Joana Silva, tem 29 anos, é Digital & Comms Manager na divisão de luxo da L’Oréal, mas acaba de abraçar um novo projeto. O lançamento de uma coleção de biquínis totalmente produzida a partir de plástico recolhido no mar. Com uma consciência ecológica bastante apurada, Joana Silva, ou Joana Joes, como é conhecida na sua página do Instagram, apresenta-lhe a Conscious Swimwear.
Joana Silva
É possível comprar uma peça consciente e ética e com uma qualidade premium sem deixar de se preocupar com o ambiente
Como nasceu a Conscious Swimwear?
Nasceu numa escola de costura, onde fiz alguns biquínis para mim. Fui partilhando as peças no Instagram e o feedback foi incrível. De repente, tinha pessoas a incentivarem-me a fazer alguns modelos para vender e a ideia começou a entusiasmar-me. Adoro biquínis e acho que podia trazer algo diferente e mais simples ao mercado português.
Foi difícil por este projeto em prática?
Estou a trabalhar neste projeto há 6 meses. Acho que a maior dificuldade foi o facto de muitos fornecedores portugueses não apresentarem opções amigas do ambiente. Mas é nessas alturas que falamos com amigos e conhecidos, que nos ajudam a chegar onde precisamos. Networking é essencial quando começamos um projeto destes do zero. Tive a ajuda de várias pessoas e estou muito agradecida por isso.
Qual a empresa com que trabalham para fazer a transformação do plástico para o fio?
Econyl.
Como se desenrola este processo?
Depois de se recolher o lixo utiliza-se um processo que se chama depolymerization e cria-se uma nova fibra de nylon. 100% reciclada e 100% reciclável.
O fabrico de um produto com esta matéria-prima é muito dispendioso?
A mão de obra é o mais caro. Estamos a fazer os biquínis com costureiras experientes em Lisboa, que se certificam que cada um deles está perfeito antes de o entregarem e isso paga-se. Para nós é importantíssimo que quem trabalha com a marca receba um salário justo pelo seu trabalho.
A coleção tem apenas três padrões. A que se deve?
Esta vai ser uma coleção cápsula onde vamos testar o mercado. São três modelos de parte de cima, três modelos de parte de baixo, todos em três cores/padrões e mix & Match. Na verdade, essa é outra das diferenças que apresentamos: cada pessoa pode construir o seu biquíni de acordo com os modelos que lhe caiem melhor e pode também misturar tamanhos ou até comprar uma peça individual (apenas parte de cima ou parte de baixo).
Porquê a aposta nos padrões e nos modelos escolhidos?
A Conscious vai sempre a postar em padrões simples e cores lisas. Os modelos são easy to wear – simplificam a nossa vida na praia e deixam poucas marcas.
fotos @marciasview ilustração @catarinarebeloguerra
O nome Conscious Swimwear é fácil de explicar, ainda assim, pergunto-lhe como surgiu?
Surgiu naturalmente por ser um biquíni consciente decidi chamar-lhe Conscious. Gosto de nomes literais e simples, que dizem logo tudo.
É uma coleção única ou gostaria de lhe dar continuidade?
Se for bem recebido pelo público o meu objetivo é continuar a desenhar novos modelos e ir introduzindo no mercado.
Trata-se de um projeto a solo ou trabalha com uma equipa?
É um “one man Job” literalmente. O conceito e investimento foi feito por mim, o desenho, confeção e testes dos moldes também. Todo o trabalho de redes sociais e a construção do site também. As pessoas que trabalham comigo neste momento são as minhas costureiras.
Onde vamos poder encontrar a Conscious Swimwear?
Vai estar disponível no nosso site www.consciousswimwear.com e, para já, em dois espaços físicos: na loja Fair Baazar na Embaixada (Príncipe Real) e no Selina (Ericeira).
Qual o preço das peças?
As peças são todas vendidas individualmente e estão entre os 49€ e os 55€.
Nos seus planos está o alargamento da marca a outras peças de vestuário ou produtos?
Talvez no futuro. Tenho algumas ideias, mas tudo depende de como correr o lançamento dos biquínis.
Qual é a mensagem por detrás deste projeto?
Sem dúvida uma mensagem de empowerment a toda esta nova geração de mulheres jovens que se preocupam e tentam diminuir a sua pegada ecológica. De que é possível comprar uma peça consciente e ética e com uma qualidade premium sem deixar de se preocupar com o ambiente.
Há um lado “Conscious” em tudo o que faz?
Eu tento. É um caminho longo e sinto que vou fazendo conquistas todos os dias.