Paul Theroux disse um dia: “Quando penso em viajar para qualquer lado, penso em ir para Sul. Associo a palavra ‘Sul’ a liberdade”. Sandra Nobre nasceu aí, a sul, e daí partiu para outras coordenadas. Cursou Comunicação Social e fez-se jornalista. Passou pela rádio, pela televisão, integrou a equipa do DNA, do Diário de Notícias, e do jornal SOL.
Atualmente, colabora com uma mão cheia de revistas. Gosta de escrever tanto como de viajar, e juntou esses dois prazeres no blogue www.somewhere.com.pt.
Começou um novo capítulo da sua vida profissional este ano com as Short Stories, livros personalizados que escreve à medida de cada pessoa. Depois das histórias de amor, aventurou-se no universo infantil e agora volta ao seu habitat natural, com os livros de viagens.
É aventureira e sonhadora como se impõe aos viajantes.
Mini Biografia
Idade: 37 anos
Naturalidade: Vila Real de Santo António
Blogue: www.somewhere.com.pt
No meu blogue encontra: “viagens e prazeres do quotidiano, da gastronomia à moda”
Viajar, para qualquer destino
A primeira vez que vi um baú da Louis Vuitton soube que era amor. Jurei que um dia teria um desses. Era o quanto bastava para andar pelo mundo sem morada certa. Continua arrumado no departamento dos objetos de desejo sem que isso seja um impedimento para andar feita andarilho, mas não vem mal ao mundo sonhar alto. Talvez seja daí que desenvolvi a predisposição para levar a casa comigo, às vezes a acusar excesso de bagagem à partida. Ninguém é perfeito.
Escrever em blocos…
… com uma caneta Montblanc. Adoro a colecção dedicada aos escritores. Guardo com carinho uma da Edição Limitada Carlo Collodi, o autor de Pinóquio. Achei que era adequada, dizem que os jornalistas inventam muito…
Fotografar quando não me apetece escrever
A minha Leica D-Lux 3. Não sou fotógrafa, nem pretendo. Registo momentos que me chamam a atenção, como se trocasse as palavras por uma imagem. Mais tarde, voltarei à fotografia quando estiver à secretária a escrever e viajo assim, novamente, para o lugar…
Livraria de viagens
Todos os livros de viagens. Sou apaixonada por Paul Theroux, gosto de sonhar com Bruce Chatwin, devoro a colecção de viagens da Tinta da China. Encontro-os todos na livraria Palavra de Viajante (R. S. Bento, 30, Lisboa), umas das minhas preferidas.
Os meus lugares espalhados pelo mundo
O deserto é a minha paisagem, tal como cenários vulcânicos – o Vulcão dos Capelinhos, no Faial, Açores; a ilha de Lanzarote, Canárias, Espanha; o Vesúvio, em Itália. Mas todos os viajantes acabam por descobrir o seu lugar, o meu é o reino do Butão, o país mais feliz do mundo. Sem dúvida, ‘a’ viagem. Hei-de voltar, porque parte de mim ficou por lá…
Conjugar o verbo ‘degustar’
Gosto de cozinhar. E de comer. E de petiscar. Seja numa tasca ou num restaurante com estrelas Michelin — sim, já tive o privilégio de conhecer alguns dos melhores chefs do mundo. Também me cruzei com Anthony Bourdain — gosto da personagem. Gosto de sardinhas assadas, da canja de conquilhas da Adega Vila Lisa, na Mexilhoeira Grande, do prego de bife de atum da Cervejaria da Esquina, das empadas da Charcutaria, em Lisboa, da irreverência que Hans Neuner, do Ocean, no Algarve, coloca em cada prato, do rigor do Dieter Koschina, do Vila Joya, da subtileza dos sabores de Vincent Farges, da Fortaleza do Guincho. E gosto de um bom vinho a acompanhar a refeição. De preferência entre amigos.
Seguir modas
Sou todo o terreno. Prefiro ténis e Havaianas a saltos-altos, mas guardo uns Marc Jacobs como se fossem uma peça de museu. Adoro as criações Y-3, de Yohji Yamamoto, para Adidas. Adoro o corte de Balenciaga. Tenho um fascínio por Karl Lagerfeld. Gosto dos portugueses Felipe Oliveira Baptista e Filipe Faísca e dos acessórios de Valentim Quaresma. Sinto-me nua sem óculos de sol.
O perfume (também podia ser o livro, um dos meus preferidos)
Não saio de casa sem perfume. Todos os lugares têm um cheiro que os caracteriza, as pessoas também. Eu gosto de cheirar a madeiras exóticas, a especiarias. Adoro perfumes comprados nos souks árabes. Em escala no Qatar descobri o Interlude Amouage, continuámos viagem juntos.
Mudar
Como um camaleão. Entregar-me nas ‘mãos de tesoura’ do Patrick e deixar o Fernando escolher a cor. O resultado é sempre inesperado. Ultimamente tenho andado na pele de uma loira. Nunca sei por quanto tempo…
Perder a noção do tempo…
… numa massagem. Gosto, sobretudo, de rituais ayurvérdicos. O spa do Vidago Palace Hotel é tão retemperador como a paisagem em volta.
Cinco minutos de jazz
Fazer uma pausa ao final do dia – sextas-feiras e domingos – e aproveitar os concertos do Out Jazz em vários spots da cidade de Lisboa, até Setembro.
Dançar
All night long. Em Lisboa, em Miami, nos Alpes, na Amazónia… É um vício.
Voar
Subir ao Sky Bar, do Tivoli Avenida, em Lisboa. Beber um copo. Ficar a ver passar os aviões. E escolher o próximo destino.