e de as gerir em tempo real!

Que consequência tem a desvalorização do nosso lado emocional?

Com o não investimento na educação emocional, à medida que se cresce, naquilo que toca às emoções, facilmente resvalamos para um ‘ponto morto’, muitas vezes difícil de ativar. Como se fosse sempre mais fácil ignorar aquilo que se passa dentro de nós — ou dentro dos outros, nomeadamente, das crianças —, olhamos para o medo e fingimos que não nos assusta, olhamos para a tristeza e atiramo-la para ‘debaixo do tapete’. Quando analisamos esta dinâmica, ela tende a empolar sempre que falamos de emoções que — à partida — consideramos que mostram o nosso pior lado, como por exemplo, a raiva. Fugimos da raiva porque ‘ter raiva é feio’, ‘ter raiva é coisa de pessoas más’, apesar de muitas vezes acreditarmos convictamente nisto, não podíamos estar mais enganados quanto à raiva! Não só a raiva não é coisa de pessoas más, como é absolutamente natural e protetora de cada um de nós.

Assim, é muito claro que as nossas emoções — incluindo, como não podia deixar de ser, a raiva — surgem como um sinal que indica que devemos estar atentos seja a coisas boas, seja a coisas más. Desta forma, todas as nossas emoções têm a função simples de nos levar a encontrar o nosso equilíbrio interno. Enquanto não tomarmos esta consciência acerca da função das emoções junto de nós, não há como darmos prioridade à inteligência emocional e darmos a esta competência um lugar de destaque no nosso dia a dia.

É algo que tem de ser trabalhado desde pequenos?

Sim, se queremos crianças inteligentes emocionalmente, devemos começar a investir na educação para as emoções desde muito cedo. Quanto mais cedo se introduzir uma linguagem com emoções, quanto mais cedo uma criança aprender que não há emoções negativas, aprender a identificar, expressar e gerir emoções, mais facilmente se tornará um adulto capaz e inteligente emocionalmente.

Toda esta aprendizagem começa desde muito cedo na interação pais-bebé e na qualidade das relações que a criança vai experienciando.

Ainda assim, é essencial tomarmos consciência que aprender a lidar com tudo o que se passa dentro de nós exige tempo e, tal como aprender a ler e a escrever, exige que alguém nos ensine. Claro que uma parte desta aprendizagem é feita no dia a dia, de forma fluida enquanto vemos os outros a lidar com as suas emoções, mas isso por si só, não é o suficiente. Precisamos começar a investir na educação emocional, só assim teremos as condições necessárias para assegurar a inteligência emocional e, por consequência, a saúde mental das nossas crianças.

Esta aprendizagem é fundamental porque fica claro que uma criança inteligente emocionalmente será sempre mais capaz de enfrentar desafios, mais confiante, mais tolerante à frustração e apta a criar relacionamentos saudáveis e positivos. Sendo que esta aprendizagem é sempre mais simples se for feita durante a infância.

Como podem os pais fazer isso?

Há três passos essenciais que permitem criar um caminho propício ao desenvolvimento da inteligência emocional nas crianças. São eles:

  1. Ser um modelo para as crianças e partilhar com elas tudo aquilo que sentimos — as crianças também aprendem muito através da observação de tudo aquilo que os adultos fazem, por isso, se os pais querem que os seus filhos sejam capazes de lidar com as suas emoções, precisam de ser capazes de enquanto pais e enquanto pessoas lidarem com as suas próprias emoções. Ao deixarmos fluir as nossas emoções e ao conversarmos com as crianças sobre tudo aquilo que sentimos, estabelecemos uma ponte de cumplicidade e abrimos espaço para, aos poucos, a própria criança começar a deixar fluir e a partilhar aquilo que está a vivenciar de forma mais livre e espontânea.
  2. Dar espaço para que as crianças identifiquem e partilhem tudo aquilo que sentem — mesmo que de forma menos clara e concreta é essencial que as crianças aprendam a expressar tudo aquilo que sentem, seja pela palavra, pelo desenho, ou através de outras atividades. Não nos esqueçamos que é extremamente perigoso reprimirmos as emoções, como por exemplo, rejeitar ou dizer a uma criança para não sentir raiva ou medo, pois, quando o fazemos, ensinamos a criança a ignorar o seu mal-estar e desconforto. A realidade é que, não é porque a ignoramos que a emoção irá desaparecer, assim, o essencial é, num primeiro momento, facilitar a capacidade da criança identificar e expressar tudo aquilo que sente.
  3. Ensinar às crianças que não há emoções negativas — é importante ensinar às crianças que não há emoções positivas e negativas. Todas as emoções cumprem uma função, todas nos transmitem alguma informação que é importante para restabelecermos o equilíbrio do nosso organismo. Se para uma criança ficar claro que ter medo ou estar triste não é, necessariamente mau, mais facilmente será capaz de expressar e de gerir tudo aquilo que sente.

No fundo quando ensinamos uma criança a lidar com as emoções estamos a prepará-la para o futuro e vamos, garantidamente, ajudá-la a ser mais capaz e mais feliz ao longo da sua vida, independentemente dos desafios que tenha de superar.

Que estratégias podem adotar?

São inúmeras as estratégias que os pais podem adoptar para promover a inteligência emocional dos seus filhos, e que desenvolvemos longamente no nosso livro “Torne o seu filho inteligente emocionalmente”.

Ainda assim, podemos desvendar que estratégias se prendem essencialmente com alguns pontos, dos quais destacamos:

  • o desenvolvimento do autoconhecimento da própria criança e isso passa por explorar as relações familiares, elaborar eventos de vida mais fracturantes para a criança como uma perda, por exemplo.

  • acolher as emoções das crianças, é essencial que o pai e a mãe consigam ouvir e ensinar a criança a ouvir a mensagem que as emoções trazem. Em cada sinal de uma emoção aparece uma mensagem que precisa de ser ouvida, assim, devemos direcionar a criança para ouvir as suas emoções, por exemplo, “quando tens medo, o que sentes que o teu corpo te está a dizer?”.
  • ensinar a criança a expressar as suas emoções. As emoções precisam de sair de dentro de nós e de ser expressas e partilhadas, é fundamental ajudar as crianças a fazer a sua expressão emocional, seja através da palavra, seja através do desenho ou de outras atividades, o importante é a criança conseguir libertar a emoção. Por exemplo, se estamos com muita raiva, não podemos bater em toda a gente, mas podemos expressar e verbalizar que estamos mesmo muito zangados.
  • ensinar a gerir emoções, isto é, dar um significado, perceber o porquê daquela emoção e conseguir equilibrar-nos. Por exemplo, no caso da raiva tranquilizarmo-nos em tempo real, seja através da respiração, ou de forma mais adaptada, percebendo o que nos zangou de forma tão expressiva.
  • desenvolver a autoconfiança e promover relações saudáveis, promovendo o amor próprio da criança, a sua segurança interna e a sua capacidade de estabelecer relações saudáveis e positivas.

Veja mais em Sociedade

PUB