Recebo um e-mail com um save the date para dia 12 de fevereiro, às 13h. Local? Restaurante Midori no Penha Longa. Propósito: apresentação da nova carta do chef Pedro Almeida.
Passam dois ou três minutos da hora estou mais do que a tempo, ainda não chegou toda a gente. O Penha Longa está com uma atmosfera particularmente misteriosa e interessante, há nevoeiro e a Serra de Sintra está ali a dois passos.
Desta vez os lugares são marcados. Temos à nossa frente o rol de pratos para deste almoço. Vão ser 11! Coragem!
As hostes abrem-se com um amuse bouche de fazer chorar de inveja todos os Instagrams da vida: Enguia com Molho Teriaki, Esferificação de Laranja Sanguinária e Foie Gras.
É preciso alguma destreza no manejamento dos pauzinhos para ‘apanhar’ a esfera sem a rebentar. Tudo faz sentido neste prato, sobretudo quando a laranja tira discretamente o protagonismo ao foie gras e deixa brilhar a enguia.
Sashimi de Salmão com Ervilhas e Hortelã com um Chip de Raiz de Lótus
O senhor que se segue é um Sashimi de Salmão com Ervilhas e Hortelã com um Chip de Raiz de Lótus e, porque o chef
Pedro Almeida gosta de fundir o Japão em sabores que também são nossos, surpreende-nos com um Tataki de Carapau, a fazer lembrar os carapaus com molho à espanhola, que aqui se apresenta sob a forma de gelatina, sashimi de carapau e espuma de salsa.
Sobre este Shimesaba com Dashi e Edamame, Tofunese de Alho Negro e Cerveja, achávamos que seria um dos mais bonitos desta nova carta, mas havia mais.
A cavala enrola-se no sal grosso, mas toma banho antes de chegar ao prato que lhe exige leveza.
O Tataki de Carapau e Tomate parecia só mais um prato, apesar de a palhinha de vidro com crocante dentro suscitar logo alguma curiosidade. O nome, simples, não lhe faz justiça. Ou talvez faça, a simplicidade é um dos grandes trunfos da cultura japonesa.
O prato é composto por três peças: um gaspacho que vem em copo e deve ser bebido pela palhinha de vidro com crocante dentro. Mas antes, está a tosta impregnada de sabor com um sorbet de tomate com Dashi que a refresca. O carapau está mesmo ali ao lado. O melhor prato, sem dúvida. E parece que a opinião foi unânime.
Ainda faltam três pratos, sem contar com as sobremesas. O Tataki de Atum de Outono é-nos servido num tronco com cortiça.
Infeliz daquele que acha que os olhos não comem. Parece que o atum, os cogumelos e a beterraba, as nozes pekan, as castanhas e o wasabi, já para não falar do gel de sunomono a fazer lembrar as gotas de orvalho, caíram ali por acaso.
Mas não, este é um prato surpreendente, quer pelo aspeto quer, sobretudo, pelas texturas e pelo sabor.
Nigiri de Lingueirão à Bulhão Pato
O Nigiri de Lingueirão à Bulhão Pato não suscita grande alarido. Nada que se compare ao bitoque sob a forma de Nigiri que nos chegou à mesa com umas microbatatas fritas. O sabor do bitoque está lá todo e até traz um pequeno pão para quem não quiser deixar o molho por mãos alheias.
Terminamos com um Ramen de Porco com Ovo a Baixa Temperatura. A barriga do porco foi cozinhada durante 24h, a massa foi feita na cozinha do
Midori.
O final serve-se quente e o nosso estômago rejubila. Se há comfort food, este prato insere-se nesta categoria.
Faltam as sobremesas.
Pedro Almeida faz uma demonstração e percebemos com que ingredientes cada uma delas se constrói.
À mesa chega-nos um tríptico doce composto por: Yuzu, Maracujá e Manga; Joias de Pera Nashi e Esféricos de Chocolate, Lima e Wasabi.
O nevoeiro levantou-se, nós também!