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Veruska Olivieri: um nome a fixar!

É psicóloga de formação e natural do Brasil. O diagnóstico de cancro da mama a par do nascimento do filho, não ditou o percurso da realidade que se seguia. Sentimentos como desalento ou tristeza viram-se substituídos por uma força que fazia seguir em frente. Em plena pandemia, criou um conceito único em Portugal. Com a Be We, Veruska Olivieri nasceu de novo.

Chegou com o marido a Portugal em 2019. Poucos meses depois de terem chegado, bateu-lhes uma pandemia à porta e o desejo de reiniciar uma vida, com um novo formato, deixou de ser um objetivo para passar a constituir um desejo. Mas porque de força se fazem os audazes, Veruska não parou e continuou sempre a apostar naquilo que sabia fazer de melhor: consultar as oportunidades e arriscar. Assim fez. Criou o conceito Be We Concepstore e foi delineando um percurso de forma gradual. Hoje carateriza-se como um conceito diferenciador, onde cada marca que representa na magnífica loja recém-inaugurada, em frente à estação de comboios, no centro de Cascais, representa, acima de tudo, uma história. A fundadora, na primeira pessoa.

Como surgiu o conceito Be We?

O conceito surgiu na pandemia. A consciência de que “só estamos bem e saudáveis quando o outro à nossa volta está bem e saudável”, de que precisamos de nos mobilizar e ajudar o próximo, de que agindo assim as coisas melhoram, para mim e para quem está à nossa volta… Tudo isto foram conceitos que ficaram ainda mais fortes para mim.

Pensava, o tempo todo, no futuro do meu filho, que iria completar 7 anos. Durante este período pensava: “esta situação toda é um alerta, se não fizermos nada enquanto humanidade, ele não vai usufruir de uma vida como aquela de que a minha geração usufrui. Sabe-se lá o tipo de dificuldade que ainda vem pela frente…” Sentia que precisava de fazer alguma coisa, que não iria mudar o mundo, mas sabia que tinha uma força de vontade enorme pra fazer alguma coisa que fosse relevante.

Pode contar-nos um pouco o seu percurso, na chegada a Portugal até à criação do conceito?

Sou psicóloga de formação. Desde o início da minha carreira, sempre trabalhei na área dos comportamentos empresariais e da liderança. No Brasil, trabalhava num programa de desenvolvimento de empreendedores, desenvolvido pela ONU, além de prestar consultoria para pequenas e médias empresas.

Sou casada com um empresário e, tanto ele como eu, levávamos uma vida muito apertada, em São Paulo, fruto do nosso trabalho. Quando o meu filho nasceu, descobri que estava com cancro da mama e que precisaria de passar por um tratamento bastante intenso e complicado. Receber uma notícia destas, ainda para mais quando com o nosso filho é recém-nascido, abala profundamente a nossa forma de ver a vida e estabelecer as nossas prioridades, comigo e com meu marido, não foi diferente. Naquele momento, decidimos que teríamos uma vida diferente. Nesta altura, ele, que é de família portuguesa, veio à Portugal e “caiu de amores” por Cascais. Viemos meses depois e então foi a minha vez de me apaixonar! Decidimos, em 2016, que iríamos morar aqui.

No início, ele veio desenvolvendo o seu negócio por aqui, mais precisamente na região de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Fundão, na área das amêndoas. Em 2018, passei a representar uma marca brasileira aqui e, no início de 2019, decidimos que viríamos definitivamente para cá em meados do ano.

Em março de 2020, começou a pandemia e ficámos todos presos em casa. Portanto, o que dantes era só uma intenção – de abrir um negócio, uma loja – começou a ganhar forma e relevância e o conceito começou a formar-se na minha cabeça: tinha de ser um lugar que contribuísse com todos os envolvidos, que tivesse relevância, que fosse rentável e relevante para mim – porque nenhum negócio é bom somente quando gera lucros – mas que também contribuísse para esse ambiente saudável que desejava tanto.

Porquê uma loja com este conceito?

O ponto aqui  foi a ideia: “pensar globalmente e agir localmente”. Eu sabia que não mudaria o mundo sozinha, mas, ao mesmo tempo, pensava que, para as marcas que aqui estivessem presentes, seria fundamental terem este mesmo pensamento e este ADN – trazer um impacto positivo, qualquer que fosse, econômico, social ou ambiental.

Não queria que a loja levantasse apenas “uma bandeira” mas que levantasse várias, igualmente importantes. Para o cliente, queria que a loja representasse – além de um lugar com coisas bonitas e com novidades frequentes – um lugar de escolhas seguras, onde se pode consumir, sabendo que, de alguma forma, se está a contribuir para um ambiente melhor.

Porquê o nome?

O nome, gramaticalmente, é um erro mas os erros, muitas vezes, são bem-vindos… Neste caso, traduz exatamente o que penso: ser coletivo. O logotipo mostra muito do que somos: o BE tem letras vazadas e o WE letras cheias, de forma a mostrar que só somos completos quando pertencemos ao coletivo.

Como caracteriza o conceito Be We?

Um lugar de consumo consciente, de marcas que impactam positivamente o ambiente, a sociedade e/ou a economia. Um lugar de diversidade de pensamento, de pessoas e de formas de se fazer o bem.

São as marcas que vos contactam?

Nalguns casos, sim e, noutros, não. No início, a nossa busca era muito mais ativa. À medida que fomos crescendo e nos fomos tornando mais conhecidos, as marcas passaram a procurar-nos com mais intensidade. Hoje, recebemos contacto de cerca de 20 a 30 marcas por mês. Estas marcas passam por um filtro inicial da nossa curadoria: é preciso ter uma história para contar, bem como valores e perfis que se encaixem nos nossos. Além disso, precisam de ter capacidade produtiva e muita qualidade (sou realmente muito chata com isso!). Precisamos, também, ter espaços ou lacunas na nossa loja para que a marca passe a ocupar. É um puzzle complexo, mas tentamos não deixar marcas sem resposta e mantemos uma relação de possíveis marcas que possam ser integradas de acordo com as nossas oportunidades.

As pessoas que trabalham consigo são uma família? É importante haver esta ligação? Porquê?

São como uma família porque as tenho como minha família: gosto, defendo e cuido, como se fossem família, sim. Mas também sou bastante exigente com as entregas.

Sinto-me muito responsável por elas, se as entregas não são feitas, se a empresa não vai bem, não consigo honrar os meus compromissos, com eles, também. É um ciclo, cuido da empresa porque, além de ser um negócio pelo qual sou altamente apaixonada, tenho um conjunto de pessoas e de famílias que depende dele.

É importante existirem lojas com este conceito? Porquê?

Não digo que o importante é que sejam lojas com este conceito, mas negócios como um todo, que se preocupem em favorecer o ambiente e as pessoas, além de favorecer a sua própria estrutura e a dos seus proprietários.

O que vos diferencia?

O atendimento ao cliente. A busca constante por novidades e inovações, em qualquer parte dos processos. O respeito pelas pessoas e pelo bem coletivo.

Durante a pandemia, muitas das marcas com as quais trabalhavam, acabaram por terminar o negócio? Sentiu muito isso? Ainda sente?

Senti sim – e este foi um motivo de preocupação e um momento bastante complicado, porque, da mesma forma que me equilibrava para manter o negócio a funcionar, percebi o quanto as nossas vendas impactavam também outros negócios. Entretanto, a situação melhorou – ou nós aprendemos a lidar com ela. De qualquer maneira, ainda recebemos o impacto de quebras de produção, da redução do volume de produtos, do poder de compra de nosso cliente, etc.

Foi difícil, no início, quando chegou a Portugal?

Não, foi desafiador. Ter que “me provar” produtiva, começando do zero, novamente, num mercado que desconhecia e que não me conhecia a mim, foi um desafio.

Gosta do nosso país?

Sou apaixonada Portugal.

O que gosta mais no nosso país?

A luz deste país é algo que me emociona. Ando por Cascais e agradeço por ter a oportunidade de viver em um lugar tão incrível.

Algum lugar onde goste particularmente de ir?

Muitos. Em Cascais, gosto de ir ver o mar. De qualquer ponto, não importa. Ir para o interior é algo que também me acalma, gosto muito quando vamos para a região de Castelo Branco, Idanha e Fundão, a vida desacelera, por lá, volto de coração cheio.

Mas adoro ir à região do Douro e do Algarve, também, tenho sempre a sensação de leveza e de liberdade, quando estamos por lá.

É fã da gastronomia portuguesa?

Muito! Principalmente do interior. Sou fã do Cabra Preta, um restaurante de Castelo Branco, e de um restaurante local em São Miguel D’Acha, que faz o melhor lombo com abacaxi que comi na vida!

E Cascais, é o lugar onde sempre ambicionou viver?

Sem a menor sombra de dúvida, sim!  Não me imagino a viver noutro lugar. Aqui, sinto-me em casa. O coração está tranquilo!

De futuro, o que prevê para a Be We?

Além da abertura do café, que vem para agregar a experiência do cliente em loja, planeamos a abertura de mais uma loja, possivelmente em Portugal, e de uma terceira loja, nalgum país nórdico. Para isso, precisamos de fortalecer os nossos processos internos e modelos de trabalho. A ideia é replicar o conceito, explorar e trabalhar marcas destes locais, tal como fazemos, dando espaço para as marcas portuguesas.

Além disso, pretendemos mapear as nossas oportunidades, implementando pour-up’s (lojas temporárias) em períodos específicos e noutras cidades e países.

Loja:

Rua Dra. Iracy Doyle n°. 40-B, Cascais

 

 

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