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Inês Faria: resiliência e capacidade de improviso

É atriz, repórter e criadora de conteúdos digitais. Em 2018 começou a sua atividade de Youtuber. Em 2019 editou o livro – ‘Coisas que os teus pais não te disseram’. Também foi repórter do programa ‘Faz Faísca’, da RTP. Enquanto atriz, integrou o elenco de séries como ‘Bem-vindos a Beirais’ da RTP, ‘Rua das Flores’, da TVI, ‘Lúcia, A Guardiã do Segredo’, da Opto SIC e integra o elenco do filme de Sérgio Graciano ‘Soares é Fixe!’, atualmente em exibição nos cinemas. A atriz de 26 anos, interpreta ‘New Season’, o editorial de moda da nossa edição de março, já nas bancas. Em entrevista, revela-nos uma enorme capacidade de se adaptar e reinventar a cada projeto a que se dedica, encontrando, sempre a melhor forma de comunicar para a sua audiência.

O que a levou a querer ser atriz? É um sonho de criança?

Não diria que é um sonho de criança, porque quando era mais nova queria ser bióloga marinha ou trabalhar na caixa de um supermercado. Mas desde muito cedo que comecei a gostar de contar histórias e quem estava à minha volta sempre me chamou a atenção para essa predisposição para comunicar. Acabei por me inscrever num curso de representação, que me levou a ser chamada para um casting, com 14 anos e acabei por ser selecionada como protagonista do meu primeiro telefilme para a RTP. Depois disso, não tive dúvidas de que queria apostar na minha formação e o meu ensino secundário já foi feito na Escola Profissional de Teatro de Cascais. Por isso, posso dizer que aí, sim, comecei o meu sonho de ser atriz.

Quais têm sido os maiores desafios da sua profissão, enquanto atriz?

A incerteza e a volatilidade desta profissão. Sinto que quando acabo um projeto, estou sempre a começar do zero. E agora? O que acontece a seguir? Quando surgirá uma nova oportunidade para integrar outro projeto? O que me obrigou a ter de desenvolver uma resiliência, típica desta profissão desde cedo. E a arranjar alternativas para me conseguir sustentar entre projetos e não ter de desistir do que mais amo fazer: representar.

Além de atriz, é repórter, é criadora de conteúdos digitais, youtuber… Há sempre essa vontade de comunicar? De ter a sua audiência?

Acima de tudo, há a tal necessidade de arranjar formas (igualmente prazerosas) de me sustentar entre os projetos na representação. E sim, gosto de contar histórias, seja enquanto atriz, repórter, apresentadora, locutora, criadora de conteúdos e tendo sempre em mente que também tenho de trabalhar em criar as minhas próprias oportunidades e colecionar experiências, que acabam por ser das ferramentas mais importantes na vida de uma ator.

Hoje é impossível imaginar-se fora das redes sociais? Como descreve a sua presença na Internet?

Na era em que vivemos, acredito que não é possível. Até porque, hoje em dia, uma grande parte das profissões também passa pela sua presença no digital. Claro que num cenário perfeito, estaria só presente no digital numa vertente de lazer e trabalharia só enquanto atriz. Mas como sabemos, hoje em dia, até enquanto atriz… essa presença no digital tornou-se fundamental como canal de oportunidades de partilhar o nosso trabalho

Quais são os temas que mais gosta de abordar nos seus conteúdos?

Nunca optei por ter uma “persona” no digital, sempre quis ser eu, com as minhas opiniões, visões, crenças … Que, como é natural, podem-se ir alterando e moldando ao longo do tempo e acho que é muito interessante ir partilhando esse crescimento com quem me segue. Como já referi, gosto de contar histórias, partilhar experiências pessoais e profissionais, tendo sempre por base o meu sentido de humor apurado e o meu sarcasmo. Quem me segue, sabe que pode contar sempre com esse meu lado. Todos temos uma voz e acredito que devemos usá-la. No meu caso, tenho o privilégio e a consciência de que essa minha voz chega a um número maior de pessoas, principalmente de jovens e irei sempre aproveitar para partilhar aquilo que acredito ser importante… Não acredito que tenhamos de ter uma opinião ou uma visão sobre tudo, porque não temos, mas irei sempre fazer questão de me posicionar em relação a certos temas ou causas que me são mais próximos.

Aos 21 anos lançou o livro ‘Coisas que os teus pais não te disseram’. Como é que surgiu a vontade de lançar um livro sobre esta temática?

Na altura, lancei um vídeo no YouTube com esse título, que acabou por correr muito bem. As pessoas gostaram muito desse conteúdo… e acabei por receber um convite de uma editora para escrever um livro tendo por base esse tema. Foi um desafio muito interessante!

Há outros temas que gostasse de abordar, em livro?

Por agora, não. Neste momento, um desafio mais interessante seria pegar no que vou escrevendo e colocar em cena num monólogo ou até mesmo num solo de stand up, do que escrever outro livro.

Hoje, com 26 anos, que balanço faz do seu percurso? Tem sido difícil crescer?

Quem disser que crescer é fácil, acredito que não esteja a ser totalmente honesto. (risos) Mas faz parte do processo… Trabalho neste meio há 12 anos e é normal que estes anos não tenham sido feitos só de momentos bons ou só de momentos maus. Até porque acredito que só assim conseguimos dar valor às nossas conquistas. Tenho muitos sonhos, objetivos e metas… mas também tenho muitos medos e inseguranças, sou muito consciente de tudo o que se está a passar no mundo. Sei que sou uma privilegiada, nasci num país com condições, seguro, tive acesso a educação e a saúde e, por isso, agradeço todos os dias. Agora, a mim, só me cabe agarrar e, também, ir atrás das oportunidades que a vida me vai dando e lutar diariamente para ser feliz e bem sucedida. Sempre com educação, integridade, amor e perseverança.

Revelou que viveu episódios de depressão e de ansiedade e é recorrente alertar os seus seguidores para a saúde mental. A que sinais é necessário estarmos atentos, ao nível da saúde mental? Qual a sua mensagem para alguém que lhe custe a admitir que precisa de ajuda, neste campo?

Existe, cada vez mais, uma maior consciência da importância do cuidado da saúde mental e isso é incrível. No meu caso, comecei a fazer terapia desde muito nova, na altura em que só “os malucos” é que iam ao psicólogo… esse estigma tem vindo a ser quebrado ao longo dos anos e a normalização deste tema, por si só, já pode ajudar muitas pessoas o terem disponibilidade para procurar ajuda.

E qual a sua mensagem para uma jovem que queira, agora, iniciar uma atividade digital?

Não sou nenhuma espécie de guru do digital, nem o pretendo ser… (risos) Do que tenho observado ao longo dos anos, não há fórmulas perfeitas … Há personalidades/conteúdos que funcionam no digital, existem outros que não. São fenómenos que ninguém percebe muito bem, tanto para o lado mau, como para o lado bom. A consistência pode ser uma base fundamental para começar a ganhar a atenção e consolidar uma imagem junto da audiência. Tirando, isso, como já disse, não há receitas fechadas, nem verdades absolutas.

Participou no nosso editorial ‘New Season’. Gosta de fazer editoriais de moda? De que mais gostou neste trabalho?

Sim e, desde já, muito obrigada pelo convite. Não sou modelo, mas divirto-me sempre no processo e adoro ver o resultado final, sinto-me sempre muito bonita e confiante!

Quer em termos profissionais, como pessoais, que projetos gostaria de concretizar, num futuro próximo?

Essa pergunta é sempre ingrata, por dois motivos. Primeiro, porque esta cabecinha está sempre com muitas ideias mas também sempre com uma tendência muito grande para se esconder na toca da perfeição e deixar certos projetos na gaveta durante demasiado tempo. A outra razão, tal como já mencionei, é a incerteza do meio profissional em que trabalho. Vivo semana a semana e tento não criar grandes expetativas. Foco-me em fazer bem o que tenho em mãos no momento e o resto acaba por surgir. Só tenho a certeza que a minha mochila estará sempre pronta para colocar às juntas e irmos juntas conhecer o mundo!

– Créditos –

Fotografia Inês Monteiro

Make-up e Cabelos Tito Semedo

Styling Diogo Raposo Pires

Agradecimentos Malquerida, La Fugitiva

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