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Manual de instruções para sobreviver aos 40

A Cego Surdo e Mudo Edições prepara-se para lançar o segundo volume de uma coleção de bolso intitulada ‘Manual de Instruções’. Trata-se do ‘Manual de Instruções para Sobreviver aos 40’, de Rita Barata Silvério, autora do famoso blogue ‘Rititi’ e de ‘O Livro da Rititi’ (2005). Este novo livro chega às livrarias no dia 14 de junho.

Rita Barata Silvério nasceu em Estremoz, há 38 anos, num domingo de Carnaval. Depois de ter passado por Angola, por Badajoz e Lisboa, mudou-se para Madrid, onde vive há quase uma década, trabalhando no mundo da banca.

Escreveu para o suplemento DNA e para as revistas Atlântico e Penthouse. Está felizmente casada, tem dois filhos e uma janela cheia de jardineiras. Resume este seu livro da seguinte forma:

Tenho 38 anos, dois filhos (de 2 e 4 anos) e um marido com uma pachorra infinita. Sou uma mulher de classe média, com direito a empregada três dias por semana, um trabalho fora de casa e 22 dias de férias por ano, que vou esticando como uma pastilha elástica, tal como estico as horas do dia e da noite, o ordenado e a paciência. Coisas tão normais como sair à noite, jantar fora ou ter uma vida social de adulto, ficaram desde 2008 reduzidas à insignificância mais absoluta. Não atravesso o Atlântico desde que fiquei grávida, acompanho os descontos e os saldos com devoção quase religiosa e há dias em que me olho ao espelho e me pergunto: “Quem é esta senhora com umas mamas em estado de decadência, olheiras até ao umbigo e um cabelo a pedir uma sessão urgente de cabeleireiro?” Vivo numa mistura de quartel de infantaria com horários rigorosos de refeições, banhos e dormidas, e um Toys’R’Us caótico. A minha vida não tem nada de especial – aliás, há momentos em que posso dizer (e digo) que a minha vida é uma merda, sinto-me cansada, estafada de tanto correr e tentar dar sempre o meu melhor no trabalho, em casa, com os putos, o marido e os amigos que vão resistindo. E muitas vezes sei que, apesar de tanto esforço, não consigo, não chego, falta-me o último sprint para chegar a essa última meta: a perfeição. Só que a perfeição não existe. Ou, pelo menos, no meu mundo, não conheço nenhuma mulher perfeita. Algumas mães que encontro à porta da escola estão desempregadas ou têm empregos em que recebem menos 30 por cento do que os seus colegas masculinos. Outras têm trabalhos tão exigentes que passam dias sem ver os filhos. Tenho amigas que não podem ter filhos, algumas não descem nunca dos 70 kg, apesar das dietas, para não falar das condenadas a saltitar entre relações desastrosas. Nenhuma delas é imperfeita. Vivem a vida como melhor podem ou sabem. Como eu. E quando me sinto mais cansada, volto à primeira frase deste texto: tenho 38 anos, dois filhos (de 2 e 4 anos) e um marido com uma pachorra infinita. E a minha vida, por muito de classe média que seja, com um quotidiano esgotante, é uma boa vida. Tenho amor, amigos com quem beber umas imperiais nas esplanadas, livros para ler no autocarro, saldos, verão e umas mamas desinchadas, sim, mas que dentro de um bom sutiã ainda me dão bastantes alegrias.

Imagem de destaque Primark

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