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O seu filho tem dores nas costas? A culpa pode ser da mochila da escola

Em Portugal, cerca de 15% dos adolescentes sofrem de dores lombares e estima-se que 60% das crianças e jovens já tenham sofrido deste tipo de dores em algum período da sua vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde , mais de metade das crianças em idade escolar (dos 6 aos 18 anos) transportam mochilas com excesso de peso. A este hábito, juntam-se a má postura em frente aos dispositivos eletrónicos e as posições desaconselhadas ao estudar.

Com o ano letivo prestes a começar, Rui Duarte, Diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Médio AVE, em Santo Tirso, e responsável pela campanha “Olhe pelas Suas Costas”, ajuda os pais e encarregados de educação a adotarem melhores cuidados para a saúde dos mais novos.

Rui Duarte, Diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Médio AVE, em Santo Tirso, e responsável pela campanha “Olhe pelas Suas Costas”

Rui Duarte, Diretor do Serviço de Ortopedia do Centro Hospitalar do Médio AVE, em Santo Tirso, e responsável pela campanha “Olhe pelas Suas Costas”

O que está a provocar os números mencionados em cima?

Na nossa opinião, a causa principal para as dores de costas é o sedentarismo. Não é um problema exclusivo de Portugal, é uma realidade dos países desenvolvidos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de 80% dos adolescentes, entre os 11 e os 17 anos, não cumprem as recomendações atuais de pelo menos uma hora diária de atividade física.  A nível Nacional,  dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS), estimam que, em média, crianças e adolescentes entre os 6-14 anos passam cerca de 9 horas/dia em comportamentos sedentários, excluindo o tempo de sono.

De que forma se pode evitar?

É fundamental inverter esta tendência para o sedentarismo. As recomendações da Direção Geral de Saúde (DGS), sugerem que crianças e adolescentes realizem, pelo menos, uma média de 60 minutos por dia de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, maioritariamente aeróbia e sugere também, que seja limitado o tempo em comportamento sedentário, particularmente o tempo de ecrã.

Desde prevenir a obesidade, fortalecer ossos e músculos, incentivar a adoção de uma boa postura e até fomentar a disciplina, estimular e incentivar a prática de exercício é uma forma divertida mas também pedagógica de garantir que os mais novos tenham um estilo de vida mais ativo e saudável.

Tendo em conta que mais de metade das crianças em idade escolar transportam mochilas com excesso de peso. O que deve ser evitado quando se está a escolher uma para o regresso às aulas?

Com o decorrer do ano letivo, surgem as queixas das crianças, e a preocupação dos pais, relacionadas com o desconforto e dor na coluna, que atribuem ao peso excessivo das mochilas que os filhos suportam diariamente.

No sentido de minimizar estes problemas os pais podem ter em atenção alguns detalhes:

  1. Deve ser adequada no tamanho – se for muito grande, será mais difícil a sua adaptação à região lombar, e a criança terá tendência para levar peso extra.
  2. Deve ser adequada em design – devem ter alças largas, acolchoadas, ajustáveis nos ombros (nunca devem ser usadas num único ombro), um acolchoado na parte de trás e uma alça de apoio na cintura. As alças devem estar ajustadas de modo que a base da mochila, quando cheia, não ultrapasse 5 cm abaixo da cintura. A existência de compartimentos no interior facilita a distribuição do peso e permite que os objectos mais pesados fiquem mais próximos da região lombar.

O que deve ser tido em conta?

Um estudo relativamente recente realizado pela Nova Medical School, com crianças do 2º ciclo, alertou para uma prevalência global de excesso de peso na mochila escolar em 68,4 % dos alunos. As recomendações internacionais (nomeadamente as da American Academy of Pediatrics) apontam para um peso que não deve exceder os 10-15% do peso da criança. Nesse sentido, o papel dos pais é fundamental: no dia anterior à noite devem controlar o peso que as crianças transportam nas mochilas e a sua distribuição. Tentar evitar ao máximo objetos desnecessários e sempre que possível utilizar mochila tipo trolley.

No caso da má postura, como podem os pais ajudar a corrigir este problema?

As alterações posturais nas crianças e principalmente adolescentes são um motivo frequente de preocupação dos pais. Ao associarmos longos períodos de estudo a longos períodos de entretenimento com o uso de tecnologias, as crianças inevitavelmente adotam posturas incorretas. Quando estamos sentados por longos períodos, a tendência natural para a maioria das pessoas é curvar-se ou reclinar-se na cadeira, e essa postura acaba por provocar algum estiramento dos músculos e ligamentos e aumentar a pressão sobre a coluna vertebral. Podemos ajudar com algumas medidas de ergonomia. É crucial que o tronco da criança esteja alinhado, sendo que as costas devem estar direitas. Por outro lado, a cadeira deve ter uma altura que permita que os joelhos estejam dobrados num ângulo de 90 graus.  Além disso, é fundamental que  o ecrã esteja colocado ao nível dos olhos.

Qual é o grande objetivo da campanha “Olhe pelas Suas Costas”?

A campanha “Olhe pelas suas costas” é uma campanha que iniciou no ano de 2009 com a chancela de diferentes sociedades médicas: Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral, da Associação Para o Estudo da Dor, da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia, da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação e da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. É no fundo uma iniciativa que visa sensibilizar a população para a problemática das dores nas costas, alertar para as suas consequências na vida pessoal e profissional dos portugueses e educar sobre as formas de prevenção e tratamento existentes.

Sente que esta tem tido impacto? 

Como se trata de uma campanha de informação e sensibilização, importa chegar a um maior número de pessoas possível. Utilizamos para isso diferentes estratégias e formas de comunicação (redes sociais, ações de rua, comunicação social etc) e na verdade temos assistido a um crescendo de interação com a população ao longo dos anos. É um processo contínuo mas que nos tem mostrado o interesse da população numa melhor informação no que diz respeito a cuidados de saúde relacionados com a coluna vertebral.

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