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Qual o impacto da Disfunção Erétil na vida do casal? Uma séxologa responde

Em Portugal, estima-se que 500 mil homens (13%) sejam afetados pela Disfunção Erétil. Além disso, estudos indicam que apenas 1 em cada 6 procuram tratamento, sendo que 50% acaba por desistir.

A disfunção erétil é a incapacidade persistente de obter ou manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória. As causas são variadas e podem ser de origem física/orgânica, psicológica ou, até, mista. Afeta os homens de todas idades, não sendo exclusivo aos mais velhos.

À semelhança de outros temas da esfera íntima, a sexualidade continua a ser um tabu na nossa sociedade. Não é por isso de admirar que este seja também um tema evitado e, por isso, seja tão importante e urgente falar sobre ele. Em entrevista à LuxWoman, Catarina Lucas, psicóloga clínica, sexóloga e terapeuta de casal, abordou a problemática da Disfunção Erétil e o impacto que tem no homem e, até, no casal.

Como surge a Disfunção Erétil?

As causas da disfunção erétil podem ser de origem física/orgânica, psicológica ou mista. As causas físicas são mais comuns em homens com mais de 50 anos e podem incluir doenças cardiovasculares, perturbações hormonais, diabetes, cirurgias na zona pélvica ou efeitos secundários de terapêuticas medicamentosas. Por seu lado, as causas psicológicas são mais comuns em homens jovens, tendencialmente  abaixo dos 40 anos. A ansiedade é uma causa muito comum para a disfunção erétil, assim como problemas emocionais ou no relacionamento com o/a parceiro/a. A depressão, os traumas sexuais e as expetativas irrealistas também podem estar associados ao surgimento da disfunção.

Além disto, alguns fatores relacionados com o estilo de vida também podem associar-se ao desenvolvimento da disfunção, como o tabagismo, o consumo de álcool, sedentarismo, entre outros.

Catarina Lucas, psicóloga clínica, sexóloga e terapeuta de casal

Catarina Lucas, psicóloga clínica, sexóloga e terapeuta de casal

Existe alguma forma de prevenção?

Há algumas medidas que podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver uma disfunção erétil, como manter um estilo de vida saudável, controlar o peso, fazer exercício, controlar o consumo de álcool, manter uma dieta saudável, controlar eventuais condições médicas, gerir a ansiedade e cuidar da saúde mental, promover relacionamentos amorosos saudáveis e manter uma comunicação aberta.

Estas estratégias potenciam a vivência de uma sexualidade mais satisfatória.

Qual a faixa etária mais afetada?

A disfunção afeta homens em qualquer idade, sendo cada vez mais comum a sua ocorrência em homens jovens.

Alguns estudos indicam que a disfunção erétil pode afetar cerca de 5% dos homens na faixa etária abaixo dos 40 anos, cerca de 10% na faixa etária dos 40 anos e mais de 50% em homens com mais de 70 anos.

É este um tema tabu entre os homens? Porquê?

A sexualidade, por ser um tema da esfera íntima, continua a ser um tema tabu na nossa sociedade, sobretudo no que diz respeito às disfunções sexuais.

Embora se tenha percorrido algum caminho nos últimos anos no sentido de se alertar para a necessidade de procura de tratamento, a disfunção erétil ainda tem associado um elevado nível de desconforto e, até, vergonha.

A cultura, o estigma, as pressões sociais e até o impacto nas relações, fazem com que o homem continue a sentir vergonha pelas dificuldades ao nível da ereção, condicionando a sua autoestima e a sua perceção de valor.

O que pode ser feito para mudar?

É importante continuar a sensibilizar e a educar para a necessidade de eliminação de sentimentos de vergonha, já que a consciencialização e educação sobre saúde sexual são essenciais para combater o estigma e estimular os homens a falar sobre as suas dificuldades.

Estima-se que esta problemática afete cerca de 500 mil homens (13%) e estudos indicam que apenas 1 em cada 6 procuram tratamento, sendo que 50% acabam por desistir. A que conclusões chegamos quando olhamos para estes números?

Ao olharmos para esses números somos obrigados a refletir sobre a elevada prevalência, mesmo existindo uma suspeita entre a comunidade científica de que estão aquém da realidade devido à subnotificação e falta de procura de tratamento, fruto da vergonha que gera um sofrimento escondido.

Os números destacam a necessidade de aumentar a consciencialização sobre a disfunção erétil e educar os homens e seus companheiros/as sobre a importância de procurar tratamento. Isso pode envolver campanhas de saúde pública, educação nas escolas e locais de trabalho, bem como esforços contínuos para desmistificar o problema e eliminar o estigma associado a ele.

Por outro lado, alertam-nos também para os desafios no tratamento. O fato de que 50% dos homens que iniciam o tratamento acabam por desistir sugere que pode haver desafios significativos no processo de tratamento da disfunção erétil, como o acesso aos cuidados de saúde, efeitos colaterais dos tratamentos, falta de eficácia percebida ou outros fatores individuais e psicossociais que dificultam a adesão ao tratamento.

Por fim, destaca-se ainda a necessidade de uma abordagem holística no tratamento da disfunção erétil, que leve em consideração não apenas os aspetos físicos, mas também os aspetos psicológicos, emocionais e relacionais do problema.

Chegou a Portugal o primeiro tratamento de venda livre para esta problemática. Do que se trata e o que promete?

Chegou recentemente a Portugal o primeiro tratamento de venda livre para a disfunção erétil, em formato gel, de aplicação tópica, e que ajuda os homens – tenham eles disfunção erétil ligeira, moderada ou grave – a conseguir uma ereção em 10 minutos.

Chama-se Eroxon e apresenta um elevado perfil de segurança, com uma incidência muito baixa de efeitos secundários locais e sem interação com outros medicamentos. Além disso, pode ser incluído na dinâmica do casal, como preliminar, podendo até ser aplicado pelo/a parceiro/a.

Está disponível em farmácias e espaços de saúde e não necessita de receita médica, contudo, em alguns casos – como por exemplo pessoas com outras condições médicas associadas (problemas cardíacos) – é importante consultar um médico.

Embora afete diretamente o homem, quando se está numa relação o/a parceiro/a é também afetado? De que forma?

A disfunção erétil pode afetar de forma significativa a vivência da sexualidade do homem, mas também a vida do casal, tanto no domínio físico como psicológico.

A disfunção interfere com a capacidade de usufruir de uma sexualidade satisfatória, ao mesmo tempo que pode condicionar a autoestima dos dois membros do casal.

Fruto de ideias pré-concebidas, continua a existir uma pressão muito grande que é colocada no homem no que se refere ao seu desempenho e, quando o desempenho não corresponde à expectativa, geram-se sentimentos de insegurança, de desvalorização e de inferioridade, o que potencia os sintomas de ansiedade e, consequentemente, o problema é agravado. De igual modo, este problema pode afetar o/a parceiro/a, no sentido em que, não raras vezes, assume uma responsabilidade pelo sucedido, culpabilizando-se pela ausência de resposta sexual do homem.

Quando o problema se instala, toda a dinâmica do casal pode ser afetada, gerando distanciamento e arrefecimento dos laços e intimidade do casal.

Que medidas pode tomar o casal para lidar com este problema?

Quando um casal enfrenta o desafio da disfunção erétil, é importante abordar o problema em casal, como uma equipa. Algumas das medidas para que o casal possa lidar mais eficazmente e serenamente com o problema podem passar por:

  • Comunicação aberta e apoio: manter uma comunicação aberta e compreensiva é essencial;
  • Informação e educação sobre a disfunção: o casal deve procurar informação, nomeadamente causas e tratamentos. Devem ainda entender que não existe culpa face à situação;
  • Explorar outras formas de intimidade e sexualidade: descentrar da penetração e procurar outras formas de gratificação como as carícias, o afeto, entre outros;
  • Explorar diferentes técnicas e brinquedos sexuais: alargar o repertório sexual é importante;
  • Procurar ajuda e tratamento: é importante entender que os sintomas da disfunção pode ser minimizados, existindo um novo produto no mercado, com menos efeitos secundários e de venda livre;
  • Manter um estilo de vida saudável e uma dinâmica de casal saudável.

Que outros desafios íntimos encontram os casais?

Os casais podem enfrentar uma variedade de desafios íntimos que podem afetar sua relação e vida sexual, como, por exemplo, os problemas de comunicação, as discrepâncias no desejo sexual, a rotina e monotonia, o stress e as preocupações externas, a falta de tempo para a intimidade e para o casal, os traumas ou experiências passadas, entre outros.

Como podem resolvê-los?

Lidar com esses desafios requer empatia, compreensão e compromisso por parte de ambos os parceiros. É importante reconhecer que os desafios íntimos são normais em qualquer relacionamento e que procurar soluções quando necessário, pode ser benéfico para fortalecer a conexão emocional e sexual entre o casal.

Assim, algumas estratégias podem passar pela comunicação eficaz, pela redefinição de expectativas mais realistas, criar conexão emocional, experimentar coisas novas, cuidar da saúde e reconhecer as diferenças individuais de cada um.

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