

Foi no conforto de casa que se assistiu ao 48º Portugal Fashion! Uma edição exclusivamente digital, em consonância com as medidas de contenção da pandemia. As apresentações das coleções outono-inverno 2021-22 foram transmitidas em livestream no site e redes sociais do evento.
Conheça aqui algumas das coleções apresentadas nesta edição do Portugal Fashion.
Maria Carlos Baptista – Espaço Negativo
A coleção ‘espaço negativo’ tem como base o espaço imaterial da memória e a sua fragmentação física. É um espaço pessoal e privado, suspenso no tempo, que nos leva a um sonho constituído por registos fotográficos passados, desde os mais vívidos e recentes até a um passado mais distante.
Uma realidade intransmissível, fria pelo distanciamento e acolhedora pelo retorno de vivências passadas, que permite absoluta liberdade de expressão e interpretação.
É um espaço invisível, onde se fala da forma e da sua anulação, e a sua materialização depois de uma experiência obsoleta.
Katty Xiomara – Aurora
Esta coleção sugere um renascer, depois do agora nasce a aurora e um novo dia recomeça. Tudo germina na espiritualidade, na ironia, no desespero e na esperança.
A temática apareceu sozinha e intuitiva, depois de uma leitura bastante objetiva sobre a evolução da humanidade e a sua ordem imaginada de deuses e poder, do historiador Yuval Harari.
De seguida, mergulha no Tyll de Daniel Kehlmann, que logo nas suas primeiras páginas descarrega uma listagem interminável de deuses conhecidos e por conhecer, a quem todos rezam desmedidamente, apegando-se a uma fé que talvez nem exista, mas que no desespero é a única coisa que fica…
Inês Torcato – E faz-se luz
“E faz-se luz” faz parte da nova linha Torcato e assume a forma de manifestação artística por todos os que estão à frente e atrás das câmaras, das cortinas, dos palcos, das telas e dos museus. Nesta estação (e sempre!) defendemos a Cultura, damos rosto às adversidades e lutamos pelos direitos Direitos Humanos e pela celebração das diferenças.
Acreditamos que a moda, como Cultura, é para todos: todos os géneros, todos os corpos, todos os tons de pele.
Maria Gambina – Fagan
The Sofa Edition TAKE 1 | PF48 | Maria Gambina from Portugal Fashion on Vimeo.
A convulsão social e económica vivida em Inglaterra a partir do fim da década de 70 motiva a incursão de Maria Gambina por territórios turvos e solitários de inquietude e incerteza, já não instigadores de disrupção punk, mas agora permeados por delicadeza e movimento. Uma silhueta volumosa e ritmada é harmonizada com detalhes deslocados, com picos metálicos e layers plissados. Neste contraste projecta-se a frustração perante a injustiça e a desilusão sistemática que atravessa todas as crises, incluindo a contemporânea.
Neste contraste projecta-se ainda uma linha narrativa que a criadora tem vindo a explorar no seu trabalho mais recente e que entretece a Construção de Chico Buarque (P/V 19) e as palavras “Ganância”, “Merda” e “Mentira”, inscritas nas sweatshirts do último Outono/Inverno. Trata-se, em todos os casos, de reclamar uma voz.
Miguel Vieira – DNA
A identidade visual é uma linguagem universal que define e molda as nossas vidas. O que vestimos reflete a nossa essência, fala por nós, diz ao mundo quem somos antes de qualquer outra coisa.
A história contada por Miguel Vieira, na coleção de Inverno 2022, é sobre pessoas que têm confiança na sua aparência e veem a sua roupa como uma extensão de si próprias, como algo que faz parte do seu ADN. Estas pessoas marcantes têm o poder de serem elas próprias, de escaparem aos estereótipos e de usarem o que quiserem, quando quiserem.
Para elas, o clássico pode ser moderno porque a sua atitude os torna irreverentes e únicos. Elas levam à libertação do estigma social que diz que temos de nos vestir de acordo com o género.
É importante descartar os rótulos impostos pela sociedade, que nos limita como indivíduos e começar a ver a fluidez de género como algo natural, resultado de uma livre escolha.
Alexandra Moura – Subversão
Alexandra Moura | Milano Fashion Week FW21 | Women’s Collection from Portugal Fashion on Vimeo.
Pausa, reversão e subversão. O conjunto de ações de desconstrução aplicadas ao processo criativo de uma peça, fazem os detalhes desta coleção, ampliando assim, a perceção da sua composição e forma.Esta coleção convive com referências de meados dos anos 90, altura em que Alexandra inicia o seu curso em Design de Moda, moldando o seu sentido estético e a forma de ver a moda e, por consequência, a peça de roupa. Um mix de estilos e géneros onde a influência da música e da estética underground ganham força.
A sua rebeldia da época trazem para a coleção a subversão das peças, o virar ao contrário, costuras para fora e o clássico cose-e-corte. O readaptar de peças à mão deixando assim o inacabado, característica já vincada no ADN da marca.
A juntar a tudo isto, o lado plástico de Alexandra e dos seus sketchbooks com colagens, linhas, fita-cola e desenhos constroem o estampado que dá força e intriga estas subversões.
A coleção vive de exercícios de construção/desconstrução, do contraste de cores pálidas com fortes e ácidas, mas também da subtileza do comportamento dos materiais, dos acabamentos e dos detalhes.