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Susana Cereja: “Há muito que desejava um momento como este”

Susana Cereja foi a artista convidada para participar na Bienal de Arte Têxtil, que se encontra a decorrer na Eslovénia até dia 10 de agosto. A viagem começou com uma residência artística, que durou três semanas, e culminou na inauguração da peça Helia na sua exposição individual ‘Icarus – A Journey in Search of the Sun‘, e num workshop de Arraiolos. Para além da participação neste evento, foi também convidada para o Peninsulares – 4º Encontro Ibérico de Arte Têxtil Contemporânea, que está no Museu de Lanifícios, na Covilhã, até dia 30 de setembro. A artista portuguesa conta-nos mais pormenores desta experiência, bem como do seu percurso artístico. 

Como surgiu o convite para participar na Bienal de Arte Têxtil?

A Bienal Têxtil de Kranj, na Eslovénia, trabalha o Património, tanto na sua conservação como na sua inovação no contexto da Arte Contemporânea, como da Sustentabilidade. Ao descobrirem o meu trabalho, através de um curador que já havia trabalhado com ambas as partes, acharam que eu me encaixava na perfeição no festival, tanto em termos de investigação “heritage” como na temática (o tema central da Bienal deste ano é o Sol), e, posto isto, convidaram-me para ser uma das artistas de destaque deste ano. A Bienal também deseja, cada vez mais, ir além fronteiras e, por isso, fez-lhe todo o sentido convidar-me por eu trabalhar uma técnica secular tão Portuguesa como é o caso do Arraiolos. 

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Susana Cereja durante o processo criativo da peça “Helia”

O que significa para si ser uma das artistas de destaque deste ano?

Significa muito! Há muito que desejava um momento como este. Adoro experiências profissionais diferentes, bons desafios, mostrar ao mundo o que faço, quando possível, na primeira pessoa. Por isso, nada melhor do que este convite para Bienal, que incluiu uma exposição, um workshop para a comunidade e uma Residência Artística em que estive in situ durante três semanas.

Na exposição ‘Icarus – A Journey in Search of the Sun, que temas abordam as suas obras? Quais foram as inspirações?

As minhas obras têm temas centrais que naturalmente se ramificam, mas os dois grandes são a exploração técnica constante e a Mulher. E quando digo Mulher não falo num sentido extremamente político e activista, mas que naturalmente acaba por se ligar. Desde criança, sinto uma necessidade inexplicável, e que me ultrapassa, de proteger as “minhas mulheres” e penso que isso continuou no meu trabalho artístico e processo criativo. Gosto de pensar que acordo “Mulheres adormecidas”, que lhes desperto a chama, perspicácia e instinto que naturalmente todas temos. É interessante que com a Bienal descobri que o meu trabalho é muito mais do que isso, que deixa um rasto de vida e luz por onde passa, o que está também muito ligado a mim, ao que eu aspiro e à minha forma de viver e ver o mundo em que me encontro.

 Peça Helia

A peça “Helia” na exposição ‘Icarus – A Journey in Search of the Sun’,

No caso da peça Helia, concebida especificamente para a temática central da bienal – o Sol – qual é a mensagem e como foi o processo criativo?

O processo foi muito natural e lembro-me das palavras da diretora Zala Orel, assim que terminamos a primeira reunião Penso que não vais ter dificuldades em fazer um trabalho sobre o tema Sol, já que tu és o Sol em pessoa!, e ainda mal nos conhecíamos.

Muito investiguei sobre o Sol, inclusive as questões ambientais associadas e decidi ver esta estrela como algo positivo e feminino. Ver o Sol não como “O Sol” mas sim como “A estrela Sol”. Em Português e em muitas outras línguas associamos o Sol a um nome masculino quando a ele nos referimos, mas na realidade o Sol é uma estrela e para mim Sol é Luz, é Vida, e quem dá à Luz e gera Vida é a Mulher. Que Ser poderoso não é? Não só por poder dar à Luz, gerar vida (que nem todas o conseguimos fazer por questões biológicas), mas por tudo o resto. E, por isso, decidi ver a Estrela Sol como uma Mulher que gera vida e alimenta a terra, daí a obra se chamar Helia. Helia é o nome feminino para Deus do Sol, Helius

Sempre se interessou por arte? Esta sempre fez parte da sua vida?

Sim. Não me lembro de mim sem estar a desenhar, pintar ou na tentativa de esculpir, mesmo não tendo quaisquer noções técnicas na altura. Desde pequena, que sempre o fiz. No secundário ingressei em Artes Visuais, na universidade em Arquitectura e simultaneamente em Ilustração e Desenho; e, mais tarde, novamente em Desenho. O projeto apenas se tornou público em 2017, quando criei redes sociais e website, mas, na realidade, começou muito antes.  Em 2015 comecei as primeiras investigações e experiências com a Técnica de Tapeçaria em Ponto de Arraiolos. 

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Exposição ‘Icarus – A Journey in Search of the Sun’

Profissionalmente, quais são os seus sonhos?

Acima de tudo, e há uns dias ouvia isto e fez muito sentido para mim, “a maior recompensa para alguém que trabalha é mais trabalho”. Por isso, o meu maior sonho é continuar a trabalhar e continuar a amar o que faço até ser muito velhinha (e cheia de estilo!).

Se falarmos em mais sonhos/objectivos, estes serão expor cada vez em mais e em sítios  melhores; continuar a fazer projectos que me realizam e me mostram ao mundo; e entrar na casa das pessoas a partir do meu trabalho!

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