Na busca incessante por peças que sejam mais do que simples vestuário, mas sim “verdadeiros manifestos e declarações de personalidade”, nasceu a King Loves Zilla pelas mãos de Alexandra Lobato Faria, diretora criativa e fundadora da marca.
A King Loves Zilla é um universo de contrastes, onde a sofisticação do clássico se funde com a irreverência do streetwear, um casamento que, como o seu nome indica, une o “soberano e majestoso” King Kong à “desordem e coolness” de Godzilla.
Alexandra Lobato Faria, diretora criativa e fundadora da marca.
© Joana Linda
Intitulada Vivarium, a nova coleção da marca, que apresenta um refinamento técnico ainda mais exigente, parte de um conceito que evoca espaços de observação, estudo e contemplação da vida animal e vegetal. Com texturas evocam o orgânico e técnicas que se revelam na precisão, Alexandra joga com contrastes: tecidos clássicos como xadrezes ou caxemiras tornam-se a base para adornos inesperados, elevando peças quotidianas a objetos de contemplação
À LuxWoman, a diretora criativa e fundadora desvendou mais sobre a génese da marca, o significado por trás do seu nome intrigante, a nova coleção e os desafios de conceber peças de edição única, que estão disponíveis em exclusivo na boutique Stivali da Avenida da Liberdade.
O que a inspirou a criar a King Loves Zilla? Houve um momento ou ideia que desencadeou tudo?
A inspiração veio da minha paixão por peças únicas que, mais do que simples vestuário, são verdadeiros manifestos e declarações de personalidade. Adoro casacos expressivos e icónicos, que contam histórias. Portanto, diria que não houve um momento-chave, mas uma ideia que foi crescendo ao longo dos anos. Procurei muito este tipo de peças e, ao perceber que não existiam tal como imaginava, senti que podia ser eu a criar esse espaço. A idealizar, a dar vida às minhas ideias e a partilhá-las com mulheres que se identificam com essa visão.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Qual é o significado por trás do nome?
É a fusão de duas figuras icónicas e eternas, transversais às mais diferentes gerações. Falo de King Kong e Godzilla. Para mim, King Kong representa o soberano, o majestoso e a força que se impõe perante o caos. Já Godzilla representa a irreverência, a desordem, e a coolness do funk e do streetwear. São forças quase opostas, mas, de certa forma, complementares, que estabelecem esta fusão entre equilíbrio e impacto que dá origem às peças. No fundo, é um casamento entre o clássico e o inesperado, que não deixa ninguém indiferente.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Como descreveria o universo “muito próprio” da marca? Que emoções ou histórias quer transmitir através das peças?
A King Loves Zilla é onde o passado e o presente se encontram, entre texturas, detalhes e cores. É um universo de contrastes, onde cada peça é como uma pequena obra de arte que pretende desafiar o comum. Quero que quem as vista, sinta o poder da sua própria individualidade, de brilhar à sua maneira, com aquele carácter único que só as peças feitas à mão, com tempo e cuidado, conseguem destacar. É uma marca cheia de personalidade, sem medo de viver a vida e o que ela tem de mais bonito.
Por que decidiu que cada peça teria apenas um tamanho e modelo?
Cada peça é única, feita à mão, e isso torna-se sempre limitador. Para manter a exclusividade e garantir que todo e qualquer detalhe tem o seu lugar, cada casaco existe num único tamanho. No entanto, trabalho alguns modelos diferentes com a mesma base de tecido, mudando os acabamentos e a customização das peças. É algo característico e distintivo da marca, e penso que é também isso que a torna especial.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Como equilibra sofisticação e extravagância nos seus designs?
A sofisticação é o ponto de partida e é algo característico e necessário da marca. Gosto que as peças tenham sempre um lado elegante e cuidado. A extravagância entra depois, como forma de lhes dar personalidade e torná-las diferentes de tudo o que já existe. Tento que haja sempre um equilíbrio entre as duas dimensões para que a peça seja especial e impactante.
Qual é o maior desafio em criar peças únicas e de alta qualidade?
O meu maior desafio é a confeção. É muito difícil encontrar pessoas com experiência, atenção ao detalhe e vontade de realizar este tipo de peças. Cada casaco é feito de forma individual, com muito tempo e dedicação, e isso exige uma equipa que compreenda e acompanhe esse ritmo. Outro desafio é encontrar materiais que façam sentido: tecidos e acessórios de qualidade superior, com personalidade, e que sejam diferentes do que é mais comum. Tenho de estar sempre atenta, procurar, viajar, visitar feiras e experimentar muito.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Vivarium é o nome da sua nova coleção. Qual foi a inspiração para a mesma?
Esta segunda coleção apresenta um refinamento técnico ainda mais exigente, num exercício de alta-costura aplicada ao quotidiano. Quis criar um ecossistema próprio, onde animais, plantas e flores se manifestam através dos materiais e dos detalhes. Trabalhei tecidos ricos em motivos florais, aplicações de pedras naturais, pregadeiras vintage em prata com animais — polvos, macacos, abelhas — e desenvolvi inúmeros elementos manuais, desde micro-crochê a aplicações minuciosas, para que cada peça se tornasse um pequeno habitatt vivo.
O que significa para si lançar a marca na Stivali? Como surgiu esta parceria?
Para mim, é um motivo de orgulho. A Stivali é uma referência no mercado de moda em Portugal com anos e anos de experiência, saber que as minhas peças estão num espaço onde são valorizadas e tão bem-apresentadas por uma equipa comercial extraordinária faz toda a diferença. Não se trata apenas de vender um casaco, é importante perceber o que está por detrás: o conceito, a filosofia e o statement que cada peça representa. Por isso, esta ligação surgiu de forma natural, com respeito mútuo e vontade de mostrar algo diferente às clientes.
Alexandra Lobato Faria, diretora criativa e fundadora da King Loves Zilla, ao lado de Paula Moldes, diretora da Stivali
© Joana Linda
Sempre soube que queria trabalhar com moda?
Sempre gostei de moda, embora nunca tenha apostado nela profissionalmente. Sempre tive o meu estilo e fiz questão de acompanhar as tendências, sem que alguma vez me tenha deixado limitar por elas. Durante anos, várias pessoas incentivaram-me a trabalhar nesta área mas fui sempre adiando. Mais tarde, quando finalmente tive tempo e espaço, a ideia ganhou força e decidi avançar. Foi um processo gradual, mas aconteceu no momento certo.
Onde encontra inspiração no seu dia a dia?
Está em todo o lado. Nas viagens, nos mercados, nas peças de arte e, em especial, nos pequenos detalhes. Gosto de olhar para os meus materiais, mergulhar nas suas cores, texturas e padrões, e imaginar o que pode nascer dali. Acima de tudo, gosto de abraçar a missão de transformá-los e levá-los ao nível que merecem.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Qual foi o maior desafio que enfrentou ao lançar a sua própria marca?
Sem dúvida que o maior desafio foi entrar num mercado onde já existem muitas marcas fortes, internacionais e com grande visibilidade. E foi fazê-lo com a intenção de mostrar toda a qualidade dos produtos únicos e feitos à mão e em Portugal. Aos poucos, tenho vindo a encontrar um público que valoriza a exclusividade deste tipo de peças, feitas com tempo e com atenção ao pormenor.
Coleção “Vivarium” © Joana Linda
Qual é o maior sonho que tem para si enquanto mulher criativa e empreendedora?
Gostava que a marca crescesse, claro, mas que nunca perdesse a sua essência. O meu objetivo é que quem use uma peça da King Loves Zilla, hoje e no futuro, se sinta especial, confiante e fiel ao seu próprio estilo. E se, através da minha marca, conseguir inspirar outras mulheres a arriscarem mais e afirmarem a sua personalidade sem medos, então ficarei mesmo feliz.


