O ‘sport sexy’ de Buchinho à conquista de Paris

O espaço YOYO, no Palais de Tokyo, em Paris, estava escuro, levemente iluminado por reflexos de água num jogo de luz amarelado. O hit de Nirvana ‘Smells Like a Teen Spirit’, numa versão mais lenta, ecoa na sala ainda antes de Maria Clara, a manequim portuguesa em ascensão no panorama da moda internacional, entrar com o primeiro coordenado. Era a vez de Luís Buchinho mostrar as propostas femininas para a primavera/verão 2017, naquele que é já o seu 20º desfile na capital francesa, no âmbito do Portugal Fashion.

A fazer 26 anos de carreira, o criador português confessa que é “sempre fantástico” cada vez que desfila naquela que ainda é considerada a capital mundial da moda. “Paris é uma cidade onde há desfiles incríveis, onde há cenários incríveis para fazer desfiles, castings extraordinários, onde se encontram as melhores manequins… e é uma cidade que em termos de moda funciona muito bem. Para uma coleção de assinatura, é o sítio onde estar, sem dúvida!”, conta à LuxWOMAN, minutos depois de ter acenado e agradecido ao público que aplaudiu as suas criações, esta segunda-feira na cidade-luz.

A nova coleção de Buchinho faz-se de assimetrias, tecidos técnicos plissados e enrugados, a preto e branco, vermelho e roxo, com detalhes em tons metálicos, contruída graficamente a partir do tema industrial. É do contato com objetos tridimensionais que diz surgirem as ideias para as suas coleções e, neste caso, a fonte foi um conjunto de fotografias dos anos 60. “Tenho umas fotografias que colecionei de máquinas de topografia […], a preto e branco, muito bonitas, que mostram as máquinas e as suas componentes de uma forma muito interessante”, explica-nos. Foi este o ponto de partida.

Em termos de conceito, Luís Buchinho apresentou looks que incorporam o que chamou de ‘sport sexy’, para uma mulher que gosta de um guarda-roupa transversal. O criador considera que “o verão hoje em dia precisa de roupas mais fáceis” e acredita que “as pessoas gostam de comprar peças um pouco transversais”. É por isso que a coleção aposta “em tecidos técnicos, já enrugados, muito fáceis de transportar, por exemplo, em malas”, para facilitar nas viagens que aumentam na estação quente. A ideia é que se possa usar aquele macacão amarrotado em tons de roxo (ver na galeria) com uns ténis ou flip flops ou, noutra ocasião, coordená-lo com uns saltos altos ou uns brincos statement. Versatilidade é a palavra-chave e, para Buchinho, esse é mesmo “um grande argumento de venda” nos dias que correm.

A sala YOYO, um espaço incontornável da noite parisiense, de atmosfera underground, paredes grafitadas e que respira arte, mesmo por baixo do emblemático Palais de Tokyo, o Museu de Arte Moderna de Paris, não foi, por isso, escolhido ao acaso. Nem a playlist com sonoridades mais metálicas ou o chão espelhado por onde desfilaram mais de 30 coordenados. “O Luís queria algo luminoso, que apelasse ao ambiente de fábrica, industrial”, explica à LuxWOMAN a dupla responsável pela direção criativa do desfile, Paulo Meixedo e Filipe Fangueiro, da Dsection Creative. Daí o jogo de luzes amareladas e vermelhas a quebrar a escuridão do espaço, a relembrar o ferro e o fogo.

Luís Buchinho encerra, assim, o calendário de desfiles internacionais do Portugal Fashion desta temporada, que levou, nas últimas semanas, outros criadores nacionais às semanas de moda de Nova Iorque, Londres e Milão. As suas silhuetas femininas easy-to-wear de inspiração industrial rumam agora até ao Porto para desfilarem na passerelle da 39ª edição do Portugal Fashion, que decorre de 12 a 15 de outubro.

Primeiro look de @luisbuchinho – desfile de primavera/verão 2017, no Palais de Tokyo, em Paris #LuxWOMAN #moda #parisfashionweek #paris?? #portugalfashion

Um vídeo publicado por LuxWOMAN (@luxwoman_pt) a Out 3, 2016 às 8:58 PDT