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Turismo industrial de Moda – oportunidades inusitadas para as férias

E porque a moda não se limita à aquisição de bens os quais, convenhamos, não são de primeira necessidade, estando nós no verão, partilho uma abordagem mais eclética com a qual poderemos facilmente integrar a família e amigos nos nossos programas de férias.

Para quem se revê no conceito mais alargado de “moda” e deseja atividades mais interativas, o turismo industrial apresenta-se como uma experiência a concretizar.

Fiação Portuguesa para moda

Fiação Portuguesa para moda

Vale a pena, contudo, enquadrar o tema e perceber melhor do que falamos: de acordo com a Rede Portuguesa de Turismo Industrial, Turismo Industrial “são as experiências decorrentes de atividades desenvolvidas em locais de Indústria Viva ou Património Industrial, relacionadas com os produtos e os processos de produção, ou com o passado histórico e cultural das mesmas, dirigidas a visitantes nacionais e internacionais” (Industrial, 2021, p. 4).

Alguns autores consideram que Turismo Industrial é a visita a locais onde se produz algo, estejam estes em funcionamento ou não. Outros autores subdividem claramente o Turismo Industrial entre visitas a Património Industrial (fábricas que já não se encontram em funcionamento) e a Indústria Viva (unidades produtivas que se encontram em funcionamento e são visitadas durante o seu período normal de funcionamento).

Indústria nacional de Têxtil e Vestuário

Indústria nacional de Têxtil e Vestuário

Se analisarmos de forma mais abrangente, não é difícil concluir que o Turismo Industrial passou a representar uma área estratégica dentro da entidade Turismo de Portugal.

Não sendo uma prática nova em Portugal, a Indústria Viva tem vindo a destacar-se e ganhar interesse face às Visitas ao Património Industrial. Em primeiro lugar por ir além das retrospetivas mais históricas que fábricas inativas e museus nos contam, depois, porque valorizamos cada vez mais experiências imersivas, táteis, práticas transparentes, éticas e sustentáveis:

As visitas a Indústrias Vivas devem ser consideradas de interesse turístico pela descoberta autêntica da cultura da empresa, por proporcionar o conhecimento da comunidade local envolvente e pela oportunidade de experimentar, provar e comprar produtos locais (Savoja, 2012).

E porque é pela MODA que aqui chegámos, somos presenteados com uma panóplia de oportunidades para este verão:

Acabamentos em fiação têxil

Acabamentos em fiação têxil

Começando pelo Norte, na Bacia do Ave, a empresa Têxtil Nortenha, abre portas aos visitantes às terças-feiras, pela manhã.

Em Vila Nova de Famalicão, podemos visitar o Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave. O Museu encontra-se instalado na antiga fábrica de Fiação e Tecelagem de Lã – A Lanifícia do Outeiro, Lda.

A marca de moda sustentável ISTO. também nos proporciona uma abordagem inovadora ao conceito de turismo industrial, batizando o seu projeto de FACTOURISM: os clientes da marca são convidados a visitar as fábricas parceiras da marca. NGS Malhas e Junius Têxteis, em Barcelos, Lamosa Jeans, Somelos Tecidos e Etilabel, em Guimarães, Docas Confeções e A. Ferreira & Filhos, em Vizela, Tetribérica, em Trofa, Burel, em Manteigas, Fiorima e Orfama, em Braga, Louropel, em Vila Nova de Famalicão e Modcom, na Póvoa de Varzim são então as empresas-parceiras da marca passíveis de visita.

Em Vila Nova de Gaia não perder a visita ao recém-inaugurado Museu da Moda e dos Têxteis.

Museu da Moda e dos Têxteis

Museu da Moda e dos Têxteis

O município de São João da Madeira, que celebra já uma década de iniciativas nesta área, disponibiliza 22 locais de visita, nas áreas de fabrico de calçado, lápis, passamanarias, chapéus, colchoaria, etiquetas e autocolantes, têxtil e metalurgia.

São 14 empresas, um núcleo histórico e os museus da Chapelaria e do Calçado. De entre as fábricas que recebem visitantes, destacam-se a Viarco (única fábrica de lápis do país), a Fepsa (felpos para chapelaria), a Cortadoria Nacional do Pêlo, a Belcinto, a Monte Campo.

Lápis da Viarco

Lápis da Viarco

Já em relação ao Museu do Calçado de S. João da Madeira, para além do espólio permanente, está patente até 25 de Setembro a exposição “A beleza sob a pele. O calçado de René van den Berg”. No Museu da Chapelaria podemos ver até ao final de abril de 2023 a coleção do criador nacional Luís Stoffel.

Produção de calçado em S. João da Madeira

Produção de calçado em S. João da Madeira

Em ambos os museus, mas só até 14 de agosto, é possível ainda descobrir sapatos, chapéus, vestidos e outros acessórios de moda da coleção particular de Amália Rodrigues. Esta exposição, intitulada “Amália Mulher”, dá-nos a oportunidade de conhecer um pouco melhor a relação particular da fadista com a moda, lembrada que é por vestir sempre de preto, cabelo curto, sobrancelhas marcadas, eyeliner preto e batom vermelho.

Vale a pena espreitar a conta de Instagram do município, dedicada ao turismo industrial @turismoindustrialsjm.

Integrado na rota do Turismo do Centro de Portugal, o Museu do Linho, em Várzea de Calde, concelho de Viseu, salvaguarda e preserva a tradição do linho e da lavoura tradicional.

As fábricas Ecolã e Burel Factory, sediadas em Manteigas, também abrem as suas portas aos visitantes, os quais poderão ter contacto e familiarizar-se com a matéria-prima burel – um tecido resistente e impermeável que é inteiramente feito a partir da lã de ovelha bordaleira, da Serra da Estrela, assim como ficar a conhecer os processos a montante da obtenção do tecido, ou seja, a sua fiação, tecelagem e pisão (bater e escaldar o tecido burel).

Artigos da Ecolã

Artigos da Ecolã

Ainda em Manteigas, o Hotel da Fábrica, também nos conta a história do ciclo da lã, do burel e da própria empresa Ecolã, criada em 1925.

 Na Covilhã, temos dois pontos de referência nesta jornada:

– o New Hand Lab, antiga Fábrica António Estrela/Júlio Afonso, hoje um laboratório criativo que acolhe as iniciativas de criadores locais, permitindo-nos ainda ver as máquinas em que a lã era transformada em fio.

– o Museu dos Lanifícios da Universidade da Beira Interior, na Covilhã, onde podemos conhecer a história antiga desta tradição regional.

Segundo o site do Turismo do Centro de Portugal, “nestes dois últimos museus são homenageados os empresários e os operários que trabalharam na indústria têxtil desde 1920 até à atualidade. O seu acervo é inestimável para a compreensão e valorização do ciclo da lã, sendo possível aos visitantes tomar conhecimento de todo o processo de transformação da lã desde a tosquia, lavagem, cardação, fiação, tinturaria e tecelagem”.

Um pouco mais a Sul (ainda integrados na rota do Turismo do Centro de Portugal) temos o Museu Industrial e Artesanal do Têxtil, em Mira de Aire, concelho de Porto de Mós.

Lisboa acolhe o Museu do Design e da Moda. Contudo, o edifício encontra-se em fase de renovação não estando aberto ao público. Várias instalações são apresentadas em outros locais da cidade, pelo que aconselhamos uma visita periódica ao site institucional.

Artigo de Opinião de Elsa Dionísio

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