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Legislativas no feminino: Catarina Martins

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Portugal vai a votos no próximo dia 4 de outubro, dia de eleições legislativas. Por isso, a LuxWOMAN falou com cinco candidatas a deputadas para saber as suas posições e a dos seus partidos políticos.

O que une e o que separa os partidos representados na Assembleia da República? Enviámos a Catarina Martins, Isabel Moreira, Maria Luís Albuquerque, Rita Rato e Teresa Caeiro um questionário com as mesmas 25 perguntas. Durante esta semana, deixamos-lhe as respostas, uma candidata por dia. Começamos com a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.

Há mais para ler sobre elas na LuxWOMAN de outubro, que já está nas bancas.

1. O que é a política para si?

Uma forma de cidadania.

2. Como é que chegou à carreira política?

Não sei bem o que é isso da carreira política. Quando penso na minha atividade [profissional] vejo-me sempre a escrever, dirigir e interpretar teatro. A política profissional é uma etapa. De resto, acho que foi no teatro que comecei a fazer política. Ter uma companhia de teatro, que faz trabalhos sobre a realidade do país ou duma geração, que leva à cena textos dos grandes escritores que questionam o mundo, é uma forma de fazer política. Como é levar espetáculos às aldeias do País, trabalhar com crianças nas escolas dos bairros periféricos das cidades, fazer arte com quem nunca viu uma peça ou, tantas vezes, nem ler sabe. Tudo isto são formas de fazer política e também de conhecer o país, tanto no que temos de melhor como nas imensas dificuldades que afetam tanta gente.

3. Quer ser deputada para…

Poder mudar, para melhor, a vida das pessoas.

4. Está neste partido porque…

Porque é o partido que luta por uma sociedade mais justa. Que não se resigna com as desigualdades de rendimento nem com as discriminações de qualquer tipo. Um partido que olha para o futuro como o lugar a construir, onde solidariedade e ecologia são a chave. E porque é um partido que faz a diferença no concreto da vida das pessoas; no direito à interrupção voluntária da gravidez, na transformação da violência doméstica em crime público, na aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo, no recurso ao Tribunal Constitucional para que os subsídios de férias e de Natal fossem repostos, e em tantas outras lutas, o trabalho do Bloco de Esquerda tornou a mudança possível.

5. Como vê as iniciativas dos cidadãos independentes e os novos partidos que apareceram nos últimos tempos?

A maioria tem pouco de novo e ainda menos de independente. É pena. Mesmo.

Não podemos dizer-nos preocupados com a emigração forçada e depois condenar as gerações mais novas a um presente onde não veem qualquer futuro. Vínculos precários, vidas adiadas.

6. Ser de esquerda é…?

Igualdade, liberdade, fraternidade. Somos todos filhos das três cores da revolução francesa.

7. Ser de direita é…?

Olhar mais para os números do que para as condições reais em que vivem (e como vivem) as pessoas.

8. Ainda fazem sentido estas distinções?

Cuidado com quem nos tenta avisar que esquerda e direita já não fazem sentido. Entre 1987 e 2013, os rendimentos do capital cresceram três vezes mais do que a economia. O resultado? A riqueza disponível, hoje, está mais concentrada do que no pico do capitalismo selvagem. Daí o crescente recurso ao crédito. Com os resultados que, infelizmente, conhecemos. Esquerda e direita? Nunca foi tão atual.

9. Conseguia viver só com o salário mínimo nacional? Como faria?

Não sei se conseguiria e, pela mesma razão, não sei como faria para o conseguir. Vivi um ano de grande dificuldade, em que recebi o equivalente ao salário mínimo, mas não tinha ainda filhas e contei com a ajuda dos meus pais. De uma coisa tenho a certeza: não é aceitável esperar que alguém seja capaz de abdicar de quase tudo, e essa é a que me parece mesmo a melhor razão para ter de aumentar o salário mínimo.

10. Conseguia viver com um salário de mil euros? Como faria?

A vida de artista independente não é fácil. Já vivi com isso, e até menos, anos e anos a fio.

11. Como vê os estágios não remunerados?

Estágios não remunerados, legalmente, só podem ser os estágios curriculares e são uma prática comum em muitas licenciaturas, fazendo parte integrante do processo de formação desses estudantes. Quando um empregador não paga um estágio, está a ir contra a lei. Coisa distinta são os estágios profissionais, remunerados pelo Estado.

Seis em cada dez postos de trabalho ocupados, criados nos últimos dois anos, são estágios. Hoje, há seis vezes mais estagiários do que há quatro anos. Os estágios deixaram de ser uma forma de requalificar setores produtivos, ou setores sociais ou etários, para se tornarem uma fonte de diminuição salarial (quem contrata e paga quando o Estado lhe paga os trabalhadores?) e incentivo a uma ainda maior precariedade laboral.

12. É preciso legislar a proteção dos recibos verdes?

Evidentemente. Nove em cada dez postos de trabalho criados nas últimas duas décadas são precários. Não podemos dizer-nos preocupados com a emigração forçada e depois condenar as gerações mais novas a um presente onde não veem qualquer futuro. Vínculos precários, vidas adiadas.

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