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24 horas por dia em casa com o seu marido. E agora, como fica o amor?

O confinamento é uma prova de fogo para as relações amorosas. Quiça até a maior! A especialista em sexualidade clínica e terapia de casal, Susana Dias Ramos, explica como é que o amor pode sobreviver em tempos de Covid-19!

Para a maioria dos casais, a pandemia trouxe uma nova e até estranha realidade: o convívio 24 horas por dia. Confinados a quatro paredes, sem separação entre o trabalho e o lazer, sem tempo com os amigos, sem a magia do reencontro e até sem momentos apenas a dois (para quem tem filhos) ou com excesso de tempo a dois…. É uma época de stress acrescido, propensa a discussões e de redobrado trabalho doméstico. Um verdadeiro teste à solidez do amor! E se é verdade que nem todas sobreviverão também é verdade que a separação ou o divórcio não é uma inevitabilidade. Susana Dias Ramos, especialista em Sexualidade Clínica e Terapia de Casal, fala-nos sobre estes excecionais desafios para os casais e deixa alguns conselhos práticos.

Como é que um casal pode sobreviver às rotinas domésticas e ao teletrabalho conjunto em casa?

Se calhar o melhor segredo é mesmo manter algumas rotinas. Nós somos animais de hábitos e de repente todos eles foram alterados, precisamos de coisas estanques que nos relembrem o normal dia a dia. Podemos evoluir em algumas coisas e improvisar outras para as quais normalmente não temos tempo. O trabalho termina à exata hora que estamos em casa, poupamos viagens, minutos e horas preciosas. Podemos ter mais cuidado com o jantar, noites de cinema, namoro no sofá…mantendo sempre regras, por ambos estipuladas. Rotina e monotonia são duas coisas completamente diferentes e esta é a melhor maneira de compreendermos essa diferença.

O desafio é naturalmente maior para quem tem filhos. Como arranjar tempo para a relação a dois? Que conselhos dá?

Cumprir os horários acima de tudo. Controlando os horários das crianças é mais fácil sobrar espaço livre a dois. Quem já tem adolescentes, sabe bem que eles próprios já preferem a independência do seu próprio espaço, e o que antes poderíamos levar a mal agora podemos aproveitar a nosso favor. Façam um plano semanal com dias e momentos de lazer onde os miúdos entram e outros que são apenas a dois! E deixem-nos informados acerca disso. Os “grandes” precisam de algum tempo a sós! Ensinem-nos a respeitar algumas regras de convivência.

E quando os dois estão a trabalhar em casa? Como podem separar o trabalho do lazer e como arranjar espaço para o romantismo?

Nunca invadindo espaços, e quando digo espaços refiro-me ao espaço físico propriamente dito mas também ao psíquico. Os horários após serem definidos devem ser cumpridos! Se desta àquela hora ficou combinado trabalhar, façam-no, preferencialmente em partes diferentes da casa, podem ir trocando umas mensagens como se a distância física fosse de, pelo menos 30 quilómetros! Combinem almoçar, façam convites para mais tarde, peçam para vos virem buscar ao “trabalho”!

E como gerir a relação stress/desejo sexual/tempo, para evitar que a intimidade se perca e possa até levar a uma rutura da relação?

Aqui vamos ter que nos basear um pouco nas questões anteriores, porque se descuidarmos os tempos, horários, responsabilidades, vamos acima de tudo descuidar-nos de nós próprios e a lua de mel são apenas 9 noite no máximo, esta é bem mais longa! Tem que existir tempo para tudo, com isto não digo que estão proibidas as escapadelas ao horário responsável, pelo contrário, mas manter sempre uma organização diária se possível. Que deve ser feita semanalmente. O desejo, a atração vai naturalmente acontecer. Força-lo, só porque há mais tempo é uma asneira. Tudo o que é demais perde a graça… Quem não sabe o quanto é apetitoso o proibido?

Muitos casais nunca tinham passado, até agora, tanto tempo juntos. Pode ser um tempo de redescoberta do que os juntou mas também de afastamento por perceberem que afinal já não estão conectados. É uma fase decisiva para muitas relações? Pode ser um ponto de viragem?

Tenho a certeza que será. Apenas as relações com uma base sólida vão conseguir respirar com facilidade depois desta temporada e mesmo essas vão necessitar de oxigénio extra! O excesso de tempo que vamos passar com o companheiro(a) vai fazer-nos ver tudo e mais alguma coisa e o que vai acontecer é que as coisas boas vão parecer melhores, mas as menos boas vão parecer muito mas muito piores. O respeito aqui é a palavra de ordem, pelo outro e por nós mesmos. Estamos todos juntos nesta bela e deliciosa reclusão, temos que fazer dela o menos sofrida e mais aproveitável possível. Mas não tenho qualquer dúvida que os Terapeutas de Casais e os Advogados terão muito trabalho lá para o final do ano.

E quanto aos desafios para os namoros/relações à distância, em que cada um está isolado na sua casa pelas mais variadas razões? Como se pode alimentar essa relação à distância?

Aqui funciona como qualquer outra relação à distância, com um bónus e dos bons: temos a certeza de onde se encontra a outra pessoa, o que às vezes se mostra uma insegurança das partes!! As redes sociais, a internet, as plataformas de conversação com câmara são mais valias a usar e abusar. Podem ser treinadas as competências verbais, para estimulação do parceiro(a). Não nos façamos de inocentes, estamos na era do virtual, o que também está válido para o sexo. Sempre com os devidos cuidados, a internet é perigosa e vídeos não são seguros, devem usar plataformas de comunicação ao momento onde não existam registos e se confiarem na pessoa. Estimulem, brinquem mas acima de tudo desfrutem. Os medos, as cobranças, as tristezas da distância e as constantes birras também são um salto para o fim! Está difícil tanto para quem está junto como para quem está separado se bem que acho que uns estão com maior lucro e não o sabem aproveitar. A distância…alimenta as paixões!

5 dicas para o casal se manter em sintonia…

.Comunicar – sem meias palavras ou indiretas difíceis mas sim conversas que esclareçam. Falar e aprender a ouvir e interpretar até alguns silêncios!

.Ser gentil – ninguém quer ficar trancado com alguém que está constantemente arisco, de mau humor, com rispidez verbal.

.Evitar confrontos – este não é o momento para pôr em pratos limpos 5 anos de mágoas acumuladas! Se acumularam foi por inocência, resolvam depois ou pura e simplesmente comecem de novo!

.Ser surpreendente – o corre corre do dia a dia faz-nos esquecer da magia de todas as coisas que o dinheiro não pode comprar. Dance, cante, escreva uma carta de amor, desafie para um jogo de verdade ou consequência…

.Seja presente – estar ali ou estar presente são duas coisas completamente diferentes. Estar ali sempre agarrado ao telemóvel ou à playstation ou a outra qualquer distração não é estar presente.

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