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Sara Matos estreia YERMA

A peça estreia no dia 13 de novembro, no Teatro Municipal Mirita Casimiro, onde estará em cena durante um mês.

Começa no dia 13 de Novembro o início da temporada que encerra o ano do Teatro Experimental de Cascais (Teatro Municipal Mirita Casimiro), como já vem sendo habitual, com uma estreia, desta vez, com a estreia da peça de Federico Garcia Lorca, YERMA.

Protagonizada por Sara Matos, atriz que iniciou a sua carreira neste palco, a peça conta, ainda, com atores como Renato Godinho, Rodrigo Cachucho, Rita Silvestre, Rodrigo Tomás, Sérgio Silva, Susana Luz e Teresa Côrte-Real, entre outros. O texto escrito em 1934, encenado, agora, por Carlos Avilez, na versão e dramaturgia de Miguel Graça, conta a história de um casal que vive um casamento falhado, pautado, também, pela incapacidade de gerar um filho.

O espetáculo, que coincide com o 55º aniversário deste teatro, inclui, também, a participação de Pedro Jóia, guitarrista, compositor e director musical português, que tem a seu cargo toda a produção musical, tocando ao vivo e a surpreendente participação do bailarino de flamenco João Lara, já com uma carreira internacional premiada.

A algumas horas do ensaio geral, falámos com a protagonista que não esconde estar perante um dos grandes desafios da sua carreira profissional, a emoção de subir ao palco onde iniciou a sua carreira e a expetativa de o fazer numa altura inesperada e tão delicada como a que vivemos, em plena pandemia.

O que podemos esperar de Yerma?

Sara Matos: Essencialmente, trata-se de um texto que já tem quase 100 anos, de um autor incrível, o Federico Lorca, que já conhecia e já tinha feito uma parte na prova de aptidão final da Escola Profissional de Teatro de Cascais. Para mim, este texto é intemporal. Trata-se de um texto intenso, que aborda questões como o ciúme, a traição e um tema de que se fala muito, hoje em dia, que é a questão da infertilidade, do facto de uma mulher não conseguir conceber um filho. A Yerma é uma personagem muito forte, é “a personagem”. Todo o elenco é incrível e há aqui uma responsabilidade muito grande da minha parte na medida em que estou em cena do princípio ao fim da peça que retrata todo o conflito emocional de uma mulher, que não consegue conceber um filho e que tem problemas com o marido. A meu ver, é um assunto fortíssimo.

E transversal a várias épocas, como dizia?

Sim, naquela época ainda era pior, claro. O facto de ela não conseguir conceber um filho nem quer dizer que ela seja infértil. Eles, o casal, não consegue, mas não se sabe porquê. Claro que, naquela altura, ainda era a mulher que era vista como a responsável. Neste caso, não é ela que não consegue engravidar, ou é essa a questão que fica no ar. Porque é que, não ela, mas eles não conseguem conceber um filho? É pela sua relação? É ele que não quer? Há um conflito, não há uma razão… Há também a questão da homossexualidade, que era uma questão que na altura tinha outro impacto. Não era como hoje. Hoje esta questão é aceite de outra maneira. A peça trata de um assunto com o qual haverá muitas pessoas que se poderão identificar e emocionar. Não posso deixar de dizer que se trata de uma tragédia. Sim, é uma tragédia, não é um texto corrente, mas é muito acessível e, ao mesmo tempo, muito fácil de ser entendido.

Em que é que consistiu o desafio de interpretar essa personagem forte que lida com uma tão dura realidade? Ou qual é o maior desafio de interpretar esta personagem?

Esta personagem é “o desafio”! Posso, também, acrescentar que não só estou a interpretar um grande desafio profissional como também há o facto de o estar a fazer em plena pandemia. Trata-se de um desafio enorme. Vamos estrear amanhã, hoje temos ensaio geral e é sempre uma incógnita. Temos pisado aquele palco sempre sem saber se o dia seguinte vai ser como está previsto.

Sente uma responsabilidade acrescida por subir ao palco numa altura como esta?

Não é uma responsabilidade acrescida pela personagem que é mas é um desafio muito grande ter estes dois desafios paralelos, com os quais tenho de lidar. Temos de lidar, toda a equipa, o próprio encenador, que está entusiasmado com a peça mas, na verdade, não sabemos o dia de amanhã. Contávamos que íamos ter o espetáculo ao fim de semana e agora já não podemos fazer o espetáculo ao fim de semana e não sabemos se isto vai piorar, ou não, mas percebemos o que se está a passar e respeitamos isso.

Tem algum pedido especial para quem vai assistir à peça?

Não tenho um pedido especial. Tenho de agradecer. Tenho de agradecer o facto de as pessoas saírem de casa e continuarem a não desistir da cultura. Penso que é importante parar mas, desde que nos sintamos seguros e que não estejamos a prejudicar alguém ao nosso lado, penso que devemos continuar, até onde nos for permitido, a fazer a nossa vida.

Que reação espera do público?

Algumas pessoas que já seguem o meu trabalho sabem que já tenho feito algum teatro mas tragédia já não fazia há muito tempo. Mas foi aqui que me estreei, no Teatro Profissional de Cascais, precisamente com estes textos clássicos. É uma estreia no sentido em que sou uma atriz mais madura e já consigo levar esta peça com mais responsabilidade e ao mesmo tempo não me levando tanto a sério. A maturidade dá-nos isso. Embora queira sempre manter uma grande curiosidade em relação à vida e à profissão, penso que devemos manter esta base que é ‘só sei que nada sei’ e continuar a aprender mas, ao mesmo tempo, há uma segurança, enquanto atriz, que há uns anos não tinha. Já tenho feito teatro mas interpretar uma personagem destas é, sem dúvida, uma grande responsabilidade. Não sei qual vai ser a reação mas gostava muito de conseguir emocionar o público, será o mais importante.

Em cena de 13 de novembro a 13 de dezembro, às quartas, quintas e sextas, às 20h45.

Duração: 90 minutos

Preço: €12,50

Para mais informações, reservas e compra de bilhetes: Ticketline

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