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Preservação da fertilidade nos doentes oncológicos? Uma especialista explica-lhe

Sob o mote “Preservação da Fertilidade em Doença Oncológica”, a Associação Portuguesa de Fertilidade lançou uma campanha no âmbito da Semana Europeia da Fertilidade, celebrada de 7 a 13 de novembro. O objetivo é não só chamar a atenção, mas capacitar a população e profissionais de saúde para a possibilidade de preservar a fertilidade na doença oncológica ou outro diagnóstico que comprometa a saúde reprodutiva da mulher e do homem.

A realidade é que quando o doente oncológico recebe o seu diagnóstico pela primeira vez, a preservação da fertilidade nem sempre é a prioridade. Os tratamentos feitos no combate ao cancro podem ter um grande impacto na saúde reprodutiva, pelo que se torna essencial que estes doentes sejam informados sobre os riscos que correm. Para percebermos melhor, falámos com Teresa Almeida Santos, Coordenadora do Centro de Preservação da Fertilidade do CHUC. 

Teresa Almeida Santos, Coordenadora do Centro de Preservação da Fertilidade do CHUC.

Teresa Almeida Santos, Coordenadora do Centro de Preservação da Fertilidade do CHUC.

O cancro influencía na fertilidade?

Sim, o cancro e sobretudo alguns dos tratamentos utilizados para o combater, nomeadamente a Quimioterapia, podem provocar infertilidade. Este impacto sobre a fertilidade depende de múltiplos fatores, designadamente a idade do doente, o tipo de fármacos utilizados e a suscetibilidade individual. Assim, o efeito sobre a fertilidade é difícil de prever, pelo que todas as sociedades científicas recomendam que seja fornecida a todos os doentes oncológicos em idade reprodutiva informação sobre o risco de infertilidade e que aqueles que o desejam sejam referenciados para um médico especialista que procederá ao aconselhamento individual.

É igual para as mulheres e para os homens?

Não, o risco de infertilidade varia, mas existe quer em homens quer em mulheres. Estudos que envolveram várias dezenas de milhar de doentes oncológicos mostraram um impacto na fertilidade muito significativo, com a redução da probabilidade de ter filhos biológicos para cerca de metade relativamente aos indivíduos saudáveis da mesma idade.

A idade pode influenciar?

Sim, particularmente na mulher a idade influencia o risco de infertilidade. É bem conhecido o declínio da fertilidade  da mulher com a idade pelo que o tratamento oncológico tem um impacto maior nas mulheres mais velhas. O tratamento das doenças oncológicas tem como objetivo destruir células em crescimento acelerado e os ovários/testículos não escapam a esse efeito.

Como é que pode ser preservada essa fertilidade?

Atualmente dispomos de metodologias laboratoriais eficazes para criopreservar óvulos e espermatozóides que assim são “poupados” ao efeito da quimio ou da radioterapia. Mais tarde, se o doente vier a sofrer de infertilidade, pode recorrer a estas células para concretizar o seu desejo de parentalidade. Deve salientar-se que o facto de se conseguir criopreservar óvulos ou espermatozoides não garante uma gravidez no futuro, mas permite a estes doentes jovens ter um plano B caso o tratamento (ou a própria doença) venham a causar infertilidade.

Que tratamentos é que existem?

Na mulher o tratamento mais eficaz é a criopreservação de óvulos que pressupõe a estimulação dos ovários para que produzam um número adequado de óvulos maduros num curto período (normalmente produz-se um óvulo maduro em cada ciclo menstrual). Este tratamento demora cerca de 2 semanas, pelo que é muito importante que as doentes sejam referenciadas para o especialista em medicina da reprodução logo que se coloca a indicação de tratamento com quimio ou radioterapia que possa causar infertilidade. Se assim for, as mulheres terão tempo para realizar o procedimento sem necessidade de adiar a terapêutica oncológica que é, naturalmente, a prioridade.

No homem, procede-se uma colheita de sémen que pode ser criopreservado de imediato, desde que tenha qualidade suficiente. Nalgumas situações, em que não existe um número suficiente de espermatozóides, pode recorrer-se à congelação de um fragmento de testículo do qual mais tarde se obterão espermatozoides.

No caso das crianças existem alternativas que podem ser equacionadas, mas que apenas são realizadas nalguns centros.

Onde é que pode ser feito esse tipo de tratamento?

Estes tratamentos são realizados em Centros de Procriação Medicamente Assistida que existem em alguns nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, mas também em centros privados. O importante é que os oncologistas falem desta possibilidade aos doentes e lhes indiquem onde se devem dirigir para obter mais informação e concretizar o tratamento se o desejarem.

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