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Voltar à Terra: do blog ao livro

Da alimentação às rotinas , das receitas ao exercício físico , dos costumes aos tratamentos de beleza , inúmeras sugestões que passam, ainda, por escolhas de espaços únicos , onde corpo e alma se unem para uma experiência sem igual. É assim o novo livro da atriz Anabela Teixeira , ‘Voltar à Terra’.

Em 2011 uma personagem que interpretou na novela da SIC, ‘Rosa Fogo, ‘, foi a responsável pela mudança dos seus hábitos alimentares . Aos poucos, foi reeducando toda uma postura de vida que passou do prato para os cuidados de beleza e até para a casa . Da vida, passou para o mundo online criando o blog Voltar à Terra . Agora, o blog dá origem ao livro com o mesmo nome. Falámos com a atriz.

Como surgiu todo o projeto Voltar à Terra?

“Em 2011 fiz uma personagem numa novela que tinha cancro, um flagelo que não tinha noção que afectava tantas pessoas em meu redor. Foi uma performance intensa, que mudou a minha vida, pelos testemunhos que me ofereceram, por aquilo que li. E então comecei aos poucos a introduzir hábitos mais saudáveis na minha vida: a comprar produtos de alimentação biológica, a fazer limpezas ecológicas (não há químicos em minha casa), a comprar produtos biológicos também para o corpo e rosto tanto para mim como para o meu marido. Esta atitude surgiu também como uma homenagem aos meus avós que eram agricultores.”

A sua ligação à terra é muito forte. Porquê?

“Os meus avós eram agricultores. Desde os quatro anos de idade que estar perto da natureza, para mim, é como ter um tesouro. Sempre me senti privilegiada por poder estar no meio da floresta. O medo das trovoadas, as rezas da minha avó, brincar com as pedras, ir com as minhas tias muito cedo levar a merenda ao meu avô que, no cimo da serra, tirava resina dos pinheiros… Dormir sestas debaixo das árvores, arranhar as pernas com silvas no meio das amoras, apanhar batatas e pisar as uvas na adega, entrar para dentro da pipa… O sabor das batatas cozidas, esmagadas com tomate e azeite sempre me ficaram na memória como um sabor único e natural. Um sabor que agora tento recuperar nestas conversas com agricultores com as mesmas preocupações e ligação à terra que conheci nos meus avós. Eles tinham animais que cresciam em liberdade. E abelhas. O meu avô também se dedicava à apicultura. Poucos sabem da importância que as abelhas têm no nosso ecossistema! Voltei a ouvir isto da boca de uma bióloga que se tornou uma amiga. E, de repente, tudo fez sentido. É preciso voltar às árvores, à criação de animais ao ar livre, voltar a aproveitar recursos naturais e nacionais.”

Acha que, de certa forma, estamos todos pouco ligados à terra? Devíamos estar mais?

“Ouvi esta frase de um antropólogo: estamos todos ligados à Terra através da gravidade e do ar que respiramos. Este ar que respiramos une-nos às árvores, às plantas, aos animais. A ecologia é a base da nossa essência como espécie e essa ligação nunca a vamos perder.”

Faz falta, essa ligação?

“Sinto que faz falta termos hábitos mais ecológicos. Foi isso que tentei mudar na minha casa: alimentação biológica, limpezas ecológicas, desperdício zero, reciclagem, comprar de forma consciente. Tudo isto são coisas que nos fazem voltar às origens e a essa ligação profunda que temos com o planeta.”

Sente que, de alguma maneira, dá valor ao que vem da terra pela educação que lhe deram os seus pais?

“Os meus pais, como digo no livro, são os primeiros ecologistas que conheci e os meus avós eram agricultores e tratavam a natureza e a Terra como se pertencesse à família. Dedicaram toda a sua vida à natureza e a viver dela; o que ofereciam à Terra ela retribuía em dobro. Os meus pais proporcionavam-me, desde a infância, férias nessa casinha no meio da floresta, à qual eu hoje chamo de ‘meu tesouro’. Um tesouro que agora foi totalmente devastado pelas cinzas mas que a natureza se encarregará de recuperar.”

Acha que os pais de hoje não valorizam tanto esta ligação à terra?

“Felizmente, conheço bastantes pais que valorizam a Terra. Muitos tentam colocar os filhos em escolas com consciência ecológica. Há várias escolas deste tipo em Portugal e, dentre elas, destaco a escola Verdes Anos da minha colega atriz Joana Seixas. Há também quintas pedagógicas onde se pode levar as crianças a passear, dando-lhes uma alternativa saudável ao consumismo e capitalismo dos centros comerciais. É raro ver uma criança enervada num supermercado biológico e muito frequente ver crianças com crises de nervos em grandes superfícies comerciais!”

Como tem sido o feedback do livro?

“Muito bom. Há muitas pessoas que o compram e o usam como manual prático, dizendo-me me que está a ajudar e que é muito bonito, o que me torna muito feliz. Já me disseram que é assim como que uma leitura verde que dá gosto colocar junto a outros livros.”

É uma pessoa feliz, a viver desta forma, com esta ligação à terra?

“Sempre que me ligo com a natureza e a ecologia é quando me sinto mais feliz. Representa o mesmo prazer de plenitude como quando trabalho como atriz em projectos que me dão prazer e me fazem sentir livre e criativa.”

Está “em paz”, como sugere no livro?

“Estou em paz mas ativista. Estar em paz não significa estar parada. Há muito para fazer.”

A sua sugestão é “voltarmos às raízes de quem somos”.. Voltou à sua?

“Continuo nesse processo de aprendizagem e como adoro viajar e agora vivo também em Madrid, as minhas raízes viajam sempre comigo.”

Que projetos profissionais tem em mãos, atualmente?

“Vários projetos dos quais não posso ainda falar. E estou a investir na minha formação. Gosto sempre de estar em Madrid perto do Estúdio Corazza onde posso aprofundar os meus conhecimentos: dançar, cantar e claro praticar o meu espanhol.”

‘Voltar à Terra’, Arena, €18,90

Fotografias de Estelle Valente e Rui Alves

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