Com a chegada das altas temperaturas, é urgente escolher a roupa certa para garantir conforto térmico e bem estar no dia a dia. Tecidos leves, respiráveis e com boa absorção de humidade tornam-se aliados indispensáveis para quem deseja minimizar a transpiração e manter a sensação de frescura.
Para que saiba quais são os materiais que deve privilegiar nesta altura do ano, Sofia Dezoito, Consultora de Imagem Funcional, explica porque certas escolhas fazem toda a diferença quando as temperaturas sobem.
Sofia Dezoito, Consultora de Imagem Funcional
COMECE POR LER E MANTER AS ETIQUETAS DA ROUPA
Adquirimos roupa, na maioria das vezes, sem saber ao certo o que estamos a comprar e acabamos por cortar as etiquetas das peças, antes mesmo da sua primeira utilização, porque incomodam e são desconfortáveis. Mas sabia que, sem elas, será mais difícil reciclar a peça no seu fim de vida, por exemplo?
Além disso, cada fibra tem a sua função e forma de manutenção. Se cortamos a etiqueta, como é que vamos saber quais são os materiais que compõem aquela peça de vestuário e como devemos cuidar dela, para que dure mais tempo com um ar impecável? Claro que o melhor conselho é manter as etiquetas da roupa, mas caso seja mesmo uma missão impossível, pode optar por fotografar a peça e a respetiva etiqueta e guardar para consultar quando precisar.
A DIFERENÇA ENTRE FIBRAS NATURAIS E SINTÉTICAS
Nem sempre os tecidos que parecem ser mais fluídos, mais frescos, ou mais quentes, e que até parecem ter “um bom toque” são na realidade boas opções. Não é através do toque que sabemos se aquele material apresenta a qualidade que queremos ou se está adaptado às nossas necessidades. Uma vez mais, é a nossa amiga etiqueta que nos vai dar esta informação. A roupa, e por conseguinte, as fibras que a compõem, deve ser escolhida com base no nosso estilo e objetivos de vida.
- Fibras naturais e artificiais deixam a pele respirar
Em teoria, as fibras naturais poderão ser melhores, por serem mais respiráveis para a nossa pele. Elas absorvem melhor a humidade, geram menos impacto ambiental e são confortáveis, mesmo em dias quentes. Exemplos: Algodão orgânico, Linho, Seda, Acetato, Ramie, Cupro, Modal, Lyocell/Tencel
- Fibras sintéticas tendem a aquecer e a reter suor
Além do impacto negativo em termos ambientais, por serem de origem não renovável (petróleo), as fibras sintéticas também acabam por não deixar a pele respirar, sendo geralmente muito quentes, não sendo indicadas para o verão e para a fase da peri-menopausa. Por outro lado, estas fibras sintéticas não amarrotam tanto e podem ser uma opção para quem viaja muito. Exemplos: poliéster, nylon, acrílico, elastano/lycra
ENTÃO, QUAIS AS MELHORES FIBRAS PARA O VERÃO?
O linho, o algodão (fibras naturais vegetais) e a seda (fibra natural animal) são conhecidas por serem frescas, respiráveis e leves. No entanto, também a lã fria, fibra natural de origem animal, é uma ótima opção para o tempo quente. Ela tem uma função de termorregulação natural, que a leva a ser escolhida como matéria-prima principal das roupas dos beduínos do deserto.
Também as fibras artificiais (que derivam de uma combinação de celulose e componentes químicos) se têm mostrado excelentes opções para fibras mais frescas, como é o caso da mais conhecida viscose, mas principalmente das fibras mais recentes, como o lyocel, o cupro ou o modal. Este último, por exemplo, absorve 50% mais humidade do que o algodão, de forma mais rápida, permitindo assim que a pele permaneça seca e com condições de maior respirabilidade, sendo esta fibra uma melhor alternativa para roupa íntima, por exemplo, excelente para prevenir alergias nas zonas mais sensíveis do nosso corpo.
Exemplos de fibras ideias para o verão:
- Algodão orgânico
- Linho
- Seda
- Acetato
- Ramie
- Cupro
- Modal
- Lyocell/Tencel
Algumas destas fibras já deve conhecer bem mas, talvez existam outras que não tem conhecimento e por isso aqui fica uma explicação:
- O Acetato é também conhecido como cupróxido de sódio ou seda artificial. Em contraste com o poliéster totalmente sintético (obtido do petróleo), o acetato pode absorver humidade e libertá-la no ar exterior. Os tecidos para vestuário feitos de acetato são respiráveis, de fácil manutenção e resistentes a vincos.
- A Ramie é feita de fibras naturais e é uma espécie da família das urtigas. Ramie também é chamada de linho da China. É cultivada em climas quentes e húmidos como a China, o Brasil e as Filipinas. A fibra de Ramie é espessa e longa e tem a maior resistência entre as fibras naturais.
- O Cupro é uma fibra celulósica regenerada que deriva de fibras curtas envolvidas no caroço do algodão. É 100% ético, pois utiliza todos os restos da planta que não são utlizados para a produção normal de algodão. Os tecidos em Cupro são especialmente confortáveis, já que estão associados às propriedades típicas das fibras vegetais e das fibras artificiais. O tecido é brilhante e parece-se com seda, respira como algodão e é uma maneira de o aproveitar totalmente.
- O Modal é uma fibra artificial de origem vegetal, derivada da celulose da madeira, especialmente da faia. É conhecido pela sua suavidade, respirabilidade e capacidade de absorção de humidade, sendo frequentemente comparado à seda e considerado uma alternativa ecológica ao algodão.
- O Lyocell, também conhecido como Tencel, é uma fibra artificial feita a partir da celulose da madeira, geralmente de árvores como o eucalipto, cultivadas de forma sustentável. É um tecido macio, resistente e com boa respirabilidade, sendo considerado uma alternativa mais sustentável aos tecidos tradicionais como o algodão.
Quando for comprar uma peça nova, veja sempre na etiqueta quais as fibras que a compõem, mais do que a cor ou o corte, é o tecido que faz toda a diferença no conforto.



