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Nos lares, as famílias não podem ficar de fora

Não é surpresa que o envelhecimento da população portuguesa se está a dar de forma muito rápida. Por cada 100 jovens, existem 182 idosos. Estes são dados dos Censos de 2021 que mostram que Portugal tem de estar pronto para dar uma resposta digna às pessoas idosas. Porém, como sabemos, ainda há muito caminho por percorrer, sendo necessário que toda a comunidade esteja envolvida no processo. As famílias têm um papel fundamental: assegurar uma escolha segura de cuidados para os idosos e garantir que estes são tratados de forma íntegra nas instituições escolhidas. As famílias não podem ficar de fora.

Defendo, desde sempre, que os lares são indispensáveis. Precisamos deles. Precisamos de locais que recebam os idosos e que os acompanhem, de forma dedicada. Sobretudo, precisamos de distinguir os bons lares dos lares de risco. Só assim será possível dar uma resposta em lar competente à terceira idade. Se não o fizermos, vamos continuar a ver as famílias a serem encaminhadas para lares precários, sem condições para assegurar uma velhice digna.

Os lares não são todos iguais. É a comunidade, que inclui as famílias, que deve colocar em prática o seu importante papel vigilante e partilhar a sua experiência em instituições. O setor só se torna mais transparente, quando todos contribuem. A terceira idade só tem um envelhecimento digno, quando todos contribuem. Só é possível perceber quais os lares que merecem a nossa confiança, quando todos contribuem. Porém, reconheço que fazer parte desta dinâmica pode suscitar dúvidas. É normal que alguém se pergunte “o que devo fazer?”, “com quem devo falar?”, “como consigo reconhecer situações de lares de risco?”. É importante clarificar o papel que as famílias têm, bem como indicar alguns comportamentos a ter em conta.

As famílias devem ser esclarecidas, primeiramente, sobre em que consistem os maus-tratos em lares. Os idosos, por estarem numa posição mais vulnerável, sofrem e, muitas vezes, guardam isso para si, ou nem se apercebem do que está a acontecer. Os familiares, e mesmo os colaboradores de lares, devem então estar atentos a situações de maus-tratos físicos, que se pode traduzir em contenção ou força desnecessária; maus-tratos psicológicos, que se pode referir a insultos, ordens, gritos ou ameaças; e negligência, quando as equipas dos lares não promovem cuidados de higiene, alimentação, hidratação e socialização, ou não prestam cuidados de saúde adequados. Estes são exemplos de ocorrências em que a dignidade e felicidade do idoso é colocada em causa – e que não podem acontecer. Como referi, muitas vezes, os idosos não partilham com as suas famílias aquilo que está a acontecer, seja por não os quererem preocupar com isso, seja porque têm algum tipo de défice cognitivo que não permite que estes compreendam a situação de risco em que se encontram. As famílias têm de estar incessantemente atentas, por isso, a sinais que revelem que algo não está bem.

A aparência do idoso deve ser cuidada. Não é suposto que o idoso ande sempre de fato de treino ou ande de pijama durante todo o dia, não dignifica a sua condição, nem promove o seu bem-estar – mesmo que pareça a opção mais confortável. A identidade dos idosos deve ser respeitada. Caso contrário, este é um sinal de alerta para as famílias. A falta de energia é também um motivo de alarme para as famílias. Sinais de desnutrição revelam que a saúde do idoso está a ser colocada em causa. As famílias devem, então, acompanhar de forma próxima esta dimensão, o que podem fazer ao passarem algum tempo com os seus familiares idosos nos lares. A família ajuda a garantir o bem estar do idoso. Esteja também atento à forma como o idoso reage aos funcionários do lar. Parece ter medo? Retrai-se quando algum deles se aproxima? Este é um sinal que nunca pode ser ignorado. Os pormenores são importantes. Os lares são feitos de pessoas, e são essas mesmas pessoas que vão acompanhar, durante 24 horas por dia, os idosos. É fundamental que estas sejam dedicadas, cuidadosas e exigentes com o serviço que oferecem. São as equipas com qualificações, técnicas e pessoais, que merecem a confiança das famílias. Por último, se o lar restringe muito o horário de visitas das famílias, é um sinal de alerta. Os familiares não podem ser impedidos de visitar os idosos, nem de verem, em primeira mão, de que forma estão estes a ser tratados. Impedir visitas das famílias é impedir a fiscalização autorregulada, sempre o defendi. Os lares escolhidos pelas famílias devem respeitar a autonomia, identidade e integridade dos idosos.

As famílias têm, como referi ao longo deste artigo, um importante papel : ajudar os idosos a terem um acompanhamento digno e vigiar as instituições. Deixo, por isso, um apelo: pesquisem, informem-se e escolham um local onde sentem que podem confiar nas pessoas que aí trabalham, pois é na mão delas que a vida dos idosos estará. Nunca duvidem, famílias, da vossa relevância. Explorem o setor. Pesquisem todas as informações necessárias. Visitem os locais. Falem com os profissionais.

Façam escolhas seguras.

Artigo de Opinião Marina Lopes

CEO e Fundadora da Lares Online

Marina Lopes-Lares Online

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