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O que é o ‘ouvido do surfista’?

No passado dia 18 de junho celebrou-se o Dia Internacional do Surf, mas o que muitos dos praticantes não sabem é que quem pratica regularmente desportos aquáticos, pode vir a sofrer de ‘ouvido do surfista’, um problema que afeta cerca de 50% dos surfistas após 10 anos de prática.

Neste sentido, falámos com Fernando Vilhena de Mendonça, Otorrinolaringologista das Clínicas Joaquim Chaves Saúde, sobre a importância de aumentar o conhecimento acerca desta patologia, abordando os sintomas e a sua prevenção, especialmente nesta época de verão.

O que é o ‘Ouvido do Surfista’?

Em virtude da prática de surf ser cada vez maior (calcula-se que existam cerca de 200.000 praticantes de surf em Portugal), esta patologia tem tido um aumento da incidência nos últimos anos.

O chamado “ouvido do surfista” corresponde ao progressivo estreitamento da porção óssea do canal auditivo externo, resultante do aparecimento de pequenas protuberâncias ósseas arredondadas, as exostoses, que são neoformações benignas, mas que, com o tempo, interferem com o arejamento do canal, com a audição e com a qualidade de vida.

 Ilustração do autor Fernando Vilhena de Mendonça, autorizada a publicação.

Ouvido com exostoses. Ilustração do autor Fernando Vilhena de Mendonça

É uma doença de progresso lento e dependente do contacto do ouvido com a água fria, o vento e a pressão associada ao mergulho.

A que sintomas devem estar os praticantes atentos?

Enquanto as exostoses (protuberâncias ósseas) não atingem uma dimensão significativa, não haverá sintomas podendo apenas serem diagnosticados numa consulta regular de otorrinolaringologia.

Com o seu crescimento e a obstrução que causam no canal, a retenção de água e a oclusão com cerúmen e escamas de pele que não conseguem ser expulsos naturalmente, ocorre perda de audição, sensação de entupimento e otites externas de repetição por infeção da pele do canal que se vai alterando. Quando ocorre otite externa, a dor, o edema e a exteriorização de pus no ouvido, requerem tratamento especializado por um otorrinolaringologista.

Numa fase mais avançada, a perda auditiva instala-se em permanência assim como é frequente a ocorrência de sensação de zumbido (acufeno). Esta perda auditiva é reversível revertendo com a remoção cirúrgica das exostoses.

Que tipos de tratamentos é que existem?

O tratamento do ouvido do surfista numa fase avançada, com uma obliteração significativa do calibre do canal auditivo externo, é cirúrgico. Até atingir essa dimensão, é importante a visita regular ao otorrinolaringologista para manter a vigilância das exostoses, aspiração de cerúmen e de rolhões epidérmicos com escamas de pele morta que se acumulam e para prevenir as infeções do canal-otite externa.

De que forma é que se consegue prevenir esta patologia?

A prevenção das exostoses faz-se usando tampões que impeçam a entrada de água fria nos ouvidos. Existem vários tipos de tampões no mercado, adquiríveis nas Farmácias, lojas de artigos desportivos e nas lojas de dispositivos de audioprótese onde os tampões podem ser feitos de forma personalizada a partir do molde individual de cada ouvido. Quando já existem exostoses no canal, os tampões continuam a ser úteis para contrariar o seu crescimento.

Para além do surf, que outras modalidades aquáticas estão sujeitas a esta patologia?

Apesar do nome, esta situação não é exclusiva dos surfistas e é comum nos praticantes de mergulho, natação, kitesurf, canoagem e, de um modo geral, de todos os praticantes de desportos aquáticos.

Porque é que é importante abordar esta doença?

O “ouvido do surfista” é uma doença benigna mas, em virtude de ser estimulada pela água e o vento, continuará a progredir até uma dimensão crítica.

A partir dum dado momento, o seu desenvolvimento interfere muito na qualidade de vida dos doentes. O surfista é por natureza um frequentador permanente e apaixonado desta modalidade e as complicações associadas à progressão da doença – infeções recorrentes, perda auditiva, dor e desconforto – privam-no da possibilidade de continuar a praticar com regularidade esta modalidade.

A vigilância regular por um otorrinolaringologista permite avaliar o estado das exostoses e manter o canal livre de obstrução por escamas de pele e cerúmen.

Na fase avançada da doença, o tratamento cirúrgico é muito eficaz e permite a restituição da anatomia normal do canal auditivo para que o surfista continue a desfrutar as suas ondas.

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