

No dia em que se assinala o Dia Internacional da Saúde da Mulher, falamos-lhe do Líquen Escleroso Vulvar, uma doença pouco conhecida, mas com grande impacto nas mulheres
Em Portugal, estima-se que 1 em cada 30 mulheres sofre de líquen escleroso vulvar. Pouco conhecida – o que leva a um diagnóstico tardio, que pode demorar entre 5 a 15 anos-, esta é uma doença inflamatória crónica que afeta a pele da vulva, causando sintomas como prurido intenso, dor, manchas brancas e, em casos avançados, alterações na anatomia vulvar. Embora a causa exata seja desconhecida, acredita-se que fatores autoimunes e genéticos possam estar envolvidos.

Mónica Gomes Ferreira, genecolostica, co-Fundadora da MS Medical Institutes e diretora da MS Mulher e Saúde Institute
Mónica Gomes Ferreira, genecolostica, co-Fundadora da MS Medical Institutes e diretora da MS Mulher e Saúde Institute, conta-nos mais sobre esta doença desconhecida, mas com grande impacto.
O que é o líquen escleroso vulvar?
O líquen escleroso vulvar é uma doença inflamatória crónica da pele, que afeta principalmente a região genital feminina. Embora a causa exata ainda não seja totalmente compreendida, acredita-se que esteja relacionada com fatores autoimunes.
A que sinais devemos estar atentas?
Os sintomas podem ser variados. Os principais sintomas incluem comichão intensa, irritação, sensação de ardor e dor, especialmente durante as relações sexuais ou ao usar-se roupa mais justa. Com o tempo, a pele da vulva pode tornar-se mais fina, esbranquiçada e até apresentar pequenas fissuras ou cicatrizes. Em casos mais avançados, pode haver alterações na anatomia da vulva, o que afeta bastante a qualidade de vida da mulher.
Afeta as mulheres de alguma faixa etária em específico?
A prevalência em Portugal tem sido crescente e estima-se que afeta 1 em cada 30 mulheres. Pelo desconhecimento ainda existente, o diagnóstico pode demorar de 5-15 anos a ser feito. Embora possa aparecer em qualquer idade, por este atraso no diagnóstico é mais comum em mulheres na pré-menopausa.
Que tratamentos existem?
O tratamento principal é feito com cremes à base de corticoides tópicos potentes, como a propionato de clobetasol. Este medicamento ajuda a controlar a inflamação, aliviar os sintomas e evitar a progressão da doença. É seguro quando usado corretamente, sob supervisão médica.
Além disso, recomenda-se:
- Cuidados com a higiene íntima, usando produtos suaves e evitando sabonetes agressivos.
- Evitar roupa interior apertada ou sintética.
- Em alguns casos, pode ser necessário o uso de hidratantes vulvares específicos ou tratamentos com inibidores da calcineurina (como o tacrolímus), especialmente em mulheres que não toleram bem os corticoides.
- É importante frisar que o líquen escleroso não tem cura definitiva, mas pode ser controlado com tratamento regular. O acompanhamento ginecológico é essencial, porque a doença, embora rara, pode aumentar o risco de desenvolver um tipo de cancro da vulva se não for tratada adequadamente.
- O diagnóstico precoce e o tratamento correto fazem toda a diferença na qualidade de vida da mulher.
Qual a importância de um diagnóstico atempado?
Um diagnóstico preciso é essencial para garantir o tratamento adequado e evitar complicações. A confusão entre candidíase e líquen escleroso pode levar a tratamentos incorretos, que podem piorar a condição ou mascarar um problema mais grave a longo prazo como o estreitamento da abertura vaginal ou o aumento do risco de cancro vulvar. É importante consultar um médico para identificar a causa dos sintomas e iniciar o tratamento adequado.
Esta é frequentemente confundida com candidíase? Porquê?
Como partilham sintomas comuns, como a comichão, o ardor e o corrimento, a confusão é muito frequente. Por isso, é tão importante consultar um médico especialista quando surgem os primeiros sintomas ou se, por ventura, estes se mantêm persistentes. Apesar dos sintomas parecidos, o tratamento é diferente, por isso é tão importante o diagnóstico atempado.