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A camaleónica Inês Castel-Branco

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Inês Castel-Branco tem 33 anos, um filho de 4, e acaba de fazer uma das personagens mais desafiadoras da sua carreira. Assinou um contrato de exclusividade com a SIC para os próximos dois anos, mas a maternidade continua a ser uma das suas prioridades. Vai fazer de Pipi das Meias Altas num musical infantil e abrir uma loja de roupa.

Ainda não são 9h30 da manhã e já Inês está à minha espera, no Jardim das Amoreiras, o local e hora combinados para esta entrevista. Não nos conhecemos.

Falamos durante quase duas horas, sobre tudo e mais alguma coisa. Do filho, Simão, e da mãe, Luísa, da separação dos pais e dos sentimentos de culpa. Da terapia, da sua dificuldade em pedir desculpa e da sua mania de ser cuidadora. Da gravidez, que odiou, das vezes que cantou ao vivo e da fase em que dava biqueiradas com as suas Doc Martens para defender as amigas. Da importância da independência económica que a sua mãe lhe incutiu e dos valores que quer passar ao seu filho. Da autoestima, da popularidade e da forma como lida com ambas. Da peça de teatro infantil onde vai fazer de Pipi das Meias Altas e da loja ‘Second Chance’. Está tudo na LuxWOMAN de outubro. Tudo, menos as perguntas que se seguem e o vídeo de bastidores da produção.

Cada vez lê menos sobre si na Internet, porquê?

Porque há pessoas muito mazinhas… Uma vez, eu e umas amigas atrizes fizemos um vídeo, uma delas tinha uma casa enorme, onde passávamos muito tempo e fazíamos festas. Quando ela teve de deixar essa casa, queríamos ter uma recordação do espaço e fizemos um vídeo com uma música das Spice Girls. É um plano de sequência de nós a cantarmos a música pela casa toda, assim um bocadinho um tributo à Mansão Alecrim, como lhe chamávamos. Na altura, a intenção não era a de divulgar, mas ficou tão giro que decidimos partilhar. Passadas duas horas, o Diário de Notícias publicou o vídeo no site. Foi quando a crise rebentou e havia uma sensação alarmista, para aí há dois anos e meio, e os comentários eram do género “pessoas a passar fome e estas gajas a fazerem isto”. Foi muito desagradável e sem nexo nenhum. Somos um grupo de amigas que tiveram uma tarde de folga, fizeram um vídeo giro e decidiram publicá-lo. Para quê tanto ressabiamento? Acho é que, muitas vezes, as nossas vidas (e isso eu consigo perceber), o dinheiro que ganhamos, o facto de nos oferecerem uma data de coisas, para pessoas que não estão bem, pode ser uma afronta. No outro dia, a Rita Pereira fez um post porque contratou uma empresa para lhe arrumar o armário e havia mensagens do género “devias ter vergonha de mostrar tanta roupa no estado em que o País está”.

Ainda em relação a isto, uma vez li uma entrevista a um CEO de uma grande empresa portuguesa, que disse uma frase que nunca mais esqueci: “Um português está numa paragem de autocarro à espera do autocarro e vê um Porsche passar. Olha para o Porsche e pensa: ‘Um dia, vais estar aqui ao meu lado’, em vez de pensar: ‘Um dia, vou ter um Porsche’.” É o tipo de pessoa ‘eu não estou bem e tu também não vais estar’. É falta de altruísmo.

(…) em teatro, já fui a sítios que não conseguia ir em outras linguagens e que provavelmente bem dirigida até consigo ir mais longe e um dia arrepiar alguém.

Não se considera uma atriz brilhante e diz que tem de trabalhar muito…

Quando disse isso de não me considerar uma atriz brilhante, que por acaso muitas pessoas têm ido repescar, é um bocadinho aquilo que eu acho em relação aos participantes nos programas de talentos… No “Ídolos”, por exemplo. Eu adoro cantar, desde pequenina. No carro, no duche… Já tive experiências ao nível da música, vou agora fazer um musical e cantar é uma coisa que me dá mesmo prazer, mas sei que não tenho grande voz, não nasci com esse dom. É aquilo que sinto como atriz, embora tenha havido uma evolução gigante desde que comecei com 17 anos, até agora aos 33. Como atriz e como espectadora, quando vejo alguém com um talento enorme – por exemplo, a Maria João Luís, que já vi em teatro e em televisão, e já trabalhei com ela, a Custódia Gallego, o João Perry, estou a falar em atores mais velhos porque me habituei ao look up to them – são pessoas que arrepiam, que não precisam de fazer nada, é algo inato. E sei que, embora não seja desprovida de talento e seja trabalhadora e profissional, e me entregue sempre de corpo e alma a todos os trabalhos que aceito, não tenho esse efeito, mas vivo bem com isso. Cada vez mais. Sei que, por exemplo, em teatro, já fui a sítios que não conseguia ir em outras linguagens e que provavelmente bem dirigida até consigo ir mais longe e um dia arrepiar alguém, mas não é inato. Preciso de ser dirigida, sozinha não vou lá. E acho que muitas vezes falta-me essa direção. E quando a tenho consigo fazer trabalhos bons, é verdade. E não é só direção, é verdade, é a contra cena também. É uma mistura entre uma boa personagem, um bom texto, uma boa direção e um bom colega com quem contracenar. Quando isto tudo acontece, sei que me safo, senão não trabalhava há 11 anos. Não pode ser pelos meus olhos verdes. Há tantos olhos verdes, não é?

Como é que se chama a peça de teatro e onde é que vai estar?

‘Pipi das Meias Altas’ e vai estar no Teatro Villaret. É um musical infantil que estreia em outubro. A data já mudou algumas vezes. Ficamos outubro, novembro e dezembro.

E a Inês vai fazer de Pipi das Meias Altas?

Sim.

Olhando para a frente, já fez teatro, cinema, telenovelas… O que é que se vê a fazer no futuro?

Isto não é público, temos aqui um inédito: assinei este mês contrato de exclusividade com a SIC para os próximos dois anos. Estava a vir para cá e a pensar nisso, no que quero para o meu futuro. Estou numa fase (também porque o meu contrato me dá alguma segurança financeira) em que aquilo que mais me preocupa é a maternidade. Estou no sítio certo para ser feliz a trabalhar, a SIC está a fazer produtos com os quais me identifico e, no mercado, é o canal de que mais gosto, e a produtora com quem trabalham, a SP Televisão, é para mim uma família. Trabalhar ali é uma extensão da minha casa, é ótimo e sou sempre protegida. Posso levar para lá o meu filho, muitas vezes até os meus cães. Antes, era muito mais fervorosa, queria muito fazer cinema, agora quero muito fazer este musical infantil para o meu filho, porque a linguagem é completamente diferente. Depois, quero poder acompanhar o Simão nos próximos anos, o meu objetivo agora é muito mais pessoal do que profissional. Ele também sofre imenso com os horários que são horríveis e se me entrego a um papel, entrego-me a sério. Se estiver ao meu alcance dar-lhe uma vida confortável e calma, sem grandes luxos, com coisas simples, como jardins e piqueniques, perfeito! Não penso muito alto.

Que relação é que tem com a música? Sabe que esta produção para LuxWOMAN se inspira nela…

Sim, sim, adoro. Sou fascinada por músicos e sempre que vou a um concerto que me arrepie (a maior parte deles!), fico sempre a pensar: “Esta deve ser a melhor profissão do mundo, ter milhões de pessoas a cantar uma música que tu escreveste.” Deve ser uma sensação incrível.

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