Tony Miranda apresentou no dia 19 de outubro, em Lisboa, a sua nova coleção de moda dedicada a um tempo novo de “Liberdade” e “Paz”. Com cerca de 80 peças femininas e masculinas, o desfile do criador português juntou uma linha “couture” – pensada para ambientes de contacto social e de trabalho – com propostas da sua Coleção Privada 2023.
Juntando estas duas linhas de roupa, o desfile Recomeçar 2023 – Liberdade e Paz foi também composto por dois momentos. O inicial – noturno e um pouco nostálgico –, uma referência aos períodos de confinamento da pandemia da Covid-19. “Esta coleção é muito especial porque, quando a comecei a conceber, estava fechado no atelier e via as ruas vazias pelo medo do contágio: não havia espírito para fazer coisas alegres”, recorda Tony Miranda, que iniciou a sua carreira em Paris na Maison Joseph Camps, um mestre da alta-costura francesa, e foi diretor criativo da casa Ted Lapidus. Depois abriu a sua primeira boutique e atelier em Paris no 61 bis Av. Suffrem e, mais tarde, instalou-se no 5 Rue Cambon, no bairro da moda. No final dos anos 90, fixou atelier na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Um ambiente mais escuro voltou a rodear o costureiro português em fevereiro, quando a guerra regressou à Europa. “Quer nos piores momentos da Covid, quer no início da guerra, criei modelos com tecidos pretos e brancos e com cinzentos”, afirma Tony Miranda.
“Primeiro quase sozinho, porque quase todos os colaboradores estavam em casa; depois fui desenvolvendo novas telas em ‘moulage’: a maior parte dos modelos só foram provados em pessoas há pouco tempo”.
Verdes, rosas, azuis, dourados, prateados
Já o segundo momento do desfile representou a proposta do criador português para os anos seguintes. “Precisamos de recuperar dos traumas: precisamos de nos voltar a sentir livres!”, afirma Tony Miranda.
“A economia está a crescer, precisamos de construir uma cultura de paz, uma cultura de convívio entre as pessoas, de diálogo, de compromisso”
Por isso, o segundo momento do desfile deu lugar à luz, à cor, à esperança e à liberdade. Existiram brancos, mas também verdes, rosas, azuis, vermelhos, dourados e prateados. A seda dominou: crepes, cetins, tafetás e musselines. Muitos bordados, rendilhados e plissados. Na roupa de homem o preto e o azul dominaram – os casacos com pormenores de requinte nas golas, nas bandas e nos bolsos, alguns detalhes de pele.