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Portugal é o segundo país da União Europeia com maior predominância de diabetes

A diabetes é uma doença caracterizada pelo aumento de açúcar no sangue, devido à falta ou má absorção de insulina. Portugal é o segundo país da União Europeia com maior predominância de diabetes, mais exatamente 13,6%. Em 2021, esta doença afetou cerca de 2,7 milhões de portugueses.

Este mês, no dia 14 de novembro, assinalou-se o Dia Mundial da Diabetes e, apesar de esta ser uma doença que todas já ouvimos falar, ainda existem vários mitos associados, por exemplo, à insulina. Rosa Maria Príncipe, Especialista em Endocrinologia e Nutrição na Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano, explica-nos tudo o que precisamos de saber sobre esta doença que afeta tantos portugueses. 

A diabetes é…

Uma doença metabólica que apesar de poder ter várias causas é caracterizada por uma alteração no metabolismo dos hidratos de carbono (açúcar), das gorduras e das proteínas.  De forma simplificada, a diabetes deve-se a alterações na insulina:  na diabetes tipo 1 há uma destruição das células que produzem insulina e como tal o défice de insulina é total. Geralmente a causa é autoimune e pode atingir o ser humano em qualquer momento da sua vida.

No caso da diabetes tipo 2, pelo menos inicialmente, ainda se produz insulina mas esta tem dificuldade em atuar (resistência à insulina). Este tipo de diabetes é o mais prevalente correspondendo a cerca de 90% das pessoas com diabetes. Associa-se muito mais a excesso de peso, sedentarismo e idade adulta.

As grávidas, pelas alterações hormonais que apresentam, podem também desenvolver diabetes gestacional, também muito associado a resistência à insulina, que precisa de uma atenção muito particular ao poder influenciar o desfecho da gestação. Este tipo de diabetes, em princípio, resolve-se com o parto, mas significa um risco aumentado de desenvolver diabetes num futuro próximo.

Há ainda outros tipos de diabetes, mas resumindo seja porque falta insulina ou porque mesmo existindo não consegue atuar, esta doença caracteriza-se sempre por um açúcar alto no sangue. 

A que sintomas é que devemos estar atentas? 

Numa fase inicial, a diabetes não costuma dar sintomas o que leva a que muitas vezes o diagnóstico seja tardio, por um lado, e por outro mesmo quando a pessoa já foi diagnosticada não investe o que seria necessário no seu tratamento exatamente porque não “sente nada” ou “sente-se bem”.

Mas quando a diabetes está muito descompensada então pode haver sintomas. Os mais típicos são sede excessiva, aumento da vontade de urinar e perda de peso mesmo com apetite aumentado. 

Por isso é que o rastreio é tão importante, sobretudo em pessoas que sabemos que o risco de diabetes é superior à população geral, como é o caso das pessoas acima dos 45 anos, pessoas com familiares de primeiro grau com diabetes, pessoas com outras doenças metabólicas, como hipertensão, excesso de peso, ou colesterol elevado, mulheres com antecedentes de diabetes gestacional. Este último é um grupo muitas vezes que esquece a importância deste rastreio ao ser jovem e aparentemente saudável, mas que tem um risco de desenvolver diabetes tipo 2 bastante significativo.

 O que deve ser feito para evitar a diabetes? 

No caso da Diabetes tipo 1, da diabetes de causa genética bem como noutros tipos de diabetes, no momento atual, não se pode evitar, mas no caso de Diabetes tipo 2 que está muito mais, mas não só, relacionado com fatores ambientais como excesso de peso e sedentarismo podemos intervir de forma significativa.

Comer de forma mais saudável, praticar atividade física, fazer uma boa gestão do stress e da ansiedade, deixar de fumar, saber relaxar são medidas fundamentais para prevenir o aparecimento de diabetes tipo 2.

Qual é a principal função da insulina? 

 A insulina é fundamental para permitir a transformação do que ingerimos em energia. Isto é, a insulina é fundamental para que a glicose possa passar da corrente sanguínea para as células. Sem insulina não é possível o metabolismo dos hidratos de carbono, das gorduras e das proteínas e neste caso acumula-se o açúcar no sangue e atinge os diferentes órgãos contribuindo para as complicações da diabetes, sobretudo para a retinopatia e para a doença renal e também se acumula a gordura que contribui para a aterosclerose e para as complicações cardiovasculares como o enfarte ou o AVC.

Quais são os principais mitos associados à insulina e que devem ser esclarecidos? 

Infelizmente há muitos mitos ligados à insulina que fazem com que não se utilize com a frequência que seria desejável para evitar muitas das complicações desta doença.

Há múltiplos estudos sobre este tema que referem sobretudo, da parte da pessoa com diabetes, o receio relativo à sua segurança, à associação com o aparecimento de complicações graves e perda de autonomia e a questão do estigma social. Relativamente à segurança as insulinas mais modernas têm um perfil de segurança muito superior às insulinas mais antigas e quando falamos de associar a insulina a complicações a realidade é exatamente o contrário, se se começar o tratamento com insulina cedo na evolução da doença a probabilidade de complicações diminui de forma significativa. Além disso, o tratamento com insulina não implica uma perda de autonomia porque atualmente os dispositivos de administração de insulina são muito práticos de transportar e utilizar.

Existem motivos claros para sermos o segundo país da União Europeia com maior predominância de diabetes? 

A resposta não é fácil, de facto as estatísticas mostram que apenas a Alemanha tem um número mais preocupante que Portugal.

Por um lado, é preciso garantir às populações de todo o país acesso facilitado aos cuidados de saúde para um diagnóstico e tratamento precoces, mas por outro temos que investir em campanhas de literacia em saúde no que se refere, como dizia há pouco, a alimentação saudável, cessação tabágica, bem como criar condições para a prática de atividade física regular, enfim investir junto da população com campanhas de sensibilização para a importância de ter uma vida saudável dando ferramentas para as alterações do estilo de vida que são necessárias.

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