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Conseguia viver sem rede?

As novas tecnologias podem ter consequências graves quando usadas em demasia. Tire melhor partido da internet e viva uma vida feliz.

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O mar, ao fundo, acolhe o sol que se esconde e, devagar, deixa vir a noite. O frio começa a chegar, é hora de ir embora, mas não apetece… O cenário é idílico e convida a ficar para mais uns dedos de conversa entre amigos. É esta a magia do verão: a praia, os finais de tarde e as conversas boas entre quem nos é mais querido. Pelo meio, fotos, muitas… Fotos essas que, antes ficavam guardadas na máquina fotográfica, sendo que apenas as eleitas viam a luz do dia, e que hoje dão lugar a um manancial de registos digitais que ultrapassa o que seria, há uns tempos, imaginável.

Hoje, é tudo tão fácil que se torna difícil escolher apenas um plano. Estão todos ali, à distância de um click para serem mostrados aos grupos de amigos, nas redes digitais.

Mostramos o nosso mundo aos outros através do telemóvel e quase sentimos que, se não o fizermos, não estamos a viver aquele momento. É um vício, fruto da evolução tecnológica.

Mariana Cardoso, jornalista, tal como tantas outras pessoas, tem esse vício. Viver sem o telemóvel é “praticamente impossível”, como diz. Consulta-o logo quando acorda e é a última coisa que faz antes de se deitar. Durante o dia, vai postando – nas várias redes sociais que tem agregadas ao ecrã LED do telefone de última geração –, as fotos que pontuam um quotidiano que se pretende mostrar alegre.

A Mariana, como a maior parte dos jovens da sua idade (a casa dos 20), passa a vida com o telemóvel e sempre se habituou à sua presença. Não é do tempo do uso do telefone fixo e dos encontros no café ‘do costume’, sem se combinar detalhes por SMS ou chat do Facebook. Não é desse tempo, em que se ligava para casa dos amigos até às 21h, porque, depois disso, seria falta de educação. Ou ainda do tempo em que se ouviam as chamadas cruzadas e as conversas constrangedoras que a nós não nos diziam respeito, mas que nos deixavam agarrados ao auscultador do telefone… As novas tecnologias, que o telemóvel tão bem representa e abrevia, trouxeram-nos o mundo portátil, o mundo que vem connosco para todo o lado. E a essa acessibilidade, por vezes, é difícil virar as costas.

Um dia, o telefone tocou…

O primeiro telefone móvel da História pesava 1,2 kg e tinha um alcance de 1,5 km. Estávamos no ano de 1955, era o primeiro modelo experimental de telefones móveis. O país era a antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e o seu inventor dava pelo nome de Leonid Kupriyanovich, um engenheiro moscovita. A 3 de abril de 1973, a empresa norte-americana Motorola desenvolvia aquele que seria o primeiro telemóvel de uso comercial: o Dyna-Tac, um aparelho com 25 cm de comprimento, 7 cm de largura, com cerca de 1 kg de peso, capaz de memorizar 30 números e com autonomia para oito horas. Era um projeto de Martin Cooper.

De 1973 para cá, os anos não foram, na realidade, os mesmos que dita a nossa memória. Se pensarmos bem, 43 anos não é muito. Não são assim tantos anos para, de repente, o mundo caber nas nossas mãos. Em 43 anos, conseguimos passar do mundo físico e analógico para o mundo digital. Esse mundo que encurta a distância física e nos oferece todo um universo de possibilidades.

É bom lembrar o nosso cérebro que sabe fazer contas, que sabe encontrar o caminho até ao destino sem GPS e que ainda há telefone fixo

Hoje, os telefones móveis já pouco dão pelo nome de ‘telemóvel’ e já não têm teclas. São antes smartphones, aqueles onde inserimos as nossas fotos, os nossos vídeos, a nossa vida; e onde os consultamos num ecrã que é touchscreen.

E se tivéssemos de voltar atrás, vivendo apenas com um telefone fixo? Para a blogger Susana Meireles, esse regresso às origens traria claras vantagens, nem que fosse por pouco tempo, como refere: “Estamos, efetivamente, muito dependentes da Internet, da tecnologia. Precisamos dela para grande parte das nossas tarefas diárias, mas é bom lembrar o nosso cérebro que sabe fazer contas, que sabe encontrar o caminho até ao destino sem GPS e que ainda há telefone fixo. Consideremos uma experiência como esta, um restauro à nossa mente.”

Busy schedule #surf #waves #meeting

Uma foto publicada por Mar de Sal (@mardsal) a

Susana é autora do blog Mar de Sal, um projeto de surf e lifestyle e trabalha na área da Comunicação e Marketing Digital. Com um quotidiano ditado pelas novas tecnologias e pelas plataformas digitais, o afastamento do mundo online é sempre algo que se revela necessário e, mais tarde, frutífero.

Nas últimas férias, Susana Meireles procurava um lugar que lhe oferecesse essa pausa e que funcionasse, ao mesmo tempo, como um ‘reboot’. Encontrou-o na Arrifana. “Andava à procura de um lugar para passar as minhas férias na Arrifana e li uma notícia sobre a Offline Portugal. Foi empatia à primeira vista!”, explica.

O Offline Portugal é o primeiro projeto de Detox Digital em Portugal. Da autoria de Rita Pim e Bárbara Miranda, psicóloga e arquiteta, respetivamente, trata-se de um conceito simples: um espaço onde se convida ao pouco (ou, de preferência, nenhum) uso do telemóvel. Ao fazer o check-in, é feita uma pergunta: ‘Está pronto/a para ficar sem as suas tecnologias?’ Se responder que sim, deixa o telemóvel e tudo o que forem novas tecnologias, como iPad e computador, por exemplo, num cacifo e é-lhe entregue uma chave. A chave fica com o próprio, para o caso de ser preciso recorrer ao telemóvel.

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A ideia, no fundo, é promover o ‘detox digital’, de maneira a que se possa tirar mais partido de algo tão simples como o convívio social e a própria vida, como explica Rita Pim: “A marca Offline procura promover o detox digital e a moderação do uso do telemóvel e de todas as ferramentas que nos conectam à internet. Porque, nós próprios, também somos utilizadores e dependemos imenso destas ferramentas para divulgar o nosso conceito, mas é muito importante encontrar um equilíbrio. Ou seja, no fundo, o nosso objetivo é promover uma vida que já existe, com todos os eventos que já existem, mas sem estarem online. O que é importante divulgarmos é a ideia de que um grupo de pessoas pode estar reunido à volta da mesa, ou numa sala, ou simplesmente a conviver e que não necessita de tirar uma foto e de a colocar nas redes sociais para que todas as pessoas vejam e gostem. Nós queremos muito promover a ideia de que a nossa vida e os momentos que temos são importantes e acontecem, mesmo que nós não os coloquemos nas nossas redes sociais.”

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