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Mário Cordeiro: “Autonomia e autoestima andam de braço dado…”

Durante estes dias, o regresso às aulas tem marcado a vida de muitas famílias portuguesas. É nesta semana que muitos voltam à escola e iniciam uma nova etapa. A propósito deste momento e conscientes da importância que este tem no desenvolvimento das crianças, a Zippy desenvolveu a filosofia “Big Me”, com o apoio dos jovens criativos Pedro Fonseca Almeida e Duarte Brito Cunha na comunicação e do professor de pediatria e de saúde pública Mário Cordeiro no conteúdo mais técnico e informativo da campanha

Promover a autonomia das crianças através de produtos que apresentam um design e alguns atributos diferenciadores, para que os mais pequenos comecem a saber vestir-se e calçar-se de forma autónoma, transformando, este, num momento de aprendizagem e de autovalorização, é o grande objetivo da filosofia “Big Me”. Para isso, a marca de roupa criou várias peças, como as calças com um botão decorativo que esconde as molas práticas, as sapatilhas com velcros para ser mais prático e os semicírculos nas palmilhas facilitando a identificação para cada pé.

Especialista em avaliar o comportamento dos mais pequenos, falámos com Mário Cordeiro de forma a entender como é que estes atributos e o sentido de autonomia afetam a autoestima das crianças.

Mário Cordeiro, professor de pediatria e de saúde pública

Mário Cordeiro, professor de pediatria e de saúde pública

O sentido de autonomia afeta a autoestima dos mais pequenos? De que forma? 

Todos queremos, gostamos e precisamos de nos sentir únicos, insubstituíveis, irrepetíveis… e para tal, ou seja, para nos sentirmos bem connosco próprios (sem entrarmos obviamente em narcisismos do tipo «sou o melhor!»), precisamos de sermos autónomos, de nos sentirmos, capazes, idóneos e eficientes. A autonomia não é a independência – as pessoas são interdependentes –, mas é um passo essencial para esse sentimento de gostarmos de nós próprios, com momentos piores e outros melhores (e os primeiros valorizam os segundos) e termos uma ideia para nós eu nos ultrapassa, sentindo-nos «ricos de nós, mas pobres dos outros». Autonomia e autoestima andam de braço dado…

Muitas vezes, os pais assumem uma posição protetora e não deixam que os filhos façam certas escolhas, essa é uma abordagem errada? 

Proteger é necessário, atabafar não convém… Uma coisa que tenho por «verdade absoluta» (coloco entre aspas, atenção!) é que os pais não podem reviver a sua vida na dos filhos, tentar que eles sejam o que eles, pais, não foram, ou que foram e gostaram de ter sido e por aí fora. Os filhos são «entidades autónomas» e devem aprender a saber escolher, e a autonomia é, precisamente, o «exercício livre da escolha». Claro que as escolhas têm de ser orientadas e corrigidas (e explicados os porquês das correções) , mas se forem corretas, boas, adequadas e pertinentes, não podemos nós, pais, ficar «magoados» porque «eles já sabem o que querem»; pelo contrário, deveríamos ficar extasiados pelo bom trabalho que andámos a fazer.

Em que idade é que se deve começar a cultivar esta autonomia? 

Desde sempre. Quando o bebé expande os pulmões, nesse indescritível grito (autêntico grito do Ipiranga) que se segue ao corte do cordão umbilical, começa um processo de autonomia. Tudo se vai fazendo no dia a dia, devagarinho, com períodos de maior intensidade, outros mais «mormos», mas sempre observando, contemplando e aprendendo… e, depois, executando, como sabemos bem quando, por exemplo, começam a trepar e a andar, a explorar o mundo ou até, mais tarde, a usar um palavreado, digamos, «menos conveniente»…

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O conceito “Big Me” vai acompanhar a campanha de regresso às aulas da Zippy com produtos que apresentam um design e alguns atributos diferenciadores para que as crianças comecem a desenvolver a sua autonomia na hora de vestir

Que impacto terá a longo prazo, quando forem, por exemplo, adolescentes? 

A autonomia, se for bem gerida e bem desenvolvida, com alguns picos de ousadia, mas no geral com um rumo bem definido, o impacto será excelente. Estaremos a criar pessoas pertinentes, objetivas, que associam a inteligência racional à emocional, que sabem escolher, que tomam decisões, que serão o que nós, pais, desejamos: senhores da sua vida… mesmo que não concordemos com as suas opções. Ah, pois é, mas a vida é deles e não nossa. A nossa temos de a viver nós, sem interpostas pessoas, aceitando os sucessos e os falhanços, e tendo confiança em nós próprios. Nós também somos pessoas únicas, insubstituíveis e irrepetíveis.

Neste regresso às aulas, que medidas podem os pais tomar para motivarem os seus filhos? Podem desligar os telemóveis, os computadores e as televisões, irem almoçar ou jantar com os filhos, porventura e se possível um a um, caso tenham mais do que um filho, e conversar (com calma, sem acusações prévias ou juízos de intenções a anteriori) sobre o ano que aí vem, o que a criança espera dele, o que os pais esperam dele, o que pode ser melhorado ou corrigido relativamente ao ano transato, e como se poderão abordar as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças, não apenas a nível escolar, mas também a nível lúdico, pessoal, social, amigos, família, etc. Uma conversa onde se escute e se fale, sem juízos de valor. De preferência, até, com a opinião inicial de cada um seja escrita em papel, «para que conste», sem receios ou medos, porque se trata de uma «refeição de negócios» e não de um «julgamento do Supremo»… com esses dados será possível todos os envolvidos delinearem estratégias de maior sucesso e de autonomia

A comunicação deste regresso às aulas culmina com a criação de um Yearbook da escola Big Me que forma as crianças como especialistas em vestir-se e calçar-se sozinhas, cada uma na sua própria especialidade.

A comunicação deste regresso às aulas culmina com a criação de um Yearbook da escola Big Me que forma as crianças como especialistas em vestir-se e calçar-se sozinhas, cada uma na sua própria especialidade

De que forma é que esteve envolvido nesta campanha da Zippy? 

Dando a minha opinião sobre este assunto, que vi bem enquadrado e executado nas propostas da Zippy. Tudo o que se faça pelo bem-estar das crianças, pela promoção do seu crescimento enquanto pessoas e cidadãos, e pela liberdade de escolha e pensamento crítico, terá o meu apoio. Por isto mesmo, fez-me sentido associar-me à filosofia que preside ao projeto Big Me – é fundamental as marcas, obviamente tendo em conta os seus objetivos e missões, materializarem-se em produtos com um design pedagógico que respeitem o desenvolvimento das aptidões e a fase do crescimento de cada criança, promovendo a sua autonomia.

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