O cinema tem por vezes um poder estranho… Assim como a literatura. Falo da capacidade de nos transportar para a nossa própria vida, vendo-a de uma perspetiva diferente, como espetadores.
Porque o cinema, assim como a literatura, fala de vidas como as nossas, de acontecimentos iguais aos nossos e de um mundo que é nosso e que nos rodeia, mais ou menos abstrato e com maior ou menor adereços de ficção científica. Eu prefiro as obras mais cruas e simples, livres de qualquer adereço, que falam da vida como ela é, na sua essência.
Assim é ‘Boyhood’, um filme que pouco tem de blockbuster, uma obra que nos transporta para uma vida que poderia ser a de qualquer um de nós. Talvez porque tenha demorado 12 anos a ser concluído, sendo o objetivo o real crescimento das suas personagens, ou simplesmente pela visão realista de Richard Linklater, o realizador, certo é que ninguém lhe ficará indiferente.
A longa-metragem começa com Mason (Ellar Coltrane), com 6 anos, e a sua mãe, Olivia (Patricia Arquette), que o vai buscar à escola. Na altura, Mason tem uma irmã, Samantha (Lorelei Linklater) e já não vê o pai, Mason Sr. (Ethan Hawke) há um ano e meio. Do início da história até ao final – até Mason atingir os 18 anos e entrar para a universidade –, o filme nada mais é, na verdade, do que a história de um rapaz cujos pais estão separados e das suas peripécias e aventuras.
Mas ‘Boyhood’ traz-nos, acima de tudo, a história de um rapaz norte-americano (que podia ser europeu, brasileiro, africano ou japonês…) e das suas dúvidas e incertezas durante um período pouco fácil, em que conheceu dois padrastos – alcoólicos – e em que teve de lidar com todas as conquistas e derrotas típicas da adolescência, como a primeira cerveja, a primeira namorada, o primeiro desgosto de amor…
Traz-nos também a história de um pai e de uma mãe e das suas próprias conquistas e derrotas, durante um período em que os filhos passam do colo para a rua e da proteção de casa para um mundo que os acolhe, às vezes, sem piedade…
‘Boyhood’ fala-nos da vida. Porque a vida é mesmo assim: somos aquilo que conseguimos ser e o que ambicionamos (por vezes, nem sempre!). Tentamos dar o melhor e passar o melhor para os nossos filhos, prepará-los, para os lançar, depois para este mundo que tem tanto de cruel como de bom….
Estreia a 27 de novembro, nos cinemas NOS Audivisuais.
Para fazer uma retrospetiva deste mês, reunimos, na redação LuxWoman, os favoritos nas categorias: roupa, produto de beleza, restaurante ou esplanada,...
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