Elas trabalham mais em casa

Cerca de sete em cada dez mulheres em Portugal consideram justa a parte das tarefas que realizam em casa. É este o resultado do Inquérito Nacional aos Usos do Tempo de Homens e de Mulheres, levado a cabo pelo Centro de Estudos para a Intervenção Social (CESIS), em parceria com a Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

Já 21,6% das mulheres, contra 4,8% dos homens, pensam fazer mais trabalho doméstico do que é justo, adianta o inquérito, divulgado esta terça-feira por vários meios de comunicação social.

De acordo com o estudo, que envolveu uma amostra de 10 146 pessoas, em todos os grupos etários são as mulheres que dedicam mais tempo às tarefas domésticas e à prestação de cuidados a menores e pessoas dependentes.

Em média, as portuguesas gastam 4h23 diárias, contra 2h38 dos homens a este tipo de trabalho não remunerado.

Se fizermos as contas ao trabalho pago e não pago, o estudo conclui que, em média, elas trabalham mais 1h13 por dia do que eles.

No entanto, o inquérito também mostra que, apesar da assimetria, 70% das mulheres consideram que a parte do trabalho doméstico que fazem corresponde ao que é justo, contra 75,6% dos homens.

Cerca de 17% das mulheres, face a 7,6% dos homens, disseram que dedicam diariamente uma hora ou mais aos cuidados físicos com os filhos, como alimentar e dar banho.

“Na prática, é à mãe que cabe tipicamente a incumbência de assegurar o bem-estar da criança nos primeiros meses de vida, enquanto o pai, se presente, cumpre o papel de provedor económico a par de uma função auxiliar no que toca a cuidados físicos ou emocionais”, referem os autores do estudo.

A amostra do inquérito é representativa da população residente em Portugal com 15 anos ou mais e inclui um “conjunto de 50 entrevistas em profundidade a mulheres e homens que, vivendo em situação de conjugalidade ou monoparentalidade, articulam na sua vida uma atividade profissional e os cuidados” com os filhos menores de 15 anos.