Sempre que abordamos um qualquer tipo de Relação, um elemento referido como sendo um dos principais desafios é a comunicação. A Arte de Entender e ser Entendido e que nos remete a tantos outros diversos temas a montante e a jusante –Autoconhecimento, Vivência das emoções, Empatia vs. Simpatia e diversos outros…
A Comunicação está sempre presente nas nossas relações, não há como fugir. E sendo que a qualidade das nossas relações dita a qualidade da nossa vida, vamos começar por observar seis erros que potencialmente cometemos na comunicação e como melhor comunicar nessas situações!
1| Não empatizar com a dor do outro
Quando o outro lhe diz “tive um dia difícil” e quase de imediato responde “e o meu? Nem imaginas o que aconteceu” ou “amanhã vai ser melhor”. Acreditamos que estamos a gerar conexão, ao partilhar também a nossa dor ou ser simpáticos, só que não!
Como melhor podemos comunicar nestas situações? “Conta-me mais”, “Queres falar sobre isso?” ou “Como te sentes?”, são algumas das alternativas. E assim, está a criar espaço para a escuta, empatia e a deixar que o outro se sinta visto.
2| Responder à arrogância com arrogância
As pessoas que mais precisam de amor, são as que muitas vezes o mostram de forma mais arrogante e agressiva. E muitas vezes, porque mexe em alguma ferida nossa, acabamos por responder na mesma moeda, gerando uma gigante bola de neve.
Como podemos lidar com isto? Se responder com amor e honestidade, está a dar ao outro o que necessita, ainda que não o digam ou percecionem no imediato
Ainda assim, poderá dizer, que essa pessoa não merece amor. Não recomendo isto a quem está a ser física, mental, psicológica e verbalmente abusivo. Aí é preciso ajuda profissional. Porém, no dia a dia há muitas situações que se resolvem com AMOR sob a forma de escuta do que o outro tem para dizer, sob a forma de perguntas ao invés de julgar de imediato.
3| “Necessito de tempo para mim”
O que é que está errado quando dizemos ao nosso parceiro/a que “necessito de tempo para mim”? Não dizer porque é que precisamos de espaço e como é que o vamos usar.
Quando não o fazemos, e só dizemos que precisamos de tempo, estamos a abrir espaço para a mente do outro criar histórias, interpretações e dúvidas desnecessárias. Escolha uma comunicação clara, de confiança, responsável, verdadeira.
Achamos mesmo que o outro tem de ler a nossa mente e saber o que precisamos? Ou compete-nos a nós dizê-lo a cada momento? É essencial e saudável para qualquer relacionamento, haver tempo para cada um sozinho, para cada um com os seus amigos e tempo para o relacionamento
4| Crítica sem empoderamento
Quantas vezes dizemos “estou sempre a dizer-te o mesmo e nunca fazes como te peço”, quase como Ultimatum.
Esta linguagem cria um ambiente não seguro para alguém crescer e mudar. A pessoa sente-se desmoralizada, rejeitada e nem tenta porque sente que nunca conseguirá.
E se perante um desafio, lhe disser, por exemplo: “Eu acredito que temos uma relação forte e que podemos resolver isto juntos” ou “A minha proposta é… o que pensas sobre isto? Como o podemos fazer?”.
5| “Parece que já não queres saber de mim”
Usamos por vezes este tipo de linguagem pouco saudável– linguagem que questiona a conexão, ameaçadora.
E será mesmo verdade? Podemos sentir-nos dessa forma, mas será mesmo real? É importante ser curioso sobre o nosso sentir. Vivenciar as nossas emoções antes de apontar o dedo ao outro ou de o responsabilizar pelas nossas carências.
Pode começar por se perguntar: “Quando é que me sinto assim?”, “Quando o meu/minha parceiro/a chega tarde a casa?”, “Quando não ajuda nas tarefas?”.
E ver, com exemplos práticos, se isso é verdade ou não. No final, a comunicação talvez passe a ser: “há momentos em que sinto que não queres saber do meu tempo, mas também houve momentos desta semana em que me fizeste sentir muito amada. Contudo é importante para mim, entender porque fazes determinadas coisas e como me sinto nesses momentos”
6| O ego que cala
Colocar o ego de lado e dizer o que necessitamos, é de extrema importância. Habitualmente, vamos por caminhos indiretos tentar conseguir que o outro nos reconheça e valide, o que resulta em frustração, desânimo, revolta e mágoa. Por exemplo, quando descrevemos tudo o que andamos a fazer à espera que a pessoa nos valide, reconheça que somos excecionais.
Convido-vos a respeitar o que precisam e querem e a partilhar com o outro/a. Seja atenção, seja validação do desempenho, da coragem em alguma iniciativa/projeto, seja tempo de qualidade ou carinho…
Quais dos 6 erros têm estado mais presentes nas suas Relações?
Artigo de Opinião de Sílvia Pereira Araújo
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