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Em 2023, os jovens ainda aceitam várias formas de violência

Controlo, violência psicológica, violência sexual, perseguição, violência através das redes sociais e violência física, são atos classificados como violência no namoro. No entanto, segundo o recente Estudo Nacional da Violência no Namoro realizado pela UMAR – União Mulheres Alternativa e Resposta no âmbito do Projeto ART’THEMIS+, 67,5% dos jovens participantes não perceciona alguns destes atos“Pegar o telemóvel ou entrar nas redes sociais sem autorização”, “Insultar durante discussão/ zanga”, “Pressionar para beijar”,  “Procurar insistentemente”, “Insultar através das redes sociais” e “Magoar fisicamente sem deixar marcas” – como violência.

Psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar, Marta Crawford refere ser impressionante, em 2022/2023, tantos jovens aceitarem tantas formas de violência e não as identificarem enquanto tal. As razões para tal acontecer, podem resultar da “pouca autoestima” dos jovens, “do medo de ficarem sós”, da necessidade de pertença e, em certos casos, da dificuldade em identificar “os sinais de violência” devido ao contexto familiar em que estão inseridos.  As consequências, a curto e a longo prazo, são um impacto negativo na saúde mental e na forma como estes estão nas relações, aceitando compromissos que não são positivos ou não se conseguindo relacionar.

Marta Crawford, Psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar. Foto David Cachopo

Marta Crawford, Psicóloga, sexóloga e terapeuta familiar.
Foto David Cachopo

“Perceber as fronteiras daquilo que é e daquilo que não é violência” é uma das soluções para a resolução do problema. Tanto o estudo, como a psicóloga, apontam a necessidade de começar essa educação e prevenção na primeira infância, dando ferramentas às crianças para perceberem os limites daquilo que são os comportamentos aceitáveis e não aceitáveis. “Nós não podemos começar a explicar aos jovens que esses comportamentos não são aceitáveis quando eles já os estão a viver e não têm mecanismos de defesa”, afirma. Falar da beleza da intimidade e da sexualidade de uma forma positiva é, para Marta Crawford, uma “forma de mostrar que é isso que é o suposto acontecer” e não uma série de coisas negativas e atos violentos. Devem aliar-se sempre as questões negativas às positivas, adaptando a informação a cada uma das idades. 

Enquanto pais, há que estar atento aos sinais de alarme, mas há também que ter uma conversa prévia sobre as relações amorosas e tudo o que faz parte delas, sem utilizar um discurso alarmista. “Ao não falar sobre as coisas, não quer dizer que vamos proteger os nossos filhos. Antes pelo contrário”, explica.  A psicóloga aconselha ainda os pais a recorrerem a filmes e documentários, caso não se sintam à vontade para falar tão abertamente sobre estes temas. “Se os pais não tiverem capacidade para falar sobre isso, por alguma razão, se calhar têm de procurar recursos para ver estas coisas em conjunto com os filhos e chamá-los a atenção que aquilo não é passível”, diz ainda.

Já os amigos, estes, também devem estar alerta. Se reconhece que uma amiga mudou completamente e apresenta sinais alarmistas, deve agir falando com a própria e oferecendo ajuda junto de Associações especializadas como a UMAR, a APAV e a Sexualidade em Linha.  Se não for o suficiente, recorrer aos pais pode ser uma opção viável.

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