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“Foi um trabalho de cabelos, diria eu”. Conversámos com a Responsável de Hair & Makeup de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”

Estreia nesta quinta-feira, dia 29 de agosto, no pequeno ecrã a segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”. Na Prime Video já pode assistir aos três primeiros episódios – os restantes irão sair todas as semanas, até ao dia 3 de outubro- e acompanhar o regresso de Sauron. Flora Moody, Responsável de Hair & Makeup da segunda temporada, esteve à conversa com a LuxWoman. 

O universo de “O Senhor dos Anéis” sempre fascinou Flora Moody. Leu os livros em criança e revelou que, aos 21 anos, já devia ter repetido a leitura, pelo menos, umas quatro vezes. No que diz respeito ao género da Ficção Científica, a Hair & Makeup Artist tem se destacado. Do seu vasto percurso fazem parte filmes como “O Hobbit: A Desolação de Smaug” (2013), “Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi” (2017), “Star Wars: Episódio IX – A Ascensão de Skywalker” (2019), “Matrix Resurrections” (2021) ou, mais recentemente, “Road House” (2024).

Flora Moody, Responsável de Hair & Makeup da segunda temporada de "O Senhor dos Anéis:

Flora Moody, Responsável de Hair & Makeup da segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”

No início de agosto, tivemos a oportunidade de conversar, através de uma videochamada via zoom, com Flora a propósito do seu trabalho nesta segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”, que revelou ser “o maior projeto” em que já trabalhou, “em termos da quantidade de pessoas envolvidas ao mesmo tempo”.

Como funcionou o processo de maquilhagem e cabelo? 

Foi uma enorme colaboração. Eu apresentava as minhas ideias e os meus pensamentos, e, depois, os atores apresentavam as suas ideias e os seus pensamentos. De seguida, tínhamos uma reunião com a Jodie e o Patrick, e eles apresentavam as suas ideias e nós íamos embora. Após esse brainstorming, começávamos a criar, em conjunto com o guarda-roupa.

Na primeira temporada, Jane O’Kane foi a Responsável de Hair & Makeup. Pegar no seu trabalho deixou-a, de alguma forma, nervosa? 

Admito que, quando comecei, foi avassalador. Vi a primeira temporada e adorei o que Jane O’Kane fez. Achei que o seu trabalho e a forma como criou as personagens, especialmente as mais novas, foi lindíssimo e muito preciso. Tentei não ficar nervosa e tentei não me deixar levar pela imensidão deste Mundo de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”. Felizmente, toda a gente que esteve envolvida no projeto, é fantástica. A Jodie, o Patrick, os realizadores, os produtores e, também, o elenco, são os seres humanos mais maravilhosos, simpáticos e abertos com quem se pode trabalhar.

Como foi dar continuidade a esse trabalho?

Como é óbvio, eles empacotaram tudo na Nova Zelândia e enviaram-nos para cá. Nós abrimos as caixas e foi como se fosse Natal. (Risos) Haviam muitas caixas por todo o lado, cheias de perucas, barbas, maquilhagens… A equipa anterior fez um ótimo trabalho, deixou tudo organizado. Toda a gente tinha um pequeno saco de maquilhagem com o seu nome, bem como uma descrição do que os seus personagens passaram na primeira temporada. Por isso, pegámos no trabalho já feito e tentámos aperfeiçoar as personagens, nesta segunda temporada.

Quantas pessoas fizeram parte da equipa?

Tínhamos 50 cabeleireiros e maquilhadores contratados. Estavam três unidades a funcionar, e, cada equipa, era composta por cerca de 10 pessoas. E, depois, tínhamos uma nave-mãe – demo-nos esse nome (Risos) -, que funcionava como um centro de comando. Porém, de uma só vez, em um só dia, podiam estar a trabalhar 200 a 300 cabeleireiros e maquilhadores a fazer figurantes, para além do elenco. Por isso, podíamos ter, por exemplo, no estúdio, uma segunda unidade a fazer o Conselho de Númenóreans. Assim, tínhamos todos os atores do elenco Númenóreans e, talvez, mais 100 figurantes. Na terceira unidade, havia uma batalha a decorrer entre elfos e orcs. E, mais uma vez, tínhamos, talvez, 200 pessoas, a ficarem sangrentas e sujas. Por isso, a logística é enorme. Foi o maior projeto em que já trabalhei, em termos da quantidade de pessoas envolvidas ao mesmo tempo. Foi como mudar de uma aldeia para uma cidade.

De todas as personagens, qual foi a mais difícil de preparar? Porquê?

Penso que, das personagens novas, aquela de que mais gostei e que, potencialmente, senti mais pressão para acertar, ou foi o Tom Bombadil ou foi o Dark Wizard. Está entre estes dois… Porque o Tom Bombadil é tão icónico. Ele é o Boba Fett, de Star Wars, do mundo de Tolkien. E não há muito que se tenha escrito sobre ele. Acho que, no “O Senhor dos Anéis”, ele é descrito como sendo corpulento e enrugado no rosto, com olhos azuis brilhantes e uma barba agressivamente castanha, e é só isso. Isto pode significar muitas coisas… Porém, eu estava ciente de que não queria que a barba fosse muito longa, porque se não ele podia parecer um anão. Por isso, optámos por uma linda peruca que lhe chegava aos ombros. Gosto de trabalhar com formas, é uma das coisas que tenho sempre na cabeça. Então, ele usa este chapéu maravilhoso e a peruca sai por baixo e bate nos ombros. Depois, a barba não era muito longa, nem muito curta, tinha o tamanho ideal. No final, completámos as suas feições. Tivemos de manter a simplicidade e não pensar demasiado.

Neste tipo de trabalho, os pormenores são importantes e fazem a diferença?

Sim! Está tudo nos pormenores. Penso que a perspetiva é uma coisa importante e a ter em conta quando se filma qualquer coisa. Sinto que quando se constrói a personagem com o ator, é muito importante ter em conta o seu conhecimento, aquilo em que se sente confortável e como quer representar. Por exemplo, no caso da Galadriel, ela tem de parecer que não está a usar maquilhagem, porém eu nunca iria mandar a Morfydd Clark para a filmagem sem nada no rosto, porque ela tem de se sentir confiante, sentir-se como o elfo mais corajoso que alguma vez existiu. Portanto, há uma linha delicada entre usar a maquilhagem e o cabelo para contar uma história, mas, depois, saber recuar e deixar o ator contar, também, a história. Se todos os departamentos estiverem a tentar forçar demasiado, as pessoas vão reparar. É importante mantermo-nos no caminho certo.

O que foi mais difícil de preparar, a maquilhagem ou o cabelo?

São tantos, mas tantos cabelos. Dos 20 elementos no elenco principal, excluindo os papéis mais pequenos do elenco, os atores diários ou os figurantes, 15 deles têm peruca. Além disso,  todos os atores precisam de duas perucas para o caso de algo correr mal. Digamos que tínhamos, mais ou menos, oitenta perucas só para o elenco principal. Se tivermos um grande dia de duendes, podem ser 100 duendes e todos usam peruca. Por isso, nós tínhamos em qualquer dia, mais ou menos, 200 perucas nas pessoas, que precisavam de cuidados pré e pós filmagens. E isso era antes de tocarmos em barbas (Risos). Foi enorme! Foi um trabalho de cabelos, diria eu.

Posto isso, quanto tempo demora, mais ou menos, a preparar os atores para as filmagens?

Se alguém está a fazer o cabelo e a maquilhagem, e tem um peruca, eu diria que demora 1 hora e 15 minutos. Mas depende, imaginemos que estão numa batalha e têm sangue e ferimentos por todo o lado, aí já diria 1 hora e 45 minutos ou, até, 2 horas. Se tiverem próteses, é outro nível. Podem demorar muito mais, cerca de 3 a 4 horas.

De onde partiu o convite para trabalhar na segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder”?

Sou amiga dos produtores Callum Greene e Kate Hazell. Já os conhecia de outros trabalhos que fizemos juntos. Basicamente, eles ligaram-me depois do Natal a convidar-me para fazer parte deste universo e eu disse logo que sim. Tem sido um sonho trabalhar neste mundo.  Posso dizer que foi a melhor prenda de natal que recebi (risos).

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