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Entrevista: Marta Hugon

Aos 48 anos Marta Hugon lança o seu primeiro álbum em português. Coração na Boca é o nome do disco – o 5.º da sua coletânea -, que, tal como gosta, apresenta-se mais próximo do registo acústico. E como “em palco o coração está sempre na boca e as emoções à flor da pele… quis escrever e cantar sobre isso”.

Como e quando é que a música entrou na sua vida?

A música esteve lá sempre. Acho que estava sempre a cantar, mesmo antes de falar, que é o que no fundo fazem todas as crianças antes de serem inibidas pelo meio social e escolar. Comecei com a primeira banda aos 21 anos e eram todos músicos de jazz com ligações à clássica. Comecei por cantar standards, depois fui procurar professores de técnica vocal e acabei por ir parar à escola do Hot Clube de Portugal, onde conheci as pessoas com quem vim a trabalhar no primeiro disco e nos discos que se seguiram.

O Jazz foi sempre o seu género musical de eleição?

O jazz é uma música muito viciante e desafiante e por isso volto sempre a ele. Mas oiço de tudo. Clássica, Portuguesa, Fado, MPB, Pop, Hip Hop. O gosto musical constrói-se nessa diversidade e acho que aquilo que somos é composto por todas as músicas que ouvimos, que filtramos e que se fundem na nossa imaginação para criar coisas novas.

A sua paixão pelo Jazz vai além da interpretação, também leciona. Ainda dá aulas no Hot Clube? Passar este testemunho também é uma paixão?

Neste momento dou poucas aulas. Gosto de ensinar e é me fácil empatizar com as dificuldades dos alunos – as suas fragilidades e as suas forças. Dá-me muito gozo fazer parte desse processo que é muito exigente física e emocionalmente.

Como é o mercado do Jazz em Portugal?

É como o mercado da música em geral – vendem-se menos discos mas há uma maior valorização dos espetáculos, a indústria das grandes editoras está em mudança e a entrar em todas as fases de negócio, as pequenas editoras continuam a fazer o seu percurso com dificuldade e os músicos estão a tomar cada vez mais as rédeas da difusão do seu trabalho online. Como em todos os mercados, o novo fica velho num instante.

Coração na Boca é o seu último álbum. O que nos traz desta vez?

Um disco emocional, fruto de uma grande mudança interior. O meu primeiro disco escrito e cantado exclusivamente em português, com muitos convidados maravilhosos, como a Sara Tavares, a Joana Espadinha, o Mário Laginha, José Eduardo Agualusa ou o Filipe Melo, que ajudaram a fazer bater este coração mais depressa.

Como disse, é o seu primeiro álbum em português. A que se deve?

Ao facto de ter começado a escrever letras em português e a perceber que a voz pedia que o fizesse e que o próprio público reagia calorosamente a essa mudança. Foi uma decisão muito natural.

Além de ser em português, o que mais o diferencia dos anteriores?

Uma nova sonoridade, por ter uma formação diferente, com guitarra, violoncelo, contrabaixo e bateria. De certa forma, também uma nova voz. E a produção, composição e arranjos de um músico extraordinário que é o Luis Figueiredo.

Coração na Boca, porquê?

Porque quis fazer um disco mais próximo do registo acústico e daquilo que é a minha paixão, que é cantar ao vivo. Em palco, o coração está sempre na boca e as emoções à flor da pele. Quis escrever e cantar sobre isso.

Tudo Pode Acontecer foi o primeiro single extraído deste quinto disco. Porquê a escolha deste tema para primeiro single e como tem sido o feedback?

Foi o primeiro tema a nascer e fiz a letra para uma música que o Luis Figueiredo compôs. Tudo Pode Acontecer fala sobre a inocência da descoberta, do prazer de começar outra vez, de uma certa inocência e também do risco que é viver, fazer música, abrir novos caminhos. Na música como na vida.

A par com os seus trabalhos individuais, tem também um projeto com a Joana Machado e a Mariana Norton, intitulado “Elas e o Jazz”. Fale-me um pouco deste projeto.

É um projeto que cumpre todos os requisitos para a felicidade de um músico – estou sempre a aprender, divirto-me muito e temos tocado por todo o país. Todas vimos do jazz e criámos uma grande cumplicidade em palco e fora dele, que nos permite fazer coisas que não faríamos nos nossos projetos individuais. Elas vieram para ficar.

Próximos concertos

23 de outubro Centro Cultural de Belém (Com Elas e o Jazz)

31 de outubro Casino da Póvoa (Com Elas e o Jazz)

14 de novembro Hot Clube de Portugal (Coração na Boca)

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