Livros
Coleciono edições de ‘O Principezinho’ em todos os idiomas. Como viajo muito, sempre que posso vou à procura das edições locais, antigas ou novas, comemorativas, o que houver. Já devo estar perto da centena. Mas não é só do clássico de Exupéry que se veste a minha biblioteca. Adoro ler, sou muito possessivo com os meus livros, e apesar de hoje em dia ter quase todos os meus pertences encaixotados, a biblioteca continua em prateleiras, disponível sempre que estou em Portugal. Gosto de muitos géneros diferentes, às vezes tenho ‘fases’, tipo ler apenas Eça durante três meses, ou meia dúzia de Saramagos de uma enfiada. Durante dois anos só li livros de autores indianos ou de estrangeiros sobre a Índia. E, claro: Salman Rushdie. É o meu autor de eleição. Li ‘Os Filhos da Meia-Noite’ três vezes e não me atrevo a ver o filme, por muito que me digam que é bom, para não destruir a imagem que construí da história.
Comida
Sou um bom garfo. E uma boa colher. E pauzinhos também. E como à mão sem qualquer problema, nos países onde assim se faz. Adoro comer. Gosto de sabores fortes, de misturar sensações, de experimentar coisas estranhas – e gosto de picante. Gosto especialmente da cozinha vietnamita, mas qualquer país asiático me seduz, em termos de sabores. Quando estou a preparar as viagens com os grupos da Nomad na Indochina, sofro por antecipação só de saber que vou voltar a comer bun cha em Hanói, fish amok em Siem Reap, beef masaman em Bangkok e chicken laap em Luang Prabang. Mas também adoro redescobrir os sabores indianos, turcos, marroquinos, italianos, chineses. E, claro está, os nossos. A cozinha portuguesa é a minha perdição. Do bacalhau à carne de porco à alentejana, dos queijos e dos enchidos aos caracóis e aos tremoços, do peixe grelhado às feijoadas, massas, tartes, pastéis… Juro que estou de água na boca, enquanto escrevo este texto. Os travesseiros da Piriquita, as queijadas da Casa do Preto, as broas de mel do Gregório. Engordo sempre que vou a casa, por pouco tempo que seja.
Listas
Já tinha a mania de fazer listas e de ‘brincar’ com números, mas desde que assisti a uma palestra do designer austríaco Stefan Sagmeister, em Oeiras, que comecei a levar mais a sério a ideia. Faço listas constantemente, mas o fim do ano é a altura mais fértil: os sítios onde fui e os sítios onde quero ir; as coisas que tenho por fazer; as experiências que me marcaram em determinado ano; as pessoas; as comidas; as curiosidades; os momentos; os filmes; a música… Basicamente faço listas de tudo, a começar pelas coisas que tenho de arrumar na mochila. E depois são os números: gosto de descobrir curiosidades e relações, coincidências, simbologias.
Sentir-me em casa
Apesar de ser viciado na descoberta, adoro quando chego a um lugar e me sinto, de certa forma, em casa. São os pequenos prazeres repetidos, a antecipação dos encontros, o conforto das rotinas. Os jardins secretos. A maior parte das pessoas tem-nos na própria cidade onde vive, mas como eu ando sempre às voltas: são os amigos para quem ligo assim que aterro em Istambul, Kuala Lumpur ou Bombaim, para combinar jantaradas e saídas, cafezinhos, o que for; é cortar o cabelo em Saigão, fazer as compras de Natal no Chatuchak Market em Bangkok, sentar-me a beber uma Efes no Urban Café, em Istambul, ou um mojito a 64 andares de altura com uma vista inacreditável sobre a capital tailandesa, no Sirocco. É tomar o pequeno-almoço no Utopia, em Luang Prabang, depois de assistir à cerimónia das almas, em que centenas de monges budistas caminham descalços para receber as esmolas do dia. É sentar-me num banquinho de plástico rente ao chão, em Hanoi, e comer um bun cha. É passear pelas ruínas de Angkor e redescobrir as histórias, os mitos, cada ínfimo pormenor.