Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes conservaram as cartas que trocaram, nos poucos períodos em que estiveram separados, ao longo de uma vida de 55 anos em comum.
A Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, a quem foram legadas essas cartas, oferece agora a oportunidade de conhecer o espólio epistolar dos artistas na exposição ‘Escrita Íntima’, uma mostra muito romântica que vem complementar a coleção permanente, que cobre um vasto período da produção dos dois pintores.
Nas duas primeiras salas do museu encontra a produção artística dos seus primeiros anos, mas também materiais já posteriores ao matrimónio, que teve lugar em 1930, até ao exílio para o Brasil, corria o ano de 1940.
Numa terceira sala recorda-se o período de sete anos em que o casal viveu no Rio de Janeiro, e, finalmente, numa quarta e última sala ilustra-se o período do pós-guerra e o regresso à Europa. Uma produção artística que, tal como a correspondência que agora pode ser vista, denota ternura e inquietação, elucidando sobre o amor, o quotidiano, as amizades e a pintura de dois virtuosos.
Trata-se de cartas que foram escritas para serem partilhadas apenas entre os dois, preservadas de olhares indiscretos, mas que, por ajudarem a melhor conhecer a vida e a obra de Vieira da Silva e Arpad Szenes justifica expor.
A leitura de parte das dezenas de cartas que escreveram um ao outro é, de facto, uma intromissão na sua intimidade, mas permite-nos perceber do que se ocupavam além da pintura, o que os preocupava quando tinham de ficar separados, num testemunho epistolar dos seus afetos e vivências.
Vieira da Silva era portuguesa e o marido, húngaro. Escreviam em francês estrangeirado, numa linguagem que só a eles pertencia, com códigos e léxicos muito próprios.
Esta exposição temporária está patente até 19 de abril, de quarta-feira a domingo das 10h às 18h. Encerra segunda-feira, terça-feira e feriados. Gratuito ao domingo, das 10h às 14 horas. Praças das Amoreiras, 56, Lisboa. Tel. 213 880 044/53.