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Doença Venosa Crónica: um inimigo silencioso

As mulheres conhecem-na bem, ou não fosse a sua incidência maior entre o sexo feminino. E ainda que o seu nome possa não ser conhecido por todas, já os seus principais sinais e sintomas – como a dor, a sensação de pernas pesadas e cansadas e o inchaço nas pernas e pés – dispensam apresentações. Falamos da Doença Venosa Crónica, mais conhecida pelas varizes que provoca, um problema que parece ser de família.

O principal fator de risco para o desenvolvimento de doença venosa é o fator hereditário”, confirma Joana de Carvalho, médica especialista em cirurgia vascular. “Assim, qualquer pessoa com familiares diretos com varizes poderá ter um risco acrescido para a doença”, acrescenta a especialista.

Joana de Carvalho, médica especialista em cirurgia vascular

Joana de Carvalho, médica especialista em cirurgia vascular

E se é um facto que pouco podemos fazer em relação à genética, a verdade é que existem medidas a serem adotadas para reduzir a incidência desta doença. A lista de fatores que podem ser alterados para diminuir o risco de varizes não é longa, mas, de acordo com a médica, pode fazer a diferença. A começar pela manutenção “de um estilo de vida saudável, incluindo a prática regular de exercício”, que vai, explica Joana de Carvalho, “estimular o efeito de bomba muscular, um auxílio crucial à drenagem das pernas. Exercícios que implicam movimentos cíclicos nas pernas como caminhada, bicicleta ou treino em elíptica são particularmente indicados”.

A estas medidas, junta-se a manutenção de um peso adequado, “porque o excesso de peso, principalmente o aumento do perímetro abdominal, leva a um aumento da pressão intra-abdominal, dificultando o retorno venoso e agravando toda a sintomatologia característica da Doença Venosa Crónica”.

Mas há mais. As profissões que obrigam a longos períodos em pé, como cabeleireiro, operários fabris, profissionais de hotelaria ou, mais especificamente, de cozinha, são aquelas mais castigadas por esta doença, por ser uma posição que, segundo a médica, “conduz a um aumento da pressão venosa na região mais inferior das pernas que, pela dificuldade de drenagem que esta posição de forma prolongada impõe, pode provocar uma sintomatologia mais exacerbada”.

E se estar muito tempo em pé é mau, estar demasiadamente sentado não é melhor, sendo o risco também acrescido para aqueles que trabalham nesta posição. “Não podemos deixar de referir o impacto da pandemia e a adoção do teletrabalho por parte de tantas empresas e que ainda se mantém entre muitas. A interrupção das rotinas diárias, com maior sedentarismo, também aumentou a sintomatologia da doença”, que pode ainda surgir com mais frequência durante a gravidez. A boa notícia é que estas varizes, conhecidas como varizes gestacionais, “na maioria das vezes melhoram ou regridem completamente após o parto”.

Controlar a Doença Venosa Crónica?

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As primeiras queixas de Doença Venosa Crónica passam muitas vezes pela sensação de pernas pesadas e inchadas e pela dor nas pernas ao final do dia. No entanto, é importante não esquecer que esta é uma patologia que tende a evoluir ao longo do tempo. O que significa que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico e tratamento, menos complicações vão surgir. “Mesmo quando as varizes ainda não provocam nenhum dos sintomas característicos (dor, sensação de peso ou cansaço, inchaço), as complicações podem ocorrer. Referimo-nos a alterações da pele que pode ficar manchada (de cor acastanhada) ou alterada em textura tornando-se endurecida (lipodermatosclerose). Pode também ocorrer eczema, provocando prurido que pode ser mais ou menos intenso e fragilização da pele. Mas, sem dúvida, as complicações mais temidas são os eventos tromboembólicos – a ocorrência de tromboses venosas superficiais ou profundas que surgem sem “aviso prévio”, alerta a médica.

Além da prevenção, há também tratamento, que varia consoante a gravidade da doença, os sintomas ou as características de quem vive com este problema. “Em alguns casos, tudo o que se impõe é a alteração do estilo de vida, com eventual uso de meia elástica e prescrição de medicamentos venoativos (fármacos que atuam na parede das veias, diminuindo o seu estado inflamatório, ajudando a aliviar sintomas e diminuindo o risco de complicações)”, explica Joana de Carvalho.

Há, no entanto, situações em que a intervenção tem de ser outra, “atuando diretamente na eliminação das veias doentes. Felizmente, tal é conseguido de forma cada vez menos invasiva, permitindo resultados eficazes, com tempos de recuperação praticamente inexistentes e um retorno à atividade diária habitual quase imediato. Falo de métodos que permitem a eliminação destas veias doentes com laser, radiofrequência ou agentes químicos dedicados ao efeito”.

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